Vestimentas marajoaras: dedicação e ancestralidade de artesãs do Marajó
A camisas marajoaras estão em alta, com a aproximação da COP-30 a demanda aumenta e as artesãs paraenses se prepara para o aumento do movimento
Há cerca de um ano a moda marajoara ganhou holofotes internacionais. Depois que o Governador Helder Barbalho passou a usar as vestimentas vindo do Marajó, a demanda aumentou e o público passou a ir em busca de camisas tipicamente paraense.
Madson Santos, conhecido como o Embaixador do Marajó nas redes sociais, compartilha sempre a cultura e histórias marajoaras, ele explica que existem dois tipos de vestimentas tradicionais, uma iniciada com os vaqueiros e outra com o padre Giovanni Gallo, que foi responsável também por criar o Museu do Marajó.
“A camisa tradicional marajoara, a do vaqueiro do Marajó, ela é branca com o galão branco, ela imita o grafismo marajoara e tem como detalhes a nervura que é feita com uma agulha específica, em um trabalho totalmente artesanal”, explica Madson.
“Ela surgiu com a ideia das mulheres dos vaqueiros que pegavam as sacas que vinham dos açúcares e além dos lençóis, começaram a confeccionar as camisas mangas compridas dos vaqueiros para que eles fossem para o campo. Elas começaram a bordar o grafismo marajoara nas peças com uma fita chamada de galão, que é um tipo de fitilho. Os fazendeiros viram e resolveram fazer para eles”, acrescenta.
Porém, Madson conta ainda que existe outro tipo de bordado, o ponto cruz, que utiliza fios para realizar pontos em formato de “X”.
“Recentemente, esse outro modelo surgiu com o com o padre Giovanni Gallo, que começou a repassar para as costureiras e bordadeiras de Cachoeira do Arari o bordado ponto cruz”, conta.
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Os dois modelos são bastante usados no Marajó, principalmente em exposições e feiras agropecuárias, mas agora ganhou o status de alta costura e com a chegada da 30ª Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP-30), Belém, em novembro de 2025, a demanda já tem aumentado.
“Desde novembro de 2023 estamos atuando em Soure para melhorar a produção da confecção, aí incluída a camisa tradicional do vaqueiro marajoara. Tivemos as capacitações técnicas com cursos de costureiro industrial, alfaiataria, focado em camisaria e o de bordado marajoara. Em paralelo a isso, realizamos as capacitações de gestão do negócio, incluindo empreendedorismo, formação de preço e mídias digitais”, explicou Selma Sousa, Analista de Negócios do Sebrae e coordenadora da criação do Polo de Moda do Marajó.
Após a conclusão dessa primeira etapa com as profissionais de Soure, no Marajó, as atividades vão ocorrer agora em Cachoeira do Arari, já em agosto.
“Realizamos também dois desfiles, um em Soure e outro em Belém, para mostrar o resultado das ações, além de ser o lançamento da primeira coleção Cápsula Marajós. Participaram ao todo 10 marcas, depois disso a procura ficou muito acima do esperado. As marcas já refizeram a coleção mais de três vezes. A compra dos bordados de produtoras de Soure e de Cachoeira do Arari também teve grande procura”, finaliza Selma Sousa.
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