Ioepa lança livro que resgata vida e legado do professor paraense Paulo Watrin
Relatos de ex-alunos, professores, familiares e amigos que tiveram suas vidas tocadas, influenciadas e mudadas por historiador fazem parte de obra "Porra, Moleque - Tributo a Paulo Watrin”, lançado na 26ª Feira do Livro e das Multivozes

Um homem que viveu até o fim da vida sem abrir mãos de seus princípios, humanista, professor e que deixou um legado de amor ao próximo sem distinção de cor, credo, raça, sexo ou gênero. Assim se pode definir o historiador, amigo, pai, anjo e libertário paraense Paulo Watrin. As histórias e a existência de Watrin são contadas em depoimentos de familiares, alunos, professores e amigos a Agenor Pacheco no livro "Porra, Moleque - Tributo a Paulo Watrin". A obra foi lançada nesta segunda-feira (11), às 19h no estande da Imprensa Oficial do Estado do Estado do Pará (Iopea), na 26ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, com a presença de ex-alunos, familiares e amigos do biografado. A obra foi editada e impressa pela Editora Pública Dalcídio Jurandir, da Ioepa.
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Segundo Agenor Sarraf Pacheco, que organizou a obra, "Porra, Moleque” é uma homenagem do Programa de Pós-Graduação em História Social (PPHIST), pertencente ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), da Faculdade de História, da Universidade Federal do Pará (UFPA) ao professor e militante de direitos sociais, Paulo Watrin. A história apresenta uma coletânea de textos da história de Watrin, sua trajetória de vida e momentos históricos.
“Organizar esse livro foi uma das experiências mais espirituais, intimistas, mais emocionantes que como alguém que organiza um livro. Tenho experiência com livros acadêmicos e pesquisas, mas esse é um livro afetivo, um mosaico de memórias e afetos de um homem que marcou vidas e deixou um legado de humanismo, de sabedoria, de partilha”, afirmou Agenor Pacheco.
O título da obra faz referência à forma como Paulo Watrin reagia diante das situações da vida e tratava/cumprimentava amigos e pessoas de sua convivência. “Watrin falava ‘porra, moleque’ com carinho, raiva, decepção, admiração, revolta... Enfim, era sua forma de expressão diante da vida”, informou Pacheco.
Segundo o organizador da obra, Paulo Watrin foi um ser humano que desde a infância lutou por aquilo que acreditava; lutou pela liberdade plena do ser humano, sem distinção de sexo, raça ou classe social.
“Ele amava as pessoas. Watrin construiu uma rede solidária de ajuda às pessoas que ia da depressão ao câncer; da dificuldade estudantil à dificuldade econômica. Quando eu o conheci em 1998, ele foi ministrar um curso no Marajó, mas a fama dele chegou antes e as pessoas diziam que quando o conhecêssemos Watrin marcaria a nossa história. Isso é verdade. Ficamos amigos desde que ele se tornou meu professor, participamos de muitos projetos juntos e usufrui de sua bondade e preocupação com as questões sociais até os últimos dias dele na Terra”, relatou um emocionado Agenor Sarraf.
GENEROSO E REVOLUCIONÁRIO
Segundo o organizador, Agenor Pacheco, professor de história da Universidade Federal do Pará (UFPA), a obra conta com memória de familiares, amigos, professores e alunos que conviveram com o professor Paulo para trazerem quem ele era do ponto de vista humano e profissional.
“Nesse tributo, uma grande lição que fica é como que você, como professor, pode ser muito mais que professor, pode ser alguém que contribui do ponto de vista prático para melhorar a vida em sociedade”, explicou o organizador. E finalizou: “Ele passou por essa Terra deixando uma marca indelével em todos que o conheceram e agora se imortalizou com a publicação dessa obra que mostra as várias facetas de um homem que se preocupava com o bem-estar do outro e com a melhoria da sociedade.”
Um dos depoimentos mais emocionantes relatados no livro – que reúne 26 relatos - é de uma das filhas de Watrin. Ela relembra como foi crescer com um pai que dava liberdade para ela e a apresentou à magia e à verdade do mundo. Há muitos outros relatos que revelam as várias facetas de Watrin, mas em todos eles se destaca o principal traço da personalidade do retratado: a generosidade e a luta pela igualdade social.
INFLUENCIADOR
O presidente da Ioepa, Jorge Panzera, destacou a parceria com a UFPA como espaço de produção de conhecimento e produção científica para quem pensa a Amazônia e o Estado do Pará e, no caso de "Porra, Moleque - Tributo a Paulo Watrin" fazer uma homenagem a um professor que marcou uma geração. “Como professor, ele ajudou a formar um conjunto de jovens, de pessoas, de professores com um olhar abrangente para a História, seja no ensino médio, seja na universidade. Essa homenagem ao professor Watrin é um tributo a quem trabalha com a história que é fundamental, porque se você não conta a história de um país, da humanidade, a gente perde a perspectiva de futuro porque a gente deixa de aprender com nosso passado”, opinou Panzera.
Moisés Alves, coordenador da Editora Dalcídio Jurandir, da Ioepa, destacou que resgatar a história de Watrin é importante porque ele é um personagem que atuou na academia, mas influenciou e tocou a vida de muitas pessoas. “Ele se preocupava com a Sociedade; era uma pessoa com um grande senso de humanidade; ele estabelecia relações muito humanas de ajuda e cooperação com os outros. Uma pessoa muito amada na universidade, na academia e fora dela. Para nós foi uma satisfação poder ter a oportunidade de fazer essa parceria e poder levar ao público a história de Paulo Watrin”, afirmou Moisés Alves.
QUEM FOI PAULO WATRIN
Licenciado em História pela Universidade Federal do Pará (UFPA), com mestrado em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (SP) e doutorado em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, foi professor da Faculdade de História da UFPA. Atuou em diversas lutas sociais e teve um grande engajamento político e social.
Serviço
O livro "Porra, Moleque - Tributo a Paulo Watrin", organizado por Agenor Sarraf Pacheco está à venda (R$ 20) no estande da Ioepa, na 26ª Feira do Livro e das Multivozes, no Hangar Feiras e Convenções da Amazônia.
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