Um PM é morto por semana no Pará
Saiba quem são os agentes de segurança mortos no Estado em 2019
O número de policiais militares assassinados em 2019 chegou a 21 com o atentado desta terça-feira (21) contra o cabo Livaldo dos Santos Rêgo, em Abaetetuba. Em uma proporção, o número significa quatro PMs mortos por mês no Estado, ou seja, um por semana. Além dos policiais militares, um guarda municipal também foi assassinado esse ano. Ao todo, são 22 agentes de segurança mortos em 2019 no Pará. De todos os casos, apenas um estava a serviço quando foi morto fardado, a caminho do trabalho, no bairro do Tenoné, no último dia 16. Fizemos uma lista reunindo todas as mortes de agentes de segurança ocorridas até agora, em ordem de acontecimentos. Confira:
O sargento da reserva Orcimar de Oliveira Castro, de 54 anos, foi morto a tiros no bairro do Curuçambá, em Ananindeua. Ele foi o primeiro agente de segurança pública morto em 2019 no Pará. Orcimar estaria fazendo a escolta particular de uma empresa de cosméticos quando foi surpreendido em um assalto.
Um soldado da Polícia Militar foi morto a tiros na noite do dia 05 de janeiro, no bairro da Cabanagem. Judá Wilkens da Costa Diniz estava no carro quando foi surpreendido por dois criminosos. Os suspeitos, estavam de moto, atiraram várias vezes contra a vítima. Informações apontam que o PM chegou a trocar tiros com os bandidos, que acabaram feridos e buscaram atendimento médico no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua.
O crime que resultou na morte do policial reformado Jessé Medina da Cruz, conhecido como “Jacundá”, aconteceu na manhã de um domingo, 06 de janeiro, em Marabá. Ele foi morto com mais de 10 tiros quando jogava bilhar em um bar da cidade.
O sargento da Polícia Militar José Nazareno Barbosa Feio morreu carbonizado durante um incêndio em sua casa, na Cidade Nova, em Ananindeua. Apesar de inicialmente parecer um acidente, as investigações apontam que, na verdade, o policial foi vítima de um latrocínio, que é o roubo seguido de assassinato, já que ele também apresentava uma perfuração de arma de fogo. O incêndio, segundo o Corpo de Bombeiros, também pode ter sido criminoso. Informações sobre a investigação podem ser encontradas aqui.
Max Pedro da Silva Ferreira, sargento da PM de 48 anos, foi morto em frente a um mercadinho em Mosqueiro. O crime ocorreu dia 10 de janeiro, por volta das 17h30. Testemunhas relataram que os criminosos abordaram o policial, roubaram a arma dele e atiraram pelo menos duas vezes. Baleado na cabeça, o militar foi socorrido e encaminhado para o hospital de Mosqueiro, mas acabou morrendo antes de ser transferido para o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE).
O policial militar da reserva Antônio Avelino Ferreira foi morto a tiros por volta das 18h do dia 11 de janeiro, no bairro Conjunto Sideral. A vítima foi morta atrás de uma mesa de bilhar por um homem que pilotava uma motocicleta branca e efetuou os disparos.
No dia 14, a vítima foi o subtenente da reserva remunerada da PM, Ivo Afonso Souza da Silva, de 55 anos. Ele foi assassinado a tiros no pátio de sua própria casa, localizada no bairro da Pedreira. Os assassinos chegaram no local em um veículo prata, modelo Prisma, e dispararam várias vezes contra a vítima. Após cometerem o crime, os criminosos fugiram.
O soldado da PM Alan Maxwell Florêncio de Souza, de 29 anos, foi encontrado morto no município de Santo Antônio do Tauá às margens da PA-140. Populares avistaram um corpo e acionaram os serviços de segurança que, ao chegarem ao local, constataram, por meio da identidade funcional, que o corpo abandonado era do soldado, há cinco anos na corporação. O corpo teria sido jogado de dentro de um veículo modelo Fox. Os policiais entraram em contato com militares, que realizaram um bloqueio na PA-140 próximo à rodovia BR 316. Durante a ação, os policiais localizaram e passaram a acompanhar um veículo com as características informadas na denúncia. Na abordagem, os militares foram recebidos por disparos de armas de fogo, por três homens que estavam no carro. No confronto, dois foram atingidos e morreram no local e um fugiu para uma área de mata.
O policial Nilton Sandro de Azevedo foi morto a tiros durante uma briga em Salinas. O cabo estava bebendo na sua casa quando, incomodado pelo som alto que vinha do outro lado da rua, decidiu tomar satisfações com o vizinho, Fredson Farias da Luz. Os dois se desentenderam e, no meio da discussão, o policial sacou a arma e efetuou disparos na direção de Fredson. Este, porém, momentos depois, surpreendeu o cabo atacando-o pelas costas e tomando a sua arma, com a qual atirou no militar. Atingido por dois disparos, o cabo Sandro não resistiu aos ferimentos e morreu.
O subtenente Alderson Santos das Chagas, 50 anos, foi assassinado no dia 05 de fevereiro, após ser atingido com dois disparos de arma de fogo na região do abdômen. Os supostos autores do crime foram alvejados e mortos por policiais logo em seguida. Na hora do crime, o militar estava saindo de sua residência, no bairro Distrito Industrial, quando foi surpreendido por dois homens em uma bicicleta, que realizaram os disparos. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.
Um agente da Guarda Municipal foi assassinado a tiros dentro da própria casa, no bairro do Curuçambá. Segundo informações da Polícia Civil, Marcley Rosário de Souza, 38 anos, era guarda municipal de Belém há seis anos e foi morto por homens encapuzados que invadiram o imóvel e o mataram na frente de familiares.
O policial militar Sidney João Lima da Costa, aposentado há 15 anos, foi morto na Estrada do Japonês ao ser alvejado por atiradores. A Polícia Civil confirmou que o PM era sócio de um depósito de bebidas no Icuí-Guajará e atuava como agiota, o que pode ter motivado o crime. Além disso, Sidney teria envolvimento com tráfico de drogas.
Segundo informações da Polícia Civil, o PM Valdenilson Rodrigues da Silva teria chegado a um lote de terras na zona rural de Senador José Porfírio, junto com outros homens armados e encapuzados, e efetuado disparos em direção às casas existentes no lote. Foi quando uma pessoa ainda não identificada e que estava em uma casa no local teria revidado aos disparos e atingido Valdenilson da Silva no rosto. Quatro pessoas foram baleadas.
O sargento Milton Lobato Mendonça da Silva, de 49 anos, estava de folga no momento em que foi morto. Ele estava na rua Solimões, centro de Vigia de Nazaré, quando dois homens em uma moto se aproximaram. O carona sacou da arma e disparou em direção ao policial.
Um policial militar reformado identificado como soldado Antônio Nepomuceno foi assassinado a tiros na noite do dia 27 de abril no bairro da Sacramenta. Segundo informações, o soldado trafegava de motocicleta quando dois homens se aproximaram em um carro e efetuaram vários disparos. A vítima caiu do veículo e morreu em seguida. Nenhum objeto foi levado pelos acusados. Testemunhas relataram que os criminosos seguiram o policial por vários metros antes da emboscada. Nepomuceno estava a caminho de sua residência quando foi executado.
O Sargento da Reserva Albino Carlos da Silva Souza, de 52 anos, foi morto a tiros dentro do Mercantil Brasilia, em Outeiro. A vítima foi atingida por seis tiros. Uma das suspeitas é que criminosos tenham entrado para assaltar o local e reconheceram o policial, que já estava na reserva e não estava armado. A vítima era moradora da área e era conhecida pelo apelido "Bigode". Quando ainda estava em exercício, ele atuava na cavalaria da PM.
Um policial militar reformado foi morto a tiros na noite de quinta-feira, 09 de maio, no bairro do Jurunas. Identificado apenas pelo prenome Aldemir, ele trabalhava como segurança particular de um mercadinho e estava saindo do local quando foi atingido pelos disparos. Os criminosos desembarcaram de um carro branco e atiraram várias vezes contra a vítima, que morreu na hora. De acordo com o tenente que estava à frente da guarnição que atendeu a ocorrência, nada foi subtraído do policial reformado.
O sargento Josivaldo Andrade da Silva, da Polícia Militar, morreu após ter sido baleado em Outeiro. Ele estava perto de sua residência quando foi alvo de uma emboscada, em uma área conhecida como Tucumaeira. De acordo com a assessoria da PM, homens armados se aproximaram da residência do policial e efetuaram vários tiros contra ele, que foi atingido por sete disparos. Ele ainda foi socorrido, mas morreu na Unidade de Saúde de Outeiro.
Esse foi o único caso, até o momento, em 2019, que um policial militar foi morto fardado. O sargento da Polícia Militar Luís Nazaré Pereira da Silva, 46 anos, foi morto a caminho do trabalho, no bairro do Tenoné, onde morava. O crime aconteceu às 7h20 e suspeitos foram presos e/ou mortos em confronto dias depois.
No mesmo dia em que o sargento Luís morreu, o cabo da reserva remunerada José Aristilde de Sousa Gomes, 60 anos, foi assassinado em Benevides. O militar estava passarinhando na área quando foi abordado por um homem que portava uma arma caseira. Eles entraram em luta corporal e, segundo relatos, o suspeito conseguiu tomar a arma do policial, atingindo o militar com três disparos. A vítima morreu no local e o criminoso levou a motocicleta e a arma do cabo. Logo em seguida, o assassino foi encontrado numa área de mata. Ele, segundo a versão da polícia, teria trocado tiros com os policiais, foi atingido e levado para unidade de atendimento médico de Benevides, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
O cabo da Polícia Militar John Ranison Castro Silva havia desaparecido desde o último domingo (19) e teve seu corpo reconhecido por familiares no começo da tarde desta terça-feira (21), no Instituto Médico Legal (IML). Segundo os parentes, ele foi vítima de uma emboscada e assassinado.
O caso mais recente foi nesta manhã, quando o cabo Livaldo dos Santos Rêgo, de 49 anos, foi baleado e morto em Abaetetuba. De acordo com a assessoria da Polícia Militar, o PM estava de folga e se preparava para sair de casa com a esposa, que não foi atingida. Os assassinos fugiram do local sem levar o armamento da vítima, o que caracteriza uma execução.
MORTES DE CIDADÃOS EM DECORRÊNCIA DE INTERVENÇÕES DE AGENTES DE SEGURANÇA
O Pará está entre os estados brasileiros que mais registraram vitimização policial (morte de policiais) e letalidade policial (morte de cidadãos em decorrência de intervenções dos agentes de segurança) entre os anos de 2013 e 2017. De acordo com um levantamento divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), do Rio de Janeiro, foram registradas 1.166 mortes em decorrência de intervenção e 154 mortes de agentes de segurança no Estado no período citado. A Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV aponta que há uma correlação proporcional entre as duas situações de ocorrências. Segundo o estudo, o volume de mortes provocadas pelas intervenções, de certa forma, influencia no número de mortes de policiais ou vice-versa. Veja o levantamento na íntegra.
Com base nessa análise e considerando que, até o momento, o Estado já confirmou 21 mortes de agentes de segurança pública em 2019, questionamos a Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social do Pará (Segup) sobre o número de letalidade policial (morte de cidadãos em decorrência de intervenções dos agentes de segurança) registradas em 2019 no Estado. Até o momento, não tivemos retorno do órgão.
Os dados de 2017, segundo aponta a FGV, estudo mais recente até então divulgado, o Pará foi o quarto que mais contabilizou mortes devido ações policiais, com 388 ocorrências, ficando atrás do RJ (1.127), São Paulo (940) e Bahia (668). Já no ranking de mais policiais assassinados, o Estado ficou em terceiro lugar em 2017, com 37 ocorrências.
NÚMEROS - 2017
Estados que mais contabilizaram mortes devido a ações policiais
1º Rio de Janeiro (1.127)
2º São Paulo (940)
3º Bahia (668)
4º Pará (388)
5º Paraná (365)
Estados que mais contabilizaram policiais mortos
1º Rio de Janeiro (104)
2º São Paulo (60)
3º Pará (37)
4º Ceará (25)
5º Pernambuco (24)
De 2013 a 2017
Pará
1.166 letalidade policial
154 vitimização policia
ESTUDO
O estudo da FGV foi feito a partir do DataCrime, ferramenta de interpretação guiada por dados de segurança pública do Brasil, congregando estatísticas sobre violência, efetivo e cárcere nos estados brasileiros. Neste caso, foram utilizados números oficiais declarados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública (ABSP), que indicam que quando há um aumento da letalidade policial também é observado um aumento da vitimização policial.
A correlação foi verificada tanto para policiais em serviço como fora dele. Apesar de estar presente nos dois casos, a análise observou que essa correlação é mais alta quando consideradas as mortes de policiais em momentos de folga. A equipe responsável pelo estudo também afirmou que, durante a atuação policial, há um maior número de vítimas, inclusive entre os membros da corporação.
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