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‘Brasil não tem dois minutos de munição para uma guerra’, diz doutor em Relações Internacionais

Durante entrevista ao Grupo Liberal, Mário Tito Almeida fez uma análise sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia e como o embate afeta diretamente o Brasil

Maiza Santos

O conflito latente entre Rússia e Ucrânia está deixando o mundo todo em alerta, e o Brasil também sofrerá as consequências do embate. Apesar de toda a tensão estar concentrada no continente europeu, as alianças com outras potências, questões de domínio territorial, política externa, diplomáticas e, principalmente, econômicas irão atingir outros países.  

Em entrevista ao Grupo Liberal, o professor doutor em relações internacionais da Unama, Mário Tito Almeida, comentou sobre a possível guerra e apontou como isso também afeta o Brasil. Entre os principais pontos discutidos, ele afirma que o país não possui estruturas para participar de um combate.

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“O Brasil não tem dois minutos de munição para fazer uma guerra. Não possui armamentos. No segundo minuto, acabou a munição. Então se o país fosse participar de uma guerra, nessas perspectivas, seria para passar vergonha. Ele já está passando vergonha diplomática há três anos. Passar vergonha militar é a pior coisa que pode acontecer”, aponta o doutor.

Mario Tito também fez uma comparação entre o Brasil e outros países da América do Sul. “Do ponto de vista diplomático, a Argentina está melhor do que o Brasil. E do ponto de vista militar, a Venezuela está melhor do que o Brasil. Então veja a que ponto nós chegamos”, declara.

Crise na economia brasileira e global

De acordo com Mário Tito, os brasileiros serão muito afetados economicamente pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, principalmente o valor do combustível e alimentos industrializados. A possivel guerra, ainda que não aconteça, irá deixar um rastro de prejuízos. 

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“Ainda que a guerra acabe neste momento, já houve problema no ponto de vista do abastecimento, então haverá o encarecimento do combustível e da alimentação. A situação é complicada pelo Brasil já está passando por um processo de crise econômica, devido à pandemia e outras escolhas governamentais. Processos de pelo menos um mês para sofrer as consequências neste campo. Como o Brasil está muito interligado a outros países na questão econômica, tudo o que acontecer irá afetar o Brasil também”, explica.

Posição do Brasil no conflito

Segundo o professor, o Brasil está em um momento delicado, pois rompeu algumas alianças importantes e que afetam a economia do país. Além disso, o melhor seria manter a posição neutra, uma vez que a Rússia é o principal parceiro econômico e se indispor com os Estados Unidos também não seria interessante.

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“O Brasil brigou com a China, que é seu principal parceiro. Com os Estados Unidos, por conflitos partidários relacionados ao presidente, que afetam a economia nacional. O Brasil não fecha acordo com União Europeia por questões ambientais. Então o Brasil não deve se posicionar para evitar conflitos econômicos e diplomáticos”, analisa.

Brasileiros na Ucrânia e Política externa

Segundo o professor Mário Tito, as questões relacionadas à política externa também acabaram afetando os brasileiros que estão na Ucrânia neste momento de guerra. Segundo ele, posições “erráticas” sobre prioridade diplomática dificultaram as medidas para retirar os brasileiros da área antes do conflito se agravar.

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“No caso de iminência de guerra, algo poderia ter sido feito antes, como outros países fizeram. Mas isso não foi feito, em parte, pois a nossa própria política externa é errática. Não há uma definição das nossas prioridades diplomáticas. Isso ficou evidente quando o Brasil não soube o que fazer no caso do apoio dos Estados Unidos, ou da Rússia, ou manter as relações comerciais com a União Europeia, ou manter a proximidade com a China”, avalia. 

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Possíveis rumos da guerra Rússia x Ucrânia

O professor Mário Tito Andrade explicou que, possivelmente, os países europeus não irão interferir no conflito. A Rússia faz a distribuição de gás para as outras regiões e essas nações não irão se indispor com a potência. Para ele, o mais provável é que Rússia consiga tomar Ucrânia e coloque um presidente pró-Rússia no governo do país.

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“Provavelmente o conflito não irá durar muito tempo. Os verdadeiros atores são a Rússia, a Ucrânia, a União Europeia, a OTAN e os Estados Unidos. A Rússia fornece gás para toda a Europa. Sem isso, não há como suportar o inverno. Os países europeus não querem interferir ou se posicionar devido ao conflito que pode gerar. A Otan não irá interferir e a Ucrânia voltará a ser zona de influência da Rússia. Pode se tornar uma guerra civil que irá durar por anos, como aconteceu na síria”, presume.  

Veja a entrevista completa:


(Estagiária Maiza Santos, sob supervisão do editor executivo de OLiberal.com, Carlos Fellip)

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