Missa marca um ano da morte de Kellen Thaynara e familiares pedem justiça
Celebração realizada nesta terça-feira (16) reuniu familiares e amigos, que voltaram a cobrar justiça pela morte da jovem, ocorrida durante passeio de lancha na Ilha do Combu em 2024
Uma missa em homenagem a Kellen Thaynara Nascimento de Abreu, de 26 anos, marcou, nesta terça-feira (16), um ano da morte da jovem, que desapareceu durante um passeio de lancha na região da Ilha do Combu, em Belém. A celebração ocorreu na Paróquia Santo Inácio de Loyola, na rua Santa Fé, no bairro Icuí-Guajará, em Ananindeua, e reuniu familiares e amigos, que voltaram a cobrar respostas das autoridades sobre o caso.
Kellen desapareceu no dia 16 de dezembro de 2024 e teve o corpo encontrado na manhã do dia seguinte, na Baía do Guajará. Um ano depois, o inquérito policial segue sob investigação. Em nota, a Polícia Civil informou que o caso é apurado pela Divisão de Homicídios (DH) e corre em sigilo. Até o momento, ninguém foi preso.
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A missa foi conduzida pelo padre Edvaldo Amaral. Segundo a família, a escolha da igreja teve um significado especial, já que Kellen fez a primeira comunhão e participou da catequese na própria paróquia, localizada no bairro onde morava com os familiares.
Em entrevista ao O Liberal, a mãe de Kellen, a artesã Elizabeth Ribeiro Nascimento, falou sobre a dor da perda e a expectativa por esclarecimentos. “A minha filha tinha muitos futuros, muitas coisas boas para realizar. Ela conversava muito comigo. Primeiro era o filho dela, que ela queria ver formado, queria dar todo o amor e o carinho. Ela sempre me ajudou, mas queria ajudar ainda mais. Isso me emociona”, disse.
Elizabeth também destacou a demora na conclusão das investigações. “A gente está esperando o inquérito sair, que até agora não me deram resposta. Hoje já se completa um ano e está essa demora da nossa justiça”, afirmou.
“Eu sei que é lento, mas eu gostaria muito que a justiça me desse uma resposta do que realmente aconteceu com a minha filha. Porque uma pessoa não sai de casa para morrer”, disse a mãe da jovem.
Questionada sobre como definiria a filha, a mãe respondeu de forma emocionada: “Uma filha ótima, dedicada, uma boa mãe. Era uma filha querida, muito querida pela família”.
Irmãs cobram justiça e contestam versão apresentada
A autônoma Kamille Thay, irmã de Kellen, afirmou que a família busca justiça não apenas por si, mas pelo filho da vítima e pela mãe. “Tudo o que a gente mais quer hoje é justiça. A gente pede a Deus que ilumine a alma da minha irmã e que, o mais breve possível, a gente tenha uma resposta. O que a gente quer é dar conforto à nossa mãe e ao filho dela, que sente a saudade todos os dias”, disse.
Kamille também contestou a versão de que Kellen teria pulado da embarcação. “Uma coisa a gente tem certeza: naquele dia ela não pulou da própria vontade. Se houver culpados, que eles paguem pelo que fizeram. A minha irmã não merecia isso. Hoje a gente queria estar se organizando para a ceia, para o aniversário da nossa mãe, e nada disso mais será possível”, declarou.
Outra irmã da vítima, a autônoma Kellaine Nascimento, também falou sobre a ausência de respostas um ano após o ocorrido. “Eu queria que a minha irmã estivesse aqui para a gente estar celebrando a vida, principalmente da nossa mãe, que vai completar mais um ano agora dia 26. Infelizmente, é mais um ano sem ela, com o coração muito angustiado, principalmente por não ter resposta de nada”, afirmou.
“A saudade é imensa. É um misto de angústia, raiva e esperança que a gente tenta manter para ter uma resposta. Porque o que a gente quer é justiça”, disse Kellaine, irmã de Kellen.
Amigo afirma que 'luto virou luta'
Pedro Carvalho, amigo tio de João, de 3 anos, filho de Kellen, também se manifestou durante a missa e disse que o luto se transformou em mobilização. “Hoje o nosso luto virou luta. A gente confia no trabalho das autoridades, mas implora para que esse inquérito seja encerrado”, declarou.
“Já tem um ano que ele [inquérito] está em aberto, e isso é um descaso com a nossa dor. A gente sofre todos os dias, parece que um dia é pior que o outro. O que a gente suplica é por justiça”, completou.
Relembre o caso
Kellen Thaynara Nascimento de Abreu desapareceu na noite de 16 de dezembro de 2024 durante um passeio de lancha na região da Ilha do Combu. Segundo familiares, ela havia sido convidada por um amigo para o passeio, que contou com a presença de Paulo Sérgio Bento Cardoso, dono da lancha; Brena Roberta Oliveira Silva; Stefanie Jardim Castro; Bruno Henrique, conhecido da vítima; e Herison Quaresma Passos, marinheiro e piloto da embarcação.
De acordo com os relatos, por volta das 20h, a lancha parou em um restaurante da ilha, onde Kellen chegou a fazer uma transmissão ao vivo nas redes sociais mostrando o local. Cerca de 50 minutos após encerrar a ‘live’, a jovem teria dito que iria dar um mergulho devido ao calor e, desde então, não foi mais vista. Familiares e amigos contestam essa versão e acreditam que a morte não foi um acidente.
Após o desaparecimento, um vídeo circulou nas redes sociais mostrando uma discussão entre ocupantes da lancha e amigos de Kellen. Nas imagens, eles afirmavam não conhecer a jovem e relatavam um desentendimento sobre quem teria feito o convite para o passeio.
Em dezembro do ano passado, o Grupo Liberal teve acesso aos depoimentos dos ocupantes da lancha. Todos afirmaram que o passeio começou entre 16h e 17h, com saída de uma marina na avenida Bernardo Sayão, e que o grupo estava em um flutuante no momento do desaparecimento. As testemunhas relataram ainda o consumo de bebida alcoólica por parte dos participantes, com exceção do marinheiro Herison, que, segundo familiares, se recusou a fazer o exame de alcoolemia.
As buscas oficiais foram iniciadas pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros ainda na madrugada do dia 17, mas precisaram ser suspensas devido à forte correnteza. Os trabalhos foram retomados pela manhã, e o corpo de Kellen foi encontrado por volta das 8h30, na Baía do Guajará, nas proximidades da Ilha das Onças.
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