Novas suspeitas de doença da urina preta fazem pescadores temerem crise
No ano passado, em setembro, surgiu o primeiro caso suspeito da doença em Santarém, período em que houve queda de 95% na venda do pescado
Diante da divulgação de novos casos suspeitos de Síndrome de Haff, popularmente conhecida como doença da urina preta, no município de Santarém, oeste do Pará, oficializados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sespa), as pessoas que atuam no setor pesqueiro da cidade temem uma nova crise nas vendas dos produtos. No ano passado, em setembro, surgiu o primeiro caso suspeito da doença na cidade, período em que houve queda de 95% na venda do pescado.
Diante da falta de confirmação dos diagnósticos, o setor pesqueiro espera que a população entenda que não se trata de uma situação comum, mas teme uma queda comercial. Na primeira vez que houve casos suspeitos a hipótese da relação da doença estava ligada ao consumo dos peixes Pacu, Tambaqui e Pirapitinga.
Os pescadores lembram que no ano passado a venda do pescado caiu para todas as espécies, logo após a divulgação da suspeita de Haff.
“Deu essa doença de Haff e afetou todos nós. Na hora que íamos pegar os peixes para levar pra Santarém, não puderam comprar. O que aconteceu? Nós perdemos tudo”, lamentou o pescador Natalino Delgado.
Ele acredita que as novas suspeitas vão impactar novamente o setor. “Com certeza vai impactar porque são notícias que correm muito rápido e estamos prestes a ir novamente para uma nova safra, estamos com essa situação. Já estamos na expectativa de que não vamos ter uma safra boa”, preocupou-se.
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Para o pescador Zacarias Pereira Barros, o momento é incerto para a classe.“Ano passado o nosso setor teve um prejuízo de quase 90% de peixes que não pudemos pescar na safra. Está sendo bastante difícil para a gente encarar de novo essa situação. Não se sabe daqui para frente o que pode acontecer”, enfatizou.
Não há exame para confirmar a Haff
Quase um ano depois do primeiro paciente suspeito da doença da urina preta no município de Santarém, que resultou também no primeiro caso de óbito por suspeita da doença no estado do Pará, em setembro de 2021, ainda não há a confirmação se, de fato, Genivaldo Cardoso, de 55 anos, faleceu em decorrência da doença.
Isso porque, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), “não há exame específico para diagnosticar a Haff, a confirmação se faz pela avaliação dos sintomas, exames laboratoriais de rotina e dados epidemiológicos. Os exames realizados no Lacen-PA tem a finalidade de fazer diagnóstico diferencial com outras doenças como leptospirose e arboviroses que podem levar a sintomas semelhantes”, relatou a pasta.
Casos no Pará
De acordo com a Sespa, em 2021 foram 25 casos suspeitos no estado, sendo divididos entre os seguintes municípios: Belém (02), Santarém (13), Juruti (03), Almeirim (02), Afuá (02), Breves (02) e Trairão (01).
Já neste ano, até o momento, estão sendo investigadas 8 suspeitas da doença, sendo 3 em Santarém, 3 em Óbidos, incluindo 1 óbito em investigação, 1 em Monte Alegre e 1 em Terra Santa.
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