'Diziam que tinham matado eles fuzilados', diz familiar de tripulante do barco Bom Jesus
Esposa de um dos sobrevientes, Kátia Cilene Pereira relembrou notícias falsas que aumentavam a angústia da família
As informações desencontradas sobre o paradeiro dos tripulantes do barco Bom Jesus angustiaram familiares e amigos durante os 17 dias em que as seis vítimas estavam incomunicáveis. O esperado encontro entre sobreviventes e a família ocorreu no início da noite desta quinta-feira (14), quando eles desembarcaram no Aeroporto Maestro Wilson Fonseca, em Santarém, oeste do estado. O traslado foi feito por uma aeronave do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp).
O grupo estava desaparecido desde o dia 27 de março, quando a embarcação em que eles estavam enfrentou um temporal, pegou fogo e naufragou no Arquipélago do Marajó. Desde então, todos tiveram que lutar pela sobrevivência enquanto estavam ilhados em uma região na divisa do Pará com o Amapá, conhecida como Ilha das Flechas.
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Esposa do tripulante Joelson Silva da Costa, Kátia Cilene Pereira da Silva relatou que não perdeu as esperanças durante o tempo que ficou sem notícias. "Eu sempre falava que ele ainda não tinha cumprido a missão dele aqui na terra, que era criar a filha dele, ele tem uma filhinha de 10 anos, e é só eu, ele e a nossa filha, tem também a minha idosa em casa. Graças a Deus agora deu tudo certo”, lembra.
A aflição de Kátia era alimentada por conta das inúmeras notícias falsas que circularam sobre o caso, como boatos de fuzilamento ou de tortura.
"Eu morri e vivi todas as vezes que mandavam pelo WhatsApp uma imagem que mostrava um 'pedaço do corpo'. Diziam que tinham matado eles fuzilados, que estavam amarrados, isso acabava com a família, isso destruía a gente. Até que certo momento pra cá a gente decidiu não mais acreditar nessas notícias, só mesmo na polícia ou na Marinha”, disse.
Após o resgate, na quarta-feira (13), todos foram levados para Belém, onde receberam atendimento médico no Hospital do 4º Distrito Naval e, em seguida, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro da Sacramenta.
Kátia não escondeu a a expectativa para a chegada do esposo, principalmente porque não o viu antes que ele seguisse viagem. A mulher relata que o marido dava notícias todos os dias, até que no dia 27 de março, o contato foi cessado após Joelson avisar que estava em Chaves, região do Marajó, esperando a maré subir para desencalhar o barco.
“Foi o último contato que eu tive com ele, aí foram 17 dias de muita agonia e desespero, mas graças a Deus deu tudo certo”, contou.
Emoção marca reencontro de mãe e filho
O reencontro da tripulante Leilane Carla Ferreira com o filho, o pequeno Julian Ferreira de Guimarães, foi marcado por muita emoção. A vontade de tocar o pequeno era tanta que a grade que separava os dois não foi suficiente para impedir que o esperado abraço entre mãe e filho finalmente fosse concretizado.
Segundo a Polícia Civil, os seis devem prestar depoimento para esclarecer o que de fato aconteceu com a embarcação naquela noite.
A embarcação Bom Jesus desapareceu após sair do município de Santarém no último dia 24 de março e seguiu com destino ao município de Chaves, localizado na região do Marajó, para entrega de uma carga. O caso foi registrado na última segunda-feira (11), na 16ª Seccional Urbana de Polícia Civil do município de Santarém.
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