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Tripulante do barco 'Bom Jesus' relata a luta pela sobrevivência após incêndio

A tripulação conseguiu se manter tomando água da chuva e racionando comida

Andria Almeida
fonte

Os seis tripulantes do barco 'Bom Jesus' foram encontrados com vida em uma ilha na divisa dos estados do Pará e Amapá na tarde da última quarta-feira (13). Eles ficaram isolados depois que um forte temporal seguido de uma pane elétrica que provocou um incêndio os obrigou a abandonar a embarcação. Um dos tripulantes relatou os momentos de desespero e a luta pela sobrevivência nos 17 dias que se seguiram até a localização e resgate do grupo.

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Embarcação sofreu uma pane e ficou sem comunicação, na divisa dos estados do Pará e Amapá

Como em um enredo de cinema, dois dos tripulantes tiveram a ideia de colocar um bilhete com um pedido de socorro dentro de uma garrafa e jogá-la no rio para que alguém pudesse encontrá-la e mandar ajuda. Foi o que aconteceu dias depois, quando pescadores acharam a mensagem.  A iniciativa foi decisiva para que a história tivesse um final feliz.

Jeferson Marcos dos Santos estava era um dos tripulantes e relatou que decidiu fazer a viagem porque está desempregado e precisava de dinheiro para pagar as contas do mês. Na madrugada do dia 28 de março, durante o percurso entre os municípios de Chaves e Soure, na Ilha do Marajó, a embarcação enfrentou um temporal e acabou perdendo a direção. Em meio à tempestade, um incêndio na cozinha do barco acabou se alastrando e alcançou o compartimento onde fica o tanque de combustível.

"O comandante tentou conduzir a embarcação para ver se encontrava um local próximo da margem. Mas depois que o barco começou a pegar fogo o jeito foi pegar umas bóias e tentar nadar até uma praia próxima, onde ficamos 17 dias. Com a força de Deus e a ajuda da Marinha conseguimos ser achados”, relembrou, bastante emocionado.

O local a que Jeferson se refere é a Ilha das Flechas, a cerca de 150 quilômetros de Belém, próximo de onde a embarcação naufragou e onde o grupo permaneceu à espera de resgate. Com o passar do tempo e sem que nenhuma embarcação fosse avistada às proximidades, surgiu a ideia de escrever um bilhete com o pedido de socorro e lançá-lo dentro de uma garrafa.

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De acordo com os familiares da tripulação, a embarcação saiu de Santarém no dia 24 de março com destino a Chaves para entrega de uma carga não informada.

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De acordo com os familiares, a embarcação saiu de Santarém no dia 24 de março com destino a Chaves. A principal pergunta feita pela polícia é se o Barco Bom Jesus sumiu. Um inquérito policial foi aberto para investigar o caso.

Mensagem na garrafa

Durante a permanência na ilha eles usaram o estoque de alimentos que havia no barco, além de água da chuva, para se manter. Até que Joelson Silva da Costa e o próprio Jeferson, que têm formação em auxiliar de máquinas, tiveram a ideia de escrever um bilhete e lançá-lo no rio dentro de uma garrafa, na esperança que alguém o encontrasse e mandasse ajuda. A garrafa foi amarrada a uma boia para que pudesse ser visualizada com mais facilidade.

Datado do dia 9 de abril, o bilhete levava um pedido desesperado de socorro com uma indicação de onde a tripulação estava.“Socorro, socorro! Precisamos de ajuda, nosso barco pegou fogo. Estamos há 13 dias na Ilha das Flexas sem comida. Avise nossa família”, dizia a mensagem, finalizada com os contatos de telefones dos familiares dos seis tripulantes.

Resgate

A prática do envio de mensagem por garrafa é secular em áreas fluviais e funcionou perfeitamente para que o grupo fosse encontrado. Pescadores que estavam na região costeira da ilha encontraram o artefato e acionaram os familiares. A Marinha do Brasil, que já fazia buscas pelo grupo, foi contactada e encaminhou uma aeronave até o local indicado no bilhete. O resgate dos tripulantes foi feito pelo helicóptero Super Cougar, que os trouxe para Belém na noite da última quarta-feira (13).

Apesar de debilitados, todos apresentavam  bom estado de saúde. Mesmo assim passaram por atendimento médico no Hospital do 4° Distrito Naval e, em seguida, foram encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro de Sacramenta para novas análises Assim que estiverem em condições eles serão levados de volta para Santarém.

Os tripulantes da embarcação foram identificados como: Antônio Oliveira, maquinista mecânico; Leilane Carla Ferreira, cozinheira; Cristiano de Azevedo, marinheiro; Joelson da Silva, responsável pela carga; Valdeney Dolzanes,  Jeferson Marques dos santos, maquinista, conhecido como ‘negão’.

*Com informações da Marinha

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