Cursinho popular de Marabá ajuda alunos de escolas públicas no ingresso ao ensino superior

Nascida da necessidade de democratizar o acesso às universidades, a Casa de Educação Popular (CEP) é uma iniciativa de alunos de cursos de licenciatura da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e da Universidade do Estado do Pará

Tay Marquioro
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Nascida da necessidade de democratizar o acesso às universidades, a Casa de Educação Popular (CEP) é uma iniciativa de alunos de cursos de licenciatura da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e da Universidade do Estado do Pará que tem o objetivo de preparar alunos de escolas públicas e de baixa renda para o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. O sucesso dessa ideia já é tão grande que, em dez anos de existência, a CEP precisa realizar seleção, por meio de cadastro e entrevista individual com os estudantes.

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Nesta semana de revisão para a prova, cerca de 50 candidatos lotaram a sala de aula para acompanhar o reforço do conteúdo que devem encontrar no Enem. Nesta turma, Maria Eduarda da Silva, aluna de escola pública, conta que sem a ajuda da Casa de Educação a preparação para o exame seria muito mais difícil. “É de uma importância muito grande para mim, porque eu sou de uma família de baixa renda. Eu não teria condições de estudar em um cursinho particular. Então a Casa de Educação me abriu muitas portas e tem me ajudado a chegar mais preparada na prova”, conta Maria Eduarda, que ressalta ainda o acompanhamento que recebe fora de sala. “Temos grupos virtuais e se alguém falta a uma aula, logo, o professor quer saber o que aconteceu. Se um alunou tiver dificuldades de transporte, eles ajudam a chegar na escola. Então tudo isso conta muito para que a gente se sinta motivado”.

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As aulas descontraídas e o método de ensino foram tão bem aceitos que os resultados são sentidos também nas aulas regulares desses jovens. Poliana Martins, que é aluna do Instituto Federal do Pará, ter acesso a outras didáticas e abordagens sobre os assuntos ministrados em sala tem sido um reforço para suas notas. “Desde que eu comecei a seguir o processo de ensino aqui, eu realmente melhorei muito meu desenvolvimento tanto no preparo para o Enem como na escol. Principalmente, em Redação, que todos acham que é um ‘bicho de sete cabeças’, mas as professoras me ajudaram muito neste direcionamento. Eu tenho sentido um desenvolvimento muito grande”, revela Poliana.

image Professor investe em aulas descontraídas para motivar a turma (Tay Marquioro/ O Liberal)

Nascida em uma comunidade quilombola e ribeirinha, Celeste Trindade, está concluindo o ensino médio e também tenta uma vaga no ensino superior. “Eu tive que sair da minha comunidade para poder fazer o ensino médio, porque lá o ensino é modular e, às vezes, não tem aula. Os professores que tem, são de fora, de outras cidades para lá. Eu vim à procura de mais oportunidade e o cursinho me ajudou a melhorar matérias que eu precisava me desenvolver”, afirma.

Atenta às necessidades do local onde vive, ela decidiu tentar uma vaga no curso de medicina e contar com o apoio da CEP tem sido fundamental. “Eu pretendo estudar medicina e me formar para poder voltar à minha comunidade e ajudar a todos por lá. Os serviços de saúde, consultas, medicamentos que chegam são muito raros e deficientes e eu quero mudar essa realidade, contar com o apoio de outros profissionais de saúde e poder levar melhores condições para todos que moram lá”, detalha a jovem.

image Celeste Trindade quer cursar medicina e ajudar sua comunidade quilombola (Tay Marquioro/ O Liberal)

Em 2022, as turmas foram abertas no mês de março e as aulas do cursinho popular acontecem principalmente aos finais de semana, em uma sala cedida por uma escola municipal de Marabá. Nas últimas semanas, por conta da proximidade do Enem, as aulas foram intensificadas. Muitos professores que hoje lecionam para esses jovens são ex-alunos do cursinho que conseguiram ingressar na universidade e voltam para a sala de aula na condição de voluntários do projeto.

“Nós começamos a trabalhar em 2012, quando entrei na universidade. Começamos a buscar alternativas para democratizar o ensino, porque a gente olhava ao nosso redor e não via muito dos nossos naquele ambiente. Nós queríamos ver mais classe trabalhadora, gente de baixa renda dentro da universidade”, lembra o professor e coordenador do projeto Ariel Barros. “Nós observamos que as escolas públicas tinham pouquíssimas aprovações no vestibular e isso nos inquietou. Então a ideia de criar esse cursinho surgiu a partir dessa necessidade e com o engajamento de um grupo de calouros que iniciou o trabalho com a educação popular”, afirma o coordenador.

Mas o trabalho do projeto não se encerra com a passagem do Enem. Após o resultado do exame, a Casa de Educação Popular passa ter uma nova missão em 2023: acompanhar os ex-alunos do cursinho também na universidade. “Nós queremos seguir com esses calouros orientando também a vida na graduação, fazendo uma espécie de mentoria. Vamos continuar trabalhando com eles para orientar a produção acadêmica, no sentido de ajudar a fomentar a produção de conhecimento científico”, afirma Ariel. “Queremos prepará-los para essa nova etapa da vida estudantil e, quem sabe, poder recebê-los de volta como professores voluntários dispostos a ajudar outros jovens a conseguir uma vaga no ensino superior”.

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