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"Calúnias requentadas", diz arcebispo de Belém sobre matéria do Fantástico

Taveira falou sobre repercussão dos depoimentos de ex-seminaristas que o acusam de abuso sexual

Eduardo Laviano

O arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, classificou como "calúnias requentadas" os depoimentos dados por três ex-seminaristas que o acusam de abuso sexual no programa Fantástico, da TV Globo. A reportagem foi ao ar na noite de domingo (3), e, na manhã de segunda-feira (4), Taveira reagiu ao conteúdo da matéria durante missa realizada na casa onde ele mora, em Belém.

"Invés de ficar vendo televisão sem proveito algum para ouvir calúnias requentadas, fiquei respondendo as centenas de mensagens [de apoio] e tive uma graça de tarde e noite de evangelização", afirmou ele antes de ler palavras que, segundo Taveira, foram "postas no coração dele por Jesus Cristo".

Dom Alberto disse que aprendeu a "ver o mundo de dentro para fora, inspirado pela chaga do coração de Jesus Cristo quando crucificado". "Quando parece que se perdeu a honra e a fama segundo a pretensão dos escândalos desejados pelos que tudo tramaram diabolicamente, o que tenho encontrado é grande apoio e compreensão, centenas de mensagens de bispos, padres, leigos e leigas", afirmou ele sobre as investigações que enfrenta por parte da Polícia Civil, Ministério Público do Pará e do próprio Vaticano. 

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Nas palavras de Taveira, assim como "Deus é capaz de fazer o ser humano do pó da terra e transformar pedras em pães, Deus também irá refazê-lo". "E já está me refazendo pela oração do povo simples que me acolhe, especialmente os mais pobres e frágeis", avaliou ele durante a missa, referindo-se ao apoio que tem recebido, especialmente por meio das redes sociais.

"Se aos olhos superficiais fui reduzido a um trapo, sei que Deus já está fazendo sua obra e acredito nesta sua obra, seja o que vier depois da agressão de ontem", reiterou, referindo-se à reportagem exibida no Fantástico.

Taveira também solicitou que "rezemos uns pelos outros" e afirmou que "submete a própria vida e consciência a Deus e para a igreja". Durante a missa, afirmou ter certeza que Deus irá curar "todas as imensas feridas abertas nos corações de todas as pessoas por gente maldosa nesse período", referindo-se aos jovens ouvidos na matéria, que relataram supostos abusos entre 2010 e 2014 quando tinham entre 15 e 18 anos.

Segundo Alberto, a igreja crescerá diante deste caso, que comparou com uma "cruz que antecede a ressurreição", mais uma vez estabelecendo uma metáfora entre a situação que ele passa e o assassinato de Jesus Cristo [em 33 d.C, por ordem do Império Romano].

Sobre as investigações, ele afirmou que não dará entrevistas. "Tenho a consciência de manter o segredo de justiça que me foi exigido por um inquérito instaurado que está em andamento e não posso me adiantar", argumentou.

Taveira também leu uma carta que recebeu de um apoiador do Tocantins, a quem ele disse ter ajudado durante sua passagem por lá enquanto primeiro arcebispo da capital Palmas, cargo que exerceu entre 1996 e 2009. "Ajudei ele assim como alguns daqueles que hoje me acusam. São acusadores, caluniadores e foram muitíssimos ajudados e pagaram com a maldade", concluiu. 

Belém