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Belém ainda soma 500 pontos de descarte irregular de lixo

Cidade vive como lixão a céu aberto, embora prefeitura gaste R$ 34 milhões com limpeza

Lázaro Magalhães e Cleide Magalhães
fonte

A crise do gerenciamento do aterro sanitário de Marituba, exposta desde a última segunda (3) - após o anúncio da empresa Guamá Tratamento de Resíduos de que deseja deixar a gestão da área que recebe toda a demanda de resíduos sólidos da Grande Belém -, levantou vozes e debates entre administrações municipais, pesquisadores ligados a instituições de conhecimento, lideranças comunitárias e órgãos ligados ao Judiciário. Um dos argumentos, frente às discussões, afirmava que o colapso do aterro poderia levar os municípios da área metropolitana a se tornarem um grande depósito de resíduos domiciliares e de entulho.

A empresa Guamá justifica sua saída do Aterro de Marituba alegando problemas operacionais e indicativos de esgotamento da capacidade do aterro, prevista para maio de 2019. 

Frente a isso, a redação integrada de O Liberal cruzou alguns números fornecidos por administrações municipais da Grande Belém com relatos e dados colhidos nas idas às ruas e na cobertura em alguns dos principais corredores viários de Belém e Ananindeua, no mês de novembro e nesse início de dezembro.

A conclusão, simples, é notada diariamente pela população: para muito além da crise do lixo exposta essa semana, em vários aspectos os municípios da Grande Belém já aparentam, e efetivamente já podem ser considerados, um grande lixão a céu aberto, há tempos.

LIXÕES SE ESPALHAM
 
Apenas em Belém, a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) contabiliza hoje 500 pontos críticos de descarte irregular de resíduos no município. Há cinco anos, eles eram 600, aponta a Sesan. A Prefeitura Municipal de Belém diz que monitora esses locais de acúmulo de lixo e também executa coletas regulares, incluindo a retirada de entulhos.

O município também diz que faz fiscalizações constantes nesses pontos - e atribui a redução dos pontos de descarte irregular, nos últimos anos, a iniciativas que incluem a participação de moradores em ações de  educação ambiental.

Na manhã desta quarta (5), a reportagem de O Liberal percorreu o trecho de um grande corredor viário que cruza os dois maiores municípios da Grande Belém. Na avenida Independência, que também é chamada de Centenário na porção do município de Belém, entre a rotatória do cruzamento da Estrada do Coqueiro e a avenida Júlio César, em Val-de-Cães, pelo menos seis locais de descarte irregular com grande volume de lixo e entulho se mantêm à beira das pistas. Se considerarmos outros pontos de menor volume, pode-se chegar a oito locais com descartes irregular de lixo e entulho. 

Pedestres têm que desviar de sacos de lixo, restos de construção e sucata, resíduos de feira e até grandes quantidades de caroços de açaí descartados de vendas do produto. Durante o mês de novembro, a redação integrada de O Liberal acompanhou ações das prefeituras de Belém e Ananindeua em apenas dois desses pontos de descartes.

Um, no trecho percorrido em Ananideua, próximo à travessa Primeiro de Maio com Independência, foi alvo de uma única intervenção com máquinas. Outro, no trecho da Centenário, em Belém, rumo ao centro, entre rua São Bento e avenida Magalhães Barata, tem recebido intervenções semanais de máquinas - tamanho o volume de lixo diário que se acumula no local .         

Todos os demais pontos de descartes na Independência e Centenário seguem sem ação alguma de combate ou recolhimento - e os pequenos lixões crescem a olhos vistos.  

CONTRASTE

Esse cenário contrasta com os números apontados pela Prefeitura de Belém para a gestão dos resíduos e entulho na capital. Segundo a Sesan, Belém soma 500 agentes de limpeza urbana atuando diretamente apenas nas ações que envolvem limpeza de canais e manutenção da rede de drenagem.

A secretaria diz ainda que realiza serviços de varrição de vias, recolhimento de mais de 500 toneladas diárias de entulho de canais e manutenção de comportas - que seriam realizados diariamente, segundo diz a prefeitura, para evitar obstruções causadas por lixo.

Por ano, informa a Sesan, R$ 10 milhões são investidos apenas na manutenção da rede de drenagem e canais. Além disso, mais de R$ 24 milhões são gastos por ano na limpeza de pontos críticos formados por descarte criminoso de lixo em vias e canais.

Ou seja: apenas no município de Belém, gastam-se pelo menos cerca de R$ 34 milhões por ano com limpeza urbana de ruas, canais e coleta de entulho - e a metrópole que gera mil toneladas de lixo por dia - 73% da capacidade recolhida diariamente pelo Aterro de Marituba -, ainda assim, mantém um dos piores cenários de limpeza urbana entre capitais brasileiras. 
 

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