‘É um prestígio para os índios’, diz Carmona sobre PL que legaliza atividade em áreas indígenas
Parlamentares comentaram declarações de Jair Bolsonaro em entrevista ao Grupo Liberal; deputado Dr. Galileu é contra, ‘eles são os verdadeiros donos do Brasil’
Alguns deputados estaduais comentaram, nesta terça-feira (12), as declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Grupo Liberal, durante entrevista exclusiva concedida nesta segunda-feira (11). O parlamentar Martinho Carmona (MDB) afirmou, sobre a autorização da exploração de minérios em terras indígenas (PL 191/2021), defendida pelo chefe do Executivo do Brasil, que legalização da atividade é “prestígio para índios”.
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“Essa questão da exploração de minérios, de ouro e todos os derivados, nas áreas indígenas, eu acho isso um prestígio para os índios, porque eles querem e precisam ter uma vida digna também, e o índio, queira ou não, está aculturado, porque já chegou a informática lá, todos os índios têm telefone celular, e por conta disso recebem as mazelas da sociedade, as doenças, e também precisam receber benefícios, que podem lhes proteger e lhes oferecer uma qualidade de vida melhor. Então acho que é algo que deve ser realmente implementado, para que o índio saia da condição de mendigo para ser um cidadão também participativo”, afirmou Carmona.
Sobre a descriminalização do aborto, Bolsonaro fez críticas ao posicionamento do ex-presidente Lula sobre o assunto, assim como Carmona. “O aborto é uma covardia. Você vai assassinar o inocente, o indefeso, que não pediu para ser gerado, mas é uma vida e nós somos radicalmente contra o aborto. E isso também serve para preservar a vida da mãe quando ela está em risco. São muito raros em que ele é realmente necessário. Somos, como cristãos, completamente contra o aborto e lamentamos muito que o Lula defenda com tanta ênfase”, declara.
Sobre os comentários a respeito da economia, em que Bolsonaro adianta sobre a possibilidade de uma nova redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o deputado ressaltou que o país está em uma fase de respostas das escolhas feitas no início da pandemia. “A economia começou a dar sinais que Bolsonaro agiu certo, investindo milhões na vacina, mas também quando pensou no pós-vacina, nos leva a ver que Paulo Guedes tinha realmente razão na condução do processo”, pontuou.
Líder do PL na Casa, o deputado Caveira destacou as dificuldades que a população enfrentou durante o período inicial da pandemia.
“Isso atrapalhou muito, porém o Brasil não depende exclusivamente do estado do Pará para crescer a economia, e a economia tem disparado. E a respeito das terras indígenas eu acho sim que deve ser explorado igual é explorado em outros países. Só que para isso acontecer, não da minha vontade, nem da vontade do presidente, depende do povo. E dentro em breve, imagino eu que mais tardar esse final de ano, o ano que vem, com a reeleição do nosso presidente Jair Messias Bolsonaro, isso possa acontecer”, concluiu.
Oposição critica declarações de Bolsonaro
Já o deputado Dr. Galileu (PSC), se posiciona contra a legalização da mineração nos territórios indígenas. “Temos um déficit histórico muito grande com eles, já foram afastados das terras deles e são os verdadeiros donos do Brasil. Tem gente querendo mexer no território deles sem necessidade”, reforça. Mas, sobre a legalização do aborto, o parlamentar diz defender a bandeira da vida. “A nossa bandeira de luta é a defesa da vida, de dar oportunidade que o ser humano tenha vida, por isso somos contra o aborto”, diz.
Quanto à economia, o deputado vê exatamente o oposto do colega de Casa, Carmona, no que se refere à perspectiva de cenário atual. “Nós vivemos um processo de recessão econômica no Brasil e até agora não vimos nada que pudesse nos deixar otimistas sobre esse cenário, a questão do bandeiramento relacionado a energia elétrica diminuiu e atingiu a população mais pobre, tudo bem, mas a gente precisa avançar muito mais, porque o combustível está muito alto, o preço dos alimentos exorbitante. A gente vê os ovos da Páscoa com 50% a mais do valor do ano passado. Isso demonstra que está tudo muito difícil, não tem como dizer que tem perspectiva de melhorar e que a gente se anime. Estamos vivendo no limite”, pondera.
O deputado Dirceu Ten Caten (PT) lembrou, ao comentar as falas de Bolsonaro na entrevista, que “o fatídico presidente não deveria esquecer do que ele falou ainda em campanha eleitoral - ‘no meu governo não demarcarei um centímetro de terra indígena’. Sabemos que a grande luta dos povos indígenas do brasil, que inclusive estão reunidos no Acampamento Terra Livre em Brasília desde a semana passada, é pela retomada das demarcações de suas terras, pelo direito à vida e contra a mineração ilegal em terras indígenas e a exploração de madeira - diferente do presidente, o que os povos originários do Brasil lutam é pela manutenção de seu modo de vida e não pela importação de modelos falidos que alteram a cultura desses povos como alternativas”, analisou.
Dirceu afirma que os últimos episódios são extremamente tristes, sobre os intensos conflitos nos territórios indígenas que vem sendo invadidos por mineradores e exploradores de madeiras ilegais, o que segundo ele é fruto desse discurso que fragiliza os territórios promovidos pelo governo.
“Já são dezenas de vidas indígenas ceifadas pela irresponsabilidade desse governo que fragilizou todos os órgão de fiscalização como IBAMA, ICMBio, FUNAI, dentre outros. É bom recordar que a Amazônia necessita de manutenção de sua vegetação e não de mais desmatamento, como estamos enfrentando com taxas históricas de perda da vegetação. A Eco-92 foi fundamental para que no entendimento internacional o conceito de desenvolvimento sustentável estivesse a serviço da proteção ambiental, capaz de promover um convívio equilibrado com o planeta e pela criação de práticas sustentáveis, bem diferente do que fala o presidente fakenews”, ressaltou.
O parlamentar petista disse ainda que a Amazônia é um dos biomas protagonistas do equilíbrio climático e, para assegurar isso, demarcar as terras indígenas e proteger a biodiversidade – no caso das reservas de proteção ambiental criadas no governo Lula – são fundamentais para a manutenção da vida humana. “É importante lembrar que possuímos outros ativos econômicos a serem explorados pelos povos da Amazônia, como a captação de carbono, energia solar, a manutenção de nossos mananciais e toda nossa flora, por meio de mais investimento científico e não da devastação de nosso solo com discurso entreguista”, finaliza.
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