Investigação sobre o naufrágio do barco Bom Jesus segue em sigilo; um tripulante já prestou depoimento
Além dos seis tripulantes, a polícia deve ouvir ainda outras pessoas que tiveram conhecimento do fato

Os tripulantes da embarcação "Bom Jesus", que naufragou na região entre o Pará e Amapá, começaram a ser ouvidos pela Polícia Civil de Santarém, oeste do estado. Até o momento, apenas uma pessoa que estava na embarcação foi ouvida. As investigações seguem em sigilo. A polícia não deu detalhes de quem foi o primeiro tripulante a prestar depoimento e nem quem será o próximo.
"Só pegamos um depoimento até o momento. Ainda estamos trabalhando no caso, juntando as peças", limitou-se a dizer o chefe do Núcleo de Apoio à Investigação (Nai), delegado Silvio Birro.
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As apurações começaram na semana passada e, nesta terça-feira (26), nenhum depoimento foi prestado. Cada um será ouvido individualmente em dias diferentes. Além dos seis tripulantes, a polícia deve ouvir ainda outras pessoas que tiveram conhecimento do fato como um todo, para ajudar a esclarecer o que realmente aconteceu.
Na embarcação estavam Cristiano de Araújo Figueira, comandante; Leilane Carla Ferreira, cozinheira; Antônio Oliveira dos Santos e Jefferson Santos, ambos maquinistas; Jefferson da Silva Costa, escolta de carga; e Wanderley dos Anjos Reis, policial da reserva.
Naufrágio é cercado de mistérios
O caso do naufrágio dos seis tripulantes é cercado de mistérios. No dia 24 de março, a embarcação saiu de Santarém com destino ao município de Chaves, na região do arquipélago do Marajó. Segundo informações da família, repassadas inicialmente à polícia, o objetivo era levar uma carga até o município. Ninguém soube informar do que se tratava.
O último contato da tripulação com os familiares foi no dia 27 de março. A viagem do grupo tinha previsão de durar apenas 10 dias. Entretanto, os seis tripulantes só foram localizados 17 dias depois do naufrágio, no dia 13 de abril. Eles localizados em uma área conhecida como Flechas, próximo a divisa do Pará com o Amapá.
Os principais questionamentos que devem ser respondidos pelas investigações são: havia carga na embarcação como foi informado inicialmente pelos familiares? O que era transportado? Qual o motivo de não ter sido realizado o despacho da viagem? Por que a embarcação navegava em área não permitida para o porte dela?
Segundo os tripulantes, eles ficaram ilhados após uma pane na embarcação, que teria pegado fogo e naufragado. Um bilhete colocado em uma garrafa pet e jogado no mar ajudou na localização do grupo. O bilhete, com data do dia 9 de abril, informava que a tripulação havia sofrido um acidente e pedia socorro.
“Socorro, socorro! Precisamos de ajuda, nosso barco pegou fogo. Estamos há 13 dias na Ilha das Flexas sem comida. Avise nossa família”, dizia o bilhete, que finalizava com os contatos de telefones dos familiares dos 6 tripulantes. O pedido de socorro foi encontrado por um pescador que comunicou o caso à Marinha do Brasil.
O envio de mensagem por garrafa é uma prática secular em áreas fluviais, e que funcionou perfeitamente para que o grupo fosse encontrado. A equipe da Marinha do Brasil usou um Helicóptero para localizar os seis tripulantes. Todos estavam debilitados e com vida. Os seis sobreviventes foram resgatados e levados para Belém para atendimentos médicos. No dia 14 de abril, eles foram levados para Santarém em uma aeronave do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp). Na chegada, durante entrevista à imprensa, o comandante da embarcação, Cristiano de Azevedo Figueira, falou que eles foram fazer uma pesquisa para uma possível linha fluvial entre os municípios de Santarém e Soure no Marajó.
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