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Marituba é a única cidade do Pará que segue entre as mais violentas do Brasil, aponta Anuário

Cidades que historicamente apareciam na lista, como Belém, Ananindeua, Marabá, Altamira e Parauapebas, ficaram de fora nesta edição

Maiza Santos e Hannah Franco
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Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, divulgados nesta quinta-feira (24), revelam que Marituba, na Região Metropolitana de Belém, é atualmente o único município paraense que ainda figura entre as 20 cidades mais violentas do país, ocupando a 15ª posição no ranking. Cidades que historicamente apareciam na lista, como Belém, Ananindeua, Marabá, Altamira e Parauapebas, ficaram de fora nesta edição. Além disso, Marituba aparece na terceira colocação entre os 10 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes que registraram as maiores taxas de Morte Decorrente de Intervenção Policial (MDIP) em 2024.

No levantamento por estados, o Pará ocupa a oitava colocação entre os mais violentos do Brasil, atrás do Amapá, Bahia, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Maranhão e Mato Grosso.

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Em entrevista exclusiva ao jornal O Liberal, o secretário de Segurança Pública do Estado, Ualame Machado, comentou sobre os dados do anuário e os desafios enfrentados pelas autoridades. “O Pará já chegou a ter cinco ou seis cidades entre as dez mais violentas do Brasil. Tínhamos Belém, Ananindeua, Marituba, Marabá, Altamira e até Parauapebas figurando nessa lista. Hoje, apenas Marituba aparece, e com chance de sair definitivamente do ranking. Já avançamos muito em relação ao passado”, afirmou.

Segundo ele, parte do índice de Marituba é impulsionado por mortes em ações policiais, que também são consideradas como mortes violentas intencionais. “Marituba apareceu com uma taxa de 58 por 100 mil habitantes, mas se a gente separar só os homicídios, esse número não é tão alto. O que puxou a taxa foram as intervenções policiais. Tivemos alguns episódios de ataques a policiais no passado, e tivemos que atuar diretamente, inclusive com troca de tiros. Algumas dessas mortes, portanto, foram decorrentes de intervenção policial. Mas como a metodologia soma tudo, no total a taxa ficou mais alta”, explicou.

Belém lidera ranking de roubos de celular

O anuário também trouxe dados sobre criminalidade patrimonial. Belém aparece na vice-liderança do ranking nacional de cidades com maior número de roubos e furtos de celulares por 100 mil habitantes, com 1.452,2 registros. São Luís (MA) lidera a lista. Na mesma categoria, Ananindeua está na 12ª posição e Marituba, na 19ª.

O crescimento no número de registros é atribuído ao avanço tecnológico e ao monitoramento mais preciso das ocorrências. A Secretaria de Segurança Pública destaca que a leitura do código de identificação dos aparelhos abordados em operações policiais tem sido uma das ferramentas centrais no combate a esse tipo de crime. O código permite a identificação do proprietário e a devolução do aparelho, desde que haja boletim de ocorrência registrado.

Outra medida inovadora adotada pela polícia é um sistema que detecta automaticamente quando um celular roubado está em uso. Ao identificar o uso irregular, uma mensagem é enviada solicitando a devolução voluntária. Caso isso não ocorra, é iniciada uma operação de busca e apreensão. “Esse mecanismo tem contribuído para a redução dos roubos e a devolução de muitos celulares”, afirmou o secretário.

Intervenções policiais e protocolos de uso da força

Os dados de Marituba no anuário acenderam o alerta para as mortes decorrentes de intervenções policiais no estado. Em 2024, o Pará ficou em terceiro lugar nacional nesse tipo de ocorrência, com 398 registros, atrás do Amapá e da Bahia.

Diante do cenário, o governo estadual tem reforçado ações de transparência e uso proporcional da força pelas tropas. “O Pará, historicamente, sempre teve índices altos de letalidade policial. Apesar de ainda ser um número elevado, conseguimos reduzir nos últimos anos e seguimos trabalhando esse tema dentro da tropa”, destacou Ualame.

O secretário também informou sobre investimentos em equipamentos não letais e em monitoramento. “Adquirimos câmeras corporais que já estão sendo utilizadas por diversos policiais como forma de monitoramento e transparência nas ações. Também compramos quase 3 mil armas de choque este ano, que ajudam a evitar mortes em situações que poderiam ser resolvidas com imobilização não letal”, disse. “Estamos dando condições para que ele reaja de forma proporcional, sem que a letalidade seja o único resultado possível”, completou.

Ações integradas e redução de crimes violentos

O governo estadual reforçou que tem intensificado investimentos em inteligência, patrulhamento e tecnologia para prevenir crimes e aumentar a sensação de segurança. “Temos feito várias ações para reduzir a violência, como a atuação da Usina da Paz, a entrega de um novo batalhão da Polícia Militar e o enfrentamento de reações criminosas na região”, destacou o secretário.

Ualame lembrou ainda que o Pará já enfrentou momentos críticos com crimes de grande repercussão, mas apresentou melhorias. “O Pará já contabilizou mais de 20 ataques a bancos no estilo 'novo cangaço'. Hoje, estamos há dois anos sem registrar nenhum caso desse tipo. Também conseguimos reduzir drasticamente as execuções em série, como aquelas do 'Carro Prata', e as chacinas com cinco, seis ou mais mortes de uma vez só”, explicou. “Ainda temos muito a melhorar, mas os avanços são inegáveis”, concluiu.

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