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Após ser impedida de jogar torneio, paraense supera barreiras e conquista vaga na Seleção sub-16

Clara Rodrigues e a mãe, Renatä Ribeiro, celebram juntas a primeira convocação para a equipe brasileira, após superarem muitos desafios

Aila Beatriz Inete
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Há pouco mais de seis anos, Clara Rodrigues, então com 6 anos, foi impedida de disputar uma competição de futsal em Santa Catarina, quando jogava na equipe mista da Tuna Luso. Hoje, aos 16, a jovem goleira comemora sua primeira convocação para a Seleção Brasileira sub-17.

O nome da atleta estava na lista divulgada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na última terça-feira (19). Em entrevista ao Núcleo de Esportes de O Liberal, Clara falou sobre a emoção que sentiu ao descobrir que havia sido chamada. Segundo ela, a convocação não era esperada por conta de uma lesão recente.

"Eu estava no treino, nem sabia que teria convocação para a Seleção", revelou. "Nos chamaram e disseram que tinham quatro meninas convocadas para a Seleção, e nisso eu fiquei triste por achar que não tinha chances de estar na lista, por ter voltado de uma lesão recente. Quando ela falou meu nome, eu fiquei muito surpresa e, até agora, confesso que ainda não caiu a ficha", contou a paraense.

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Atualmente, a goleira atua na base do Internacional, mas tudo começou de forma despretensiosa, com algumas partidas na rua. Clara revelou que, desde pequena, jogava futebol com outras crianças, até pedir para a mãe a colocar em uma escolinha.

No início, a mãe, Renatä Ribeiro, ficou receosa por ela ser mulher, mas Clara não. A partir daí, a paixão pelo esporte só aumentou e foi ganhando novos rumos.

Juntas, mãe e filha foram para São Paulo. Renatä deixou a vida que tinha em Belém e foi atrás do sonho de Clara em ser jogadora de futebol. O caminho ainda não terminou; no entanto, a convocação é uma afirmação de que nada foi em vão.

image Clara é goleira na base do Internacional (Divulgação)

"Quando ela tinha 7 anos, eu perguntei para ela o que queria ser quando crescesse. E ela respondeu: 'Eu vou ser goleira da Seleção Brasileira'. Aquilo teve tanta força que eu tinha certeza de que era impossível ela não alcançar esse sonho", revelou Renatä.

"Receber essa convocação para nós foi muito mais do que apenas uma convocação, foi aquela força de quando ela era apenas uma criança sonhadora, mas já com um foco muito bem determinado, muito alinhado. A Clara nunca se desviou. Ela veio do judô, então tinha uma disciplina muito forte, e ela traçou isso", completou a mãe.

Desafios 

Em 2019, o sonho de Clara quase foi interrompido. Na época, com apenas 10 anos, a paraense fazia parte da equipe sub-10 de futsal da Tuna, mas foi impedida de disputar a 17ª Supercopa América de Futsal, que ocorreu em Santa Catarina, por ser menina. Mesmo com a proibição, Renatä e a goleira não desistiram e lutaram pelo direito de disputar o torneio.

A mãe criou a petição "Deixem as meninas jogarem em todos os campeonatos" para pressionar as autoridades a permitir a participação da filha na competição e foi à Justiça, onde conseguiu uma liminar para que Clara jogasse.

"Não foi fácil. A vontade de desistir era grande, mas a vontade de realizar o meu sonho e de orgulhar a minha família era bem maior", disse Clara. "Eram muitas perguntas na minha cabeça, se valia a pena lutar por isso. Hoje, vejo que não foi em vão e não me arrependo de nada que vivi lá atrás. Só me fez mais forte, e entendi que as barreiras do processo fazem parte de um lindo propósito", lembrou a paraense.

Hoje, a goleira destaca que para as mulheres, muita coisa mudou. Apesar de ainda não ser o ideal, o futebol feminino tem conquistado mais espaço e visibilidade, mas ainda há muito para ser alcançado.

"Eu vejo que já melhorou muito, temos mais oportunidades, mais visibilidade, mais apoio, mas ainda precisamos de mais igualdade. Estamos lutando para conseguir cada vez mais, e eu acredito que, juntas, vamos conseguir", afirmou.

Futuro

Agora, o céu é o limite para mãe e filha. Renatä, que nunca deixou de acreditar no sonho, crê no potencial e entende que tudo na carreira de Clara é questão de tempo. As duas estão prontas para as oportunidades que surgirem e dispostas a mudar novamente, se for necessário.

"Eu já fui taxada de doida, me chamaram de lunática, disseram que eu estava sonhando muito alto, que era coisa de criança, que não era para eu fazer nada daquilo, porque isso ia passar. Só que eu nunca acreditei nisso. Eu acreditava na Clara, na força que ela tinha, na forma que ela ficava quando entrava em quadra, em campo. Era outra pessoa. Ali não era mais a minha Clara, ela era a goleira. A gente enfrentou muita coisa, muitas dificuldades, pessoas que tornaram o nosso caminho mais difícil, mas Deus sempre esteve ali, nos mostrando que o que parece impossível para nós, Ele ia realizar", finalizou a mãe.

Os treinos com a Seleção Brasileira vão ocorrer entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro, no Centro de Treinamento Dartanhã, em Guararema, São Paulo. Durante o período, a treinadora Rilany Aguiar, que comanda a Seleção sub-17, irá definir a lista final para a Copa do Mundo da categoria, que acontecerá de 17 de outubro a 8 de novembro, no Marrocos. 

Clara contou que está animada para a experiência e que vai tentar aproveitar cada momento para evoluir tecnicamente e pessoalmente.

"Minhas expectativas são as melhores. Espero poder desfrutar da melhor forma, evoluir muito, tanto como atleta quanto como pessoa, e aproveitar o momento", ressaltou a jovem goleira. .

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