Márcio Luftglas lança livro sobre o pai e doa renda ao Memorial do Holocausto de São Paulo
Lançamento acontece no dia 28, em São Paulo, com renda revertida para ação solidária
O executivo do mercado financeiro e sócio do Banco BTG Pactual, Márcio Luftglas, de 54 anos, lançará no dia 28 de outubro, em São Paulo, o livro “A história incomum de um homem comum”, que narra a trajetória de seu pai, um judeu sobrevivente de Auschwitz, que mais tarde imigrou para o Brasil e reconstruiu sua vida. O evento, realizado a partir das 18h30 na Livraria da Vila, no Shopping Higienópolis, terá toda a renda das vendas, que caberia aos organizadores, destinado ao Memorial do Holocausto de São Paulo. A obra também poderá ser adquirida virtualmente no dia seguinte nas plataformas online da Livraria Sefer, Livraria da Vila e na versão Kindle.
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No livro, o leitor passa a acompanhar os caminhos percorridos pela Luftglas - o pai -, que aos 16 anos, teve uma vida totalmente mudada e planos interrompidos com a invasão alemã em 1939. Separado da família, ele passou por seis campos de concentração - identificado como o prisioneiro 174097-, sofreu muito ao ver a dor diárias de seu irmão e as dúvidas sobre o restante da família, e sobreviveu até a libertação em 1945. Três anos depois, mudou-se para Israel, onde planejou novos conflitos, até decidir, com a ajuda de um amigo, recomeçar no Brasil - país que, segundo o filho, 'ele não conhecia nem de nome'.
Uma história de resiliência
Segundo Márcio, a obra nasceu de uma necessidade íntima de registrar essa trajetória. “Desde pequeno, tive curiosidade sobre os seis números tatuados no braço do meu pai, mas as respostas eram curtas, quase sempre em silêncio”, conto.
“Após duas visitas a Auschwitz, decidi contar essa história de forma organizada, primeiro para meus filhos e sobrinhos - a terceira e quarta gerações da família - e, depois, para quem se interessar por um relato de sobrevivência, imigração e resiliência”, acrescentou.
O executivo disse que o processo de escrita também foi um reencontro familiar. "Esses meses trouxeram lembranças esquecidas e nos deram muito orgulho da jornada dele. Acredito que ele está feliz com este livro. Pena que chegou 20 anos depois de sua morte, e não pude entregar a ele pessoalmente", relatou.
Márcio conta que o projeto foi desenvolvido em apenas seis meses, com o apoio de uma equipe que uniu gerações e olhares diferentes. “Contamos com dois profissionais incríveis: o cartunista Ivo Minkovicius, que conheceu meu pai e deu vida à história com sensibilidade, e o escritor Marcus Aurelius Pimenta, que mergulhou no tema e trouxe uma visão universal, não restrita à comunidade judaica”, explicou.
O livro, que conta com 136 páginas, também foi desenvolvido com apoio dos irmãos. A organização da obra leva os nomes de Sergio Beni Luftglas e Tania Glezer.
Márcio destacou que o livro busca dialogar com leitores de todas as idades e origens. "Desde o início, quis fazer um livro acessível, que pudesse ser lido em duas horas. Um passeio que inspira, emociona e ensina. Quem sabe, um dia, podemos traduzi-lo para outros idiomas", disse.
Para ele, o Holocausto deve ser contado não como uma simples estatística, mas como milhões de histórias individuais. "Não foram seis milhões de vítimas somente, mas seis milhões de vidas, sonhos e famílias. Os sobreviventes estão partindo, e cabe à segunda geração manter viva essa memória. Meu objetivo é inspirar outros filhos e netos de sobreviventes a fazerem o mesmo", declarou.
Do testemunho à solidariedade
A decisão de fazer toda a renda do livro ao Memorial do Holocausto de São Paulo reflete o compromisso da família Luftglas com a educação e a lembrança histórica. “O Memorial é um espaço para reflexão sobre o que o ódio e a intolerância podem causar. Lembrar é um ato de resistência”, disse Márcio.
Ele reforça que o livro não se limita à história judaica. "O Holocausto matou 1,3 milhão de crianças judias, mas os nazistas também exterminaram ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais, negros e pessoas com deficiência. Espero que a obra ajude as pessoas a entenderem o que o ódio, que não tem limites, pode causar", afirmou.
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