Exposição 'Linhas' revela olhares bordados sobre a Amazônia
Ao longo de outubro, mostra reúne bordados manuais de 12 artistas que retratam, com sensibilidade e criatividade, as paisagens e símbolos da Amazônia.

Linhas e agulhas passam a escrever a visão de artistas sobre a Amazônia em exposição aberta ao público gratuitamente. A partir desta terça-feira, 14, até o próximo dia 24 de outubro, a exposição “Linhas” estará disponível para visitação no segundo andar do Boulevard Shopping.
São 32 obras artísticas de 12 alunas de um grupo de estudo de bordado, ministrado pela artista Daniela Guerra, expostas no espaço. Nos quadros, bordados feitos à mão mostram o olhar da professora e também de Marly Miralha, Rosana Uchôa, Ana Paula Silva, Juliana Soares, Nazaré Jacó, Eva Salgado, Walkyria Magno, Amanda Simões, Thais Nassar, Eliana Porto e Mirella Gama sobre a Amazônia.
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“Fico até emocionada, porque é um sonho que está sendo realizado. Sempre sonhei com isso, sempre amei bordar, e as minhas alunas embarcaram nessa aventura. Um belo dia, durante a aula, eu propus essa ideia e elas imediatamente disseram que iam comigo. Com a COP 30 e a Amazônia em alta, pensei: por que não bordarmos a região e suas belezas? As alunas ficaram livres para abordar e fotografar. Temos aqui onça, búfalo, caranguejo, floresta, árvores, dentre outros. Foi uma aventura muito gostosa”, diz Daniela Guerra durante a abertura da exposição.
Ao longo de quatro meses, alunas e professora viveram o processo criativo, debateram ideias e calcularam estratégias para chegar à excelência das obras expostas. “A gente vê que bordar vai além de um fio e uma agulha — ele promove muitas transformações nas pessoas. É isso que hoje está aqui. Durante esse processo, as alunas conseguiram ressignificar muitas coisas em suas vidas, e esse é o nosso objetivo”, pontua Daniela Guerra.
Com memórias da infância vivida no Quilombo Jambuaçu, no município de Moju, no nordeste do Pará, Amanda Simões mostrou o búfalo bordado. Há oito meses, a artista começou as aulas de bordado. Amanda destacou que, no grupo, uma ajudava a outra nesse processo criativo, com apoio e união.
“O búfalo é um animal que representa a Amazônia, mas escolhi ele por um motivo pessoal. Quando eu era criancinha e tomava banho no igarapé, parava na escada e via o búfalo passar dentro da água. Eu ficava muito curiosa, porque, mesmo ele sendo grande, e eu com um pouco de medo, ficava ali apreciando”, relembra Amanda Simões.
Diante de tantos temas importantes amazônicos, o açaí não poderia ficar de fora da exposição. Thais Nassar trouxe para “Linhas” um quadro cheio de detalhes e elementos naturais da região. Ela criou um paneiro de açaí em um projeto que sofreu algumas mudanças até chegar ao resultado final, com ráfia e sementes.
“Teve um primeiro projeto, que achei que não ia ficar tão legal. Eu o abandonei e fui para o segundo. A ideia era fazer um bordado com ráfia, que é um pouco mais complicado por ser mais rústica — tem que usar força para puxar. Um dia, estava passando pelo Ver-o-Peso e vi empilhados os cestos de açaí. Pensei nessa ideia. Mas fiquei pensando se eu conseguiria montar um cesto. Nessa etapa entra a Dani, que é superincentivadora das nossas ideias e nos ajuda a executar”, relembra a aluna.
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