Cinemateca Brasileira exibe gratuitamente 20 filmes em Belém em Mostra Resistências Cinematográficas
São curta e longa-metragem que abordam direta e indiretamente os períodos de repressão tão recorrentes na história do país

Entre os dias 23 e 31 de outubro, no Museu da Imagem e do Som do Pará recebe a mostra A Cinemateca é Brasileira. O projeto chega na capital paraense após percorrer 26 cidades e atingir um público de mais de 20 mil pessoas em suas duas edições – a primeira foi em 2023.
A abertura contará com uma mesa composta pelo cineasta Januário Guedes e por Eneida Guimarães, anistiada política, com mediação de Indaiá Freire, diretora do MIS-PA, às 19h.
Neste mesmo dia serão exibidos três filmes, ao longo da programação são 20 títulos disponíveis, sendo 13 longas e 7 curtas-metragens disponíveis, todos com sessões gratuitas.
Com 13 minutos, ‘Arara: Um Filme Sobre Um Filme Sobrevivente’, que tem no elenco Sueli Maxacali, Isael Maxacali, Paula Berbert, Edmundo Antônio Dias, Rodrigo Piquet, Marcelo Zelic, apresenta um registro probatório sobre o ensino de tortura durante a ditadura militar.
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Em 2012, Rodrigo Piquet, do Museu do Índio, mostrou a Marcelo Zelic, do grupo Tortura Nunca Mais, um filme que encontrara, chamado “Arara”, que não se referia ao animal, nem ao povo conhecido por esse nome. Zelic o aponta como importante registro probatório sobre o ensino de tortura durante a ditadura militar. Eram imagens da formatura da Guarda Rural Indígena, em Belo Horizonte, produzidas pelo antropólogo Jesco Von Puttkamer (1919-1994) em 1970.
“Torre”, com duração 19 minutos, mostra a história de quatro irmãos, filhos de Virgílio Gomes da Silva, o primeiro desaparecido político da ditadura militar brasileira, relatam suas infâncias durante o regime.
A cópia restaurada de “Greve” de 1979 também será exibida. Com 37 minutos de duração, a obra apresenta os acontecimentos principais da greve dos metalúrgicos do ABC, liderada por Lula em março de 1979, são narrados ao mesmo tempo em que se procura contextualizá-los no momento político brasileiro. Depoimentos de operários militantes revelam as razões objetivas que os conduziram a esse movimento sólido e transformador.
Está segunda edição da Cinemateca é Brasileira - Resistências Cinematográficas tem uma curadoria que inclui longas e curtas-metragens, alguns citados acima, que demonstram a riqueza do cinema brasileiro e múltiplas abordagens da sua vocação democrática e resistência a retrocessos autoritários, em especial a ditadura militar que teve início há 60 anos.
Na programação, em O caso dos irmãos Naves (1967), o cineasta Luiz Sergio Person se baseia em um caso real ocorrido em 1937, durante o Estado Novo, para retratar um dos piores erros jurídicos da história do Brasil.
Além disso, diversos episódios do governo militar são tema da maioria dos títulos. Inspirados no sequestro do embaixador Charles Burke Elbrick, o nomeado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, O que é isso, companheiro? (1997), de Bruno Barreto, e a animação, Meu tio José (2021), de Ducca Rios, expõem de maneiras diferentes as consequências dessa ação para negociar a libertação de presos políticos.
Já a atmosfera de tensão e a mentalidade dessa época são contextualizadas nas entrelinhas do documentário de Arnaldo Jabor, A opinião pública (1966), na ironia de Pra frente Brasil (1982), de Roberto Farias, e no sensível O ano em que meus país saíram de férias (2006), de Cao Hamburguer.
Tem ainda obras que abordam a luta do movimento operário por melhores condições de trabalho e pela redemocratização do país, com registros essenciais desse movimento popular, que precedeu a anistia política. A mostra oferece também alegorias políticas que examinam a complexidade das estruturas de poder e a opressão.
Em homenagem aos mais de 40 anos do filme e ao cineasta Eduardo Coutinho, a curadoria inclui novamente Cabra marcado para morrer (1964-1984), cujas filmagens foram interrompidas em 1964 e retomadas dezessete anos depois para concluir a trajetória de seus personagens durante os longos anos do regime militar.
Agende-se
Data: 23 a 31 de outubro
Local: Museu da Imagem e do Som do Pará - Auditório Eneida de Moraes - Centro Cultural Palacete Faciola, Av Nazaré, 138, Belém
Entrada gratuita
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