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Trânsito caótico na feira do 40 Horas põe em risco motoristas e pedestres em Ananindeua

Moradores e trabalhadores relatam medo de acidentes e cobram soluções urgentes para garantir o direito de ir e vir com segurança no local

O Liberal

A rotina de engarrafamentos, sinalização precária, travessias perigosas e desorganização no tráfego transformou o trecho da rua São Luís, na esquina com a avenida Hélio Gueiros, no entorno da feira do 40, em Ananindeua, em um cenário de caos urbano que afeta motoristas, motociclistas, ciclistas, pedestres e trabalhadores do local. A movimentação intensa e a ausência de ordenamento adequado criam uma disputa permanente por espaço.

Caminhões, ônibus e carros de passeio circulam lado a lado com pedestres e ambulantes, numa convivência forçada e arriscada. Atravessar a rua se tornou um desafio diário, especialmente para quem depende do local para trabalhar ou realizar entregas. É grande, portanto, a possibilidade de, a qualquer momento, ocorrer um acidente grave. A situação se agrava nos horários de pico, quando o fluxo de veículos aumenta de forma desproporcional à capacidade da via. O tempo de espera nos semáforos é longo, e a lentidão se repete ao longo de todo o dia.

O motorista profissional Ronaldo Rodrigues Nascimento, de 63 anos, trabalha há décadas na região e afirmou que a atual configuração do trânsito prejudica a mobilidade e aumenta o risco de acidentes. “A minha profissão é motorista, eu vivo aqui nessa área do 40 Horas, eu faço essa rota aqui. Com esse semáforo (que fica no cruzamento da rua 12 de Outubro com a avenida Hélio Gueiros, basta ver como fica: pouco espaço, fluxo grande, e é isso aí que você está vendo”, contou.

Trânsito caótico na feira do 40 Horas, em Ananindeua

Ronaldo contou que o problema não está apenas no volume de veículos, mas na própria estrutura viária. Segundo ele, a instalação do semáforo, que deveria melhorar o fluxo, acabou criando gargalos e travando o trânsito. “Quando não tem o sinal, todo mundo vai dando o seu jeito. É claro que é um perímetro urbano, tem feira, mas flui. Com esse semáforo, o trânsito trava. Eu digo: tem que tirar o semáforo e colocar apenas sinalização, porque não há necessidade. É muito pouco espaço para um fluxo tão grande. E ainda aumenta a possibilidade de acidentes”, destacou o motorista.

image O motorista profissional Ronaldo Rodrigues Nascimento: "É muito pouco espaço para um fluxo tão grande. E ainda aumenta a possibilidade de acidentes" (Foto: Carmem Helena/O Liberal)

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Os problemas dificultam a circulação de veículos e pedestres, comprometendo também a atividade econômica na região

“Todo dia a gente sofre aqui”, diz vendedor de lanche

O relato dele traduz a percepção de quem vive o problema na prática. O motorista afirmou que acidentes já se tornaram comuns na região. “Aqui sempre acontece um e outro acidente. Eu vivo nessa área, eu faço essa rota todos os dias”, completou, reforçando que o atual cenário coloca em risco não apenas condutores, mas também pedestres e ciclistas que tentam exercer seu direito básico de circular com segurança.

A preocupação também é compartilhada por quem vive do comércio informal na feira. O ambulante Martiliano de Souza, de 59 anos, conhecido como “Baixinho do Lanche”, pedala diariamente com uma bicicleta adaptada para vender salgados no entorno da feira. Para ele, a rotina é de tensão constante.

“É complicado demais. Todos os dias a gente sofre aqui. Acontece acidente, a maioria não respeita o sinal. Principalmente a gente que trabalha com bicicleta. Eles não respeitam. Eu vejo muita coisa errada acontecer aqui”, contou. Martiliano defende uma presença mais constante de agentes de trânsito para organizar o fluxo e proteger quem trabalha no local.

“Se tivesse os guardas de trânsito aqui para controlar o trânsito, seria melhor pra gente que trabalha diariamente. Eu mesmo, para atravessar, olho para os quatro lados. Quando vejo que tudo parou, atravesso. Se não parar, não atravesso, porque a gente tem medo de acontecer um acidente. É tensão o tempo todo”, afirmou.

A jornada dele começa cedo. “Eu chego aqui seis horas da manhã e fico até uma da tarde. Depois das sete, o trânsito fica mais pesado e vai até uma da tarde. De tarde pra noite volta tudo de novo. O fluxo é intenso o tempo todo. Não tem aquele momento em que melhora. É direto, o trânsito é complicado aqui. Tem que prestar muita atenção pra não acontecer um acidente”, disse Martiliano.

O cenário também afeta quem depende da bicicleta como meio de transporte. Com ruas esburacadas, ausência de calçadas adequadas e falta de faixas exclusivas, o risco de atropelamento é permanente. “A gente já não consegue ir pedalando em alguns trechos, tem que empurrar a bicicleta porque se subir nela pode acontecer um acidente”, contou o ambulante.

image Martiliano de Souza, de 59 anos, conhecido como “Baixinho do Lanche”: “É complicado demais. Todos os dias a gente sofre aqui", disse (Foto: Carmem Helena/O Liberal)

Autônomo pede presença de agentes de trânsito na área

O autônomo Hélio Borges, de 56 anos, reforça o drama de quem precisa enfrentar o tráfego todos os dias. “É todo santo dia, principalmente nos horários de pico - pela manhã, meio-dia e seis da tarde. Fica um caos isso aqui”, disse. Hélio contou que, na semana anterior, foi vítima de um acidente ao tentar atravessar a rua de bicicleta. “O carro me bateu bem aqui na esquina. Essa rua 12 de Outubro não tem suporte pra carros pesados. Tá tudo esburacado”, disse. “O autônomo mostrou a perna machucada após o acidente recente. “Não foi um impacto grande, porque o carro vinha devagar, mas passou por trás de outro veículo. O problema é que ninguém respeita o sinal — nem moto, nem táxi, nem carro. É o mesmo que nada”, afirmou.

Ele acrescentou: “Caminhões enormes passam, arrebentam os fios elétricos e ainda têm que dividir o espaço com pedestres. À noite é um sufoco. Não tem calçada pra andar. É uma situação que ficou toda desestruturada”. Para ele, é urgente que o poder público reveja a organização do trânsito e priorize a segurança da população.

“Teria que voltar o trânsito por onde era, pela São Luís, as duas mãos como antes, e sinalizar. Lá, só carro pequeno. E se colocasse agente de trânsito aqui, também ajudaria”, sugeriu. Os relatos refletem um problema maior: a precariedade da mobilidade urbana em áreas de grande fluxo comercial e popular. Locais como a Feira do 40 Horas concentram milhares de pessoas diariamente, movimentando a economia e garantindo o sustento de centenas de famílias. Mas a falta de infraestrutura adequada compromete o direito fundamental de transitar com segurança e dignidade.

Sem calçadas acessíveis, sem ciclovias, com semáforos mal sincronizados e ausência de fiscalização, pedestres e ciclistas acabam expostos a riscos constantes. A travessia entre uma banca e outra da feira ou entre ruas próximas se transforma em um ato de coragem. O caos no trânsito não afeta apenas o deslocamento, mas também a qualidade de vida e o sentimento de segurança da população.

image Autônomo Hélio Borges, de 56 anos: “É todo santo dia, principalmente nos horários de pico - pela manhã, meio-dia e seis da tarde. Fica um caos isso aqui” (Foto: Carmem Helena/O Liberal)

 

Garantir o direito de ir e vir com segurança é mais do que uma questão de mobilidade: é uma questão de cidadania. Cada motorista, pedestre e trabalhador que enfrenta o trânsito desorganizado da Feira do 40 Horas carrega a mesma reivindicação — poder circular sem medo, sem acidentes e com respeito mútuo entre todos os que compartilham o espaço urbano. Enquanto isso, o cotidiano segue marcado por buzinas, lentidão e tensão. E os moradores, comerciantes e trabalhadores continuam aguardando soluções que devolvam àquela parte de Ananindeua o mínimo necessário para viver e trabalhar: a liberdade de ir e vir com segurança.

Em nota, a Prefeitura de Ananindeua, por meio da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (SEMUTRAN), informa que, em relação à situação relatada sobre o trânsito na Rua São Luís, esquina com a Avenida Hélio Gueiros, o volume irregular de veículos, ônibus e caminhões na área se deve às obras do viaduto que interliga as avenidas Independência e Mário Covas.

Em razão dessas intervenções, parte considerável do fluxo de veículos foi temporariamente desviada para o entorno do bairro 40 Horas. A SEMUTRAN informa ainda, que tem realizado rondas e ações de apoio diárias no local, com o objetivo de minimizar os impactos viários decorrentes das obras.

Além disso, a Secretaria executou recentemente serviços de recuperação asfáltica e sinalização nas ruas São Luís e Doze de Outubro, que foram transformadas em vias de sentido único (binário), com o intuito de melhorar a fluidez e garantir mais segurança no trânsito da região.

 

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