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Sessão especial da Câmara de Belém debate a luta contra o racismo

O Liberal

O reconhecimento da importância do Centro de Defesa do Negro no Pará (Cedenpa) para a luta anti-racista em Belém, no estado e no país norteou os pronunciamentos durante a sessão especial que celebrou os 42 anos de fundação do Cedenpa, nesta terça-feira (9), no plenário da Câmara Municipal de Belém.

"Falar do Cedenpa faz as lágrimas rolarem e a voz murmurar, pois aprendi tudo o que sei hoje através do Cedenpa. Quantos (negros) não estão na cadeia, presos, muitas vezes pagando crimes que não cometeram. Ainda temos muito gente ainda tem que  que avançar", ressaltou uma das coordenadoras do centro, Oneide Baía, emocionada.

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A vereadora Lívia Duarte (PSOL), que presidiu a sessão por ser autora do requerimento que possibilitou a realização do evento, apontou que a juventude negra compõe o "perfil" que a polícia não só prende, mas que também mata, sob a acusação de cometer crimes.

Sessão especial debateu o racismo em Belém

A Sra Nilza Sarmento, conhecida como "Dona Anastácia", de 87 anos, que, em março deste ano, foi acusada injustamente de roubar uma flanela em um supermercado do bairro da Pedreira, participou da sessão especial, onde foi homenageada como símbolo do racismo que violenta a população negra cotidianamente. "O vexame que eu passei serviu de alerta para as pessoas tratarem melhor as pessoas sem distinção de cor, idade ou gênero", acredita. "Não gosto nem de me lembrar do que aconteceu", desabafou.

"O dia 10 de agosto de 1980, quando o Cedenpa foi fundado por lideranças como Zélia Amador de Deus e Nilma Bentes, entre outros, é uma referência da resistência no Pará. O Cedenpa é o muro de arrimo da luta contra o racismo e expressa a força do movimento negro", ressaltou Lívia Duarte. "Quem é preto sabe que, independente do lugar que você esteja, alguém lembra pra você que você é preto", contou.

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O vice-prefeito de Belém, Edilson Moura, presente à sessão, ressaltou que a administração municipal tem se empenhado em enfrentar o racismo e, por isso, criou a Coordenadoria Antirracista (Coant), que tem como titular uma das representantes do Cedenpa, Elza Rodrigues, e também o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, sancionou o Estatuto da Igualdade Racial (Decreto 9.769/2022), em 9 de maio deste ano, conforme o projeto de lei de autoria de Lívia Duarte. Elza acrescentou que a superação do racismo está na ação conjunta de negros e não negros para fortalecer a democracia.

A deputada estadual Marinor Brito (PSOL) defendeu que todos assumam o papel antirracismo. "Ser antirracista significa combater as situações de violência e exclusão. A escravidão continuou pela falta de oportunidades das pessoas negras serem inseridas em processos sociais, políticos e econômicos", disse. A deputada federal Vivi Reis (PSOL) completou: "O povo preto precisa ser escutado. Neste ano eleitoral precisamos ocupar os diversos espaços que nos são negados, como as universidades e o mercado de trabalho, encher as casas legislativas de pessoas pretas", defendeu.

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Já as vereadoras Enfermeira Nazaré Lima (PSOL) e Gizelle Freitas (PSOL) lembraram das próprias trajetórias em que foram rotuladas na sociedade como "morenas", numa tentativa de negar a raça negra. "Me chamaram por muito tempo de 'morena jambo', mas eu nem sabia o que era isso", disse Gizelle.  "Não basta não ser racista, tem que ser antirracista", destacou Nazaré.

Sinara Dias, da Coordenadoria de Estudos Étnico-Raciais da Secretaria Municipal de Educação (Semec) disse acreditar na educação antirracista e na luta diária de cada um no enfrentamento do racismo. "Nossas escolas ainda são ambientes que reproduzem o racismo", pontuou. Enquanto a sacerdotisa angoleira Mametu Muagilè, lembrando a escravidão e a exploração da mão-de-obra negra, destacou que o povo preto construiu o Brasil.

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