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Alta sobrecarga da maternidade pode levar a doenças mentais, alerta psiquiatra

Na última semana, casos de violência de mãe contra filho causaram espanto. Um deles diz respeito à uma mulher que confessou ter matado a filha de 10 meses com chumbinho

Lucas Quirino

Na última semana, 2 casos de violência de mãe contra filho causaram espanto e muitos questionamentos. No município de Jaboatão dos Guararapes (PE), na quarta-feira (22), uma mulher de 27 anos foi presa após confessar ter matado a filha, uma bebê de 10 meses, e escondido o corpo no freezer da casa onde moravam. Segundo a Polícia Militar (PM), a mulher disse que usou chumbinho para matar a vítima. Na quinta-feira (22), uma moradora da Vila Sarandi, zona rural de Marabá, no sudeste do Pará, foi presa após jogar o próprio filho de 7 meses pela janela. A Polícia Militar foi acionada pelo pai da criança, ex-companheiro da mulher. No local, o bebê foi encontrado com lesões no rosto e no corpo. Em depoimento prestado a Polícia Civil, a mãe confessou o crime e disse que estava ingerindo bebida alcoólica quando se irritou e jogou a vítima pela janela. O bebê foi encaminhado para o Hospital Municipal de Marabá, onde passou por avaliação médica e passa bem.

Esses e outros casos levam a um alerta: o que está acontecendo com a saúde mental das mães? Conforme a psiquiatra Daniele Boulhosa, de Belém, a mudança de rotina com a chegada do novo bebê e a alta sobrecarga da maternidade podem levar ao desenvolvimento de doenças mentais. E ignorar a saúde mental não só coloca em risco a saúde e o bem-estar das mulheres, como também afeta o desenvolvimento físico e emocional dos bebês.

“Infelizmente, ainda há muitos estigmas em relação à maternidade, onde há uma romantização sobre a relação da mãe e filho. Isso prejudica não só a qualidade de vida da mãe, mas do filho também. Se a mãe não está bem, consequentemente a criança será afetada”, explica a especialista.

Ela aponta que a maternidade exige uma mudança no estilo de vida da mulher e de toda a família. “São muitas mudanças e a mulher tenta acompanhar tudo e muitas vezes não consegue lidar com suas próprias emoções. Sem uma rede de apoio, que é totalmente necessária nesse processo, a mulher pode acabar entrando numa tristeza profunda, diz Daniele.

image Psiquiatra Daniele Boulhosa diz que autocuidado e rede apoio são importantes para prevenir a depressão pós-parto. (Divulgação / Assessoria de imprensa)

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Doenças psicológicas

A depressão pós-parto se caracteriza por uma tristeza profunda, falta de esperança e angústia e acontece no período do puerpério. “Sentimentos relacionados à pressão de ser uma boa mãe, às responsabilidades de cuidar da casa e dos filhos e os estresses diários só tendem a piorar o quadro, assim como fatores físicos, qualidade de vida e histórico de outros problemas mentais”, explica Daniele. “Mas o principal fator está relacionado com a questão do desequilíbrio hormonal do término da gravidez”, acrescenta.

A melhor forma de prevenção, conforme a psiquiatra, é cuidando de si mesma. “Nós mulheres devemos reservar um tempo de autocuidado. Isso irá favorecer o desenvolvimento dos nossos filhos e fortalecer nosso vínculo emocional com eles, assim como irá proporcionar bem-estar e qualidade de vida para toda a família”, conclui Daniele.

 

Atendimento na rede pública

A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) informou que o acompanhamento às mães é realizado de forma multiprofissional, desde que a gestante busque a rede de atenção primária para realizar o pré-natal e siga até a consulta de pós-parto. “Em geral, as gestantes têm suporte que envolvem discussões sobre o momento da gravidez e puerpério, situações de afetividade, sensibilização e apoio para uma vivência positiva da gestação, parto e maternidade”, informa

“Na consulta pós-parto, os profissionais avaliam a necessidade do acompanhamento psicológico por mais tempo. Esse atendimento pode seguir na UBS em que foi feito o pré-natal ou, de acordo com a necessidade, a paciente pode ser encaminhada para atendimento especializado em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)”, diz a nota.

A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (SESPA), por sua vez, disse que, desde 2004, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher aborda a saúde feminina em todas as fases da vida. No pré-natal, parto e puerpério, o estado emocional e psíquico são valorizados. “No pós-parto, o acompanhamento deve ser feito por equipes multiprofissionais das Unidades de Saúde dos municípios. Em casos de intenso sofrimento psíquico por problemas mentais graves, as pacientes podem ser encaminhadas para os Centros de Atenção Psicossocial-CAPS”.

*Estagiário sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade de O Liberal.

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