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Exposição de arte sobre corpo e nu fica aberta em Belém até este sábado

Programação é inédita em Belém e a visitação é gratuita. Confira as exposições com a temática do nu que estão abertas no Brasil

Luiz Cláudio Fernandes

Últimos dias para conferir a exposição Desnudo, que está aberta na galeria Benedito Nunes, em Belém, até este sábado (2). Contemplada pelo edital Prêmio Branco de Melo, da Fundação Cultural do Estado do Pará, a exposição com curadoria de Vânia Leal reúne 131 trabalhos de mais de 90 artistas de 15 estados brasileiros e 11 países, presentes na Coleção Eduardo Vasconcelos e também em um catálogo impresso distribuído aos visitantes. 

A mostra tem apoio do Studio Tintas, Maxcolor e revista Design.com e fica aberta de segunda a sexta, das 10h às 17h (no sábado até as 12h). Os visitantes são convidados a conferir a diversidade presente nas formas de representação artística do corpo humano, repensando os conceitos dos corpos-obras enquanto mecanismos de discussão política, de gênero e de sexualidade. 

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Algo nunca visto em Belém 

 

A curadora Vânia Leal se debruçou dias e dias sobre o vasto acervo de Eduardo para catalogar as obras que compõem a exposição. Segundo ela, a sexualidade e as questões de gênero são muito presentes na coleção, por isso elas ganharam destaque enquanto recorte. “Esse recorte que fala de sexualidade tem, inclusive, uma representação interessante na vida e na história da arte”, explica.

Ainda segundo Vânia, o recorte é precioso e antecipador ao fazer uma reparação histórica. “É antecipador porque, quando o colecionador adquiriu lá atrás esse acervo que perpassa pela diversidade (corpos trans, corpos pretos e corpos de mulheres), ele já estava pensando nesse rompimento de padrões que hoje os movimentos LGBTQI+ e as mulheres ‘arte-vistas’ estão fortemente buscando. O apagamento desse público sempre existiu, mas a arte sempre tratou dessa questão de forma antecipadora”, explica a curadora. 

“Apresentamos um recorte nunca visto em Belém, com trabalhos que incluem corpos trans, corpos de mulheres e corpos negros”, diz Vânia. Ela delimitou três núcleos na exposição: “Corpo e Ativismo”, “Corpo Desnudo” e “Fantasias e Fetichismo”.  


Naturalização do nu

 

Eduardo explica que, desde os primórdios da humanidade, a representação do corpo nu se faz presente. Em esculturas pré-históricas, passando pela antiguidade e Idade Média, até chegar ao período contemporâneo, a nudez nunca passou incólume e incógnita. Grandes artistas, como Leonardo Da Vinci, Michelangelo e Picasso exploraram o tema em diversos contextos, criando obras atemporais, que atraem a atenção até os dias atuais. “A partir dos anos 60 a nudez teve papel fundamental na contestação de padrões sociais, gerando debates sobre a dominação masculina, o empoderamento feminino e as desigualdades sociais”, esclarece. 

“Recordo que a exposição ‘Histórias da Sexualidade’, realizada em 2017 no MASP, teve recorde de público, com 114 mil visitantes, ao trazer os corpos nus dentro de seus eixos temáticos. Ressalto ainda a estratégia utilizada em 2015 pelo Museu d’Orsay e o Museu de L’Oragerie, em Paris, com a campanha ‘Emmenez vos enfants voir des gens tout nous’ (Tragam seus filhos para ver gente nua), extremamente bem recebida pelo público. A proposta era estimular famílias a visitarem os espaços e conhecerem as obras”, finaliza.

O acervo de Eduardo Vasconcelos

 

Sempre convidado para participar de encontros, lives e pesquisas sobre arte e colecionismo, o professor e colecionador de arte Eduardo Vasconcelos tem um acervo de mais de 700 obras entre pinturas, esculturas, fotografias, desenhos e objetos. Há um núcleo só de arte paraense. Movido pela lógica de que a arte deve ser compartilhada, ele decidiu abrir a sua reserva técnica às grandes exposições. 

“Temos uma infinidade de obras com elevada importância artística e cultural e que são vistas somente em uma esfera bem restrita. O papel do colecionador de arte não deve se restringir ao mero acúmulo das obras. Permitir que essas obras circulem e tenham visibilidade, contribui para a difusão da cultura e do próprio mercado, envolvendo todos os elos dessa cadeia. Há um papel social e político importante nisso tudo, principalmente na construção de novos olhares para a arte”, diz Eduardo.  

Exposições de arte sobre nudez ou com tema homoerótico abertas no Brasil   

 

Exposição Paraíso dos Marrecos (São Paulo)

Adriel Visoto, Fefa Lins e Tales Frey participam da exposição coletiva “Paraíso dos Marrecos”, curada por Ícaro Ferraz Vidal Junior, em exibição na Residência Fonte, em São Paulo. A mostra entra em sua última semana.

Primeiro Salão de Arte Homo Erótica (São Paulo)

Segue aberta até o dia 30 de julho em São Paulo o primeiro Salão de Arte Homo Erótica com curadoria de Paulo Cibella. Os artistas reunidos nesta primeira edição do Salão, Daniel Jaen, Félix D’eon, Hanz Ronald, Helton Aversa Gutierrez, Paulo Cibella e Paulo Jorge Gonçalves, trazem à luz corpos e desejos de homens por homens. Perpassam pontos relevantes, e ainda tabus, da masculinidade: prostituição, exposição na internet, vaidade, transgressão e pornografia entre outros temas muitas vezes perturbadores.

Exposição Além da Parada (São Paulo)

Segue aberta até o dia 3 de julho a exposição "Além da Parada. Emoções diversas em meio à Arte", na Galeria Objectos do Olhar, em São Paulo, com curadoria de Filipe Chagas.

Agende-se:

 

Exposição “Desnudo”, contemplada pelo edital Prêmio Branco de Melo, da Fundação Cultural do Estado do Pará.

Onde: Galeria Benedito Nunes, na Fundação Cultural do Pará (Avenida Gentil Bittencourt, 650, esquina com a Avenida Rui Barbosa - Nazaré, Belém). 

Quando: Até o dia 2 de julho de 2022.

Hora: De segunda a sexta, das 10h às 17h (no sábado até as 12h).

Instagram: @colecaoeduardovasconcelos / @design.comrevista.

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