Contos revelam a face assustadora de Belém
Fernando Gurjão Sampaio indica quatro livros representativos sobre encantarias e visagens
Belém é a capital dos contos e relatos de aparições e assombrações. Algumas são mais conhecidas e outras nem tanto, mas todas essas histórias inquietam até quem não costuma acreditar em visagens. O advogado e escritor Fernando Gurjão Sampaio sugeriu quatro histórias que fazem parte do imaginário belenense.
Segundo o advogado, a grande vantagem da literatura é retratar diversas épocas, situações, pessoas e classes sociais, fornecendo retratos precisos que, juntos, oferecem uma imagem única de algo. “Todos os textos têm, de alguma forma, ligação com a Belém caótica e desrespeitosa de hoje. Admiro muito o título do De Campos Ribeiro, Gostosa Belém de Outrora, pois retrata bem o sentimento que temos diante da degradação da cidade. Amar Belém torna-se, dia após dia de descasos e desrespeitos, uma verdadeira sina. Desde o ponto de ver a bela Belém de tomar sorvete diante do Grande Hotel, a perceber que ainda há muitos que talvez tratassem a pandemia de Covid-19 com os mesmos protocolos da pandemia da Espanhola”, concluiu.
Confira os contos que revelam a face assustadora de Belém
1 - O Abridor de Letras, do João Meirelles Filho, do livro de mesmo nome (Ed. Record). Nesse conto acompanhamos a aventura sobrenatural do Pinduca, um artesão de barquinhos de miriti que, subitamente, é atormentado por uma encantaria. Nos confins de uma Abaeté antiga, misteriosa, o pobre aprendiz de artesão recorre ao poder da Tia Branca, que junta mais uns vizinhos para lutar contra a moléstia do encantamento.
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2 - Preces, remédio contra epidemia, do De Campos Ribeiro (Gostosa Belém de Outrora.. Ed. SECULT). É engraçado ver, neste breve relado do De Campos Ribeiro, como Belém conviveu com a epidemia (ou seria pandemia) de Gripe Espanhola. Cem anos depois, é assustador perceber que ainda tem belenense querendo agir como os belenenses de 1919, na base de mandinga e remédio para verme.
3 - O Turista Aprendiz, de Mário de Andrade (Edição IPHAN) - é sempre sonhador voltar às páginas d’O Turista Aprendiz e rever as impressões do Mário sobre uma Belém de outrora, tal qual a do De Campos Ribeiro. Desde a chegada à cidade, às aventuras pelos rios e cidades próximas, a tomar um sorvete em frente ao finado Grande Hotel. Apesar de não ser um conto propriamente dito, mas sim parte de um todo, são páginas muito carinhosas com a cidade.
4 - No Utinga, da jornalista Iaci Gomes (Nem te Conto, Ed. Folheando) - nesse conto a Iaci relata um encontro estranho e fantasmagórico com um ser misterioso e bem conhecido dos paraenses, em pleno Parque do Utinga. Quando as posições mudam de lugar, como será que encaramos o que nos é familiar? A Iaci tem uma prosa maravilhosa, uns contos fantasmagóricos que são perfeitos, numa típica literatura fantástica amazônida. Das melhores descobertas.
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