710 jornalistas e 120 carteiros se vacinam contra a covid-19 nesta segunda

Essas são duas categorias profissionais que não pararam durante a pandemia e mantinham um grau de exposição à covid-19 bem elevado

Emanuele Corrêa
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Após meses de trabalhos ininterruptos e sem vacinação, nesta segunda-feira (5) os jornalistas entraram para o público que recebe a primeira dose de vacina contra covid-19, junto com os carteiros. O Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA) estima que 710 jornalistas serão vacinados, juntos com 120 profissionais dos Correios. A vacinação é restrita a uma lista elaborada com os nomes dos profissionais que tomarão a primeira dose do imunizante.

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"Estamos nessa luta desde dezembro do ano passado. Levantamos dados que demonstraram que o Estado do Pará estava com muitos óbitos, comparado a estados do Amazonas e de São Paulo. Levamos aos órgãos competentes para incluir a nossa categoria. Abrimos um cadastro, para além dos sindicalizados... Os fotojornalistas, repórteres cinematográficos também. Todos que tiverem diploma ou registro profissional", disse Vito Gemaque, Presidente do Sinjor-PA.

A covid-19 interrompeu muitos sonhos. No Brasil, são mais de meio milhão de brasileiros. Todos os dias noticia-se assuntos relacionados ao combate, prevenção, vacinação contra o coronavírus, mas, infelizmente, muitos jornalistas também fazem parte das estatísticas.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) elaborou um dossiê de abril de 2020 a março de 2021, intitulado "Jornalistas Vitimados pela Covid-19". Os dados apontam que o Brasil é o país com o maior número de mortes: 169 casos, destes os maiores números estão em: São Paulo, Pará e Amazonas com 19 jornalistas vítimas da doença. Desse número, oito mortes no Pará aconteceram apenas no mês de março.

"O mês de março deste ano foi o momento de maiores óbitos. Nestes três primeiros meses, foram maiores que todo o ano passado. Na nossa avaliação, o que ocorreu é reflexo da pandemia. Vivemos uma segunda onda, que foi mais letal. E os jornalistas continuam trabalhando, na linha de frente informando a população. Se tem mais pessoas circulando sem máscaras, se tem mais vírus circulando, lógicamente esses jornalistas vão se infectar.... Outra situação que analisamos, é que muitas empresas de comunicação não liberaram esses profissionais ao home office. A maioria que estava no home office e conseguiram aplicar o isolamento social, estão vivos.... Pessoas dos 40 aos 60 anos faleceram, foi a principal faixa etária dos jornalistas no estado do Pará afetada", ressaltou Gemaque.

image O repórter de O Liberal, Eduardo Laviano, ressalta que os profissionais de imprensa não pararam na pandemia e aumentaram a carga de trabalho (Cristino Martins / O Liberal)

A sede do Sindicato dos Urbanitários — que cedeu espaço para a vacinação dos jornalistas — estava lotada de profissionais de vários veículos de comunicação. Eduardo Laviano, repórter de O Liberal, estava entre os vacinados desta manhã.

"A sensação é incrível... Nossa categoria trabalhou durante a pandemia, não parou, com um motivo: levar informação nesse momento tão delicado que o Brasil está vivendo. Se vacinar sabendo que fizemos cobertura de hospital de campanha, ônibus lotado, é uma sensação muito boa que eu vou poder chegar em casa e falar com os meus pais menos preocupado com o que eu fiz ao longo do dia.... Sensação de alívio e meio de missão cumprida" disse o repórter Eduardo Laviano.

A repórter do SBT, Bianca Teixeira, após se vacinar relatou sobre o sentimento que a envolveu durante a pandemia: "uma espera agoniante... A gente cobre a vacina desde o primeiro dia, a gente vive a ansiedade, esperando esse momento. De tudo o que vivenciamos na porta dos hospitais, das histórias que a gente ouviu, amigos nossos de profissão que se foram e não tiveram a chance da vacina... Hoje poder ser vacinada representa uma esperança muito grande.  A gente tá vendo a vacinação caminhando, a gente tá vendo os reflexos da vacinação na diminuição do número de óbitos... É uma conquista para a nossa categoria que não parou um só minuto e não vai parar. ", comentou Bianca Teixeira

Muitos profissionais da comunicação estavam visivelmente emocionados, como o editor-chefe e apresentador do É do Pará, da TV Liberal: "eu tô aqui não só por mim, eu tô aqui pela minha avó que a covid levou... Estamos sentindo ainda as perdas. É duro viver esse estado de saudade... É um respeito aos que foram e aos que continuam na luta para vencer essa doença, e poder voltar a viver a normalidade. Estar aqui é nosso dever como cidadão... Agora é só esperar a segunda dose... Vacina, sim! Quem estiver na idade, nos grupos, aproveitem essa oportunidade", ressaltou Gustavo.

 

Profissionais dos Correios: sem parar na pandemia

"Hoje o sentimento é de dever cumprido. Estamos nos sentindo vitoriosos... Os carteiros estiveram nas casas das pessoas entregando, os atendentes cuidando das encomendas, etc. Os trabalhadores levam dignidade, levam as encomendas pela internet e presencialmente a casa das pessoas... Por dia 120 a 150 casas atendidas", disse Israel Rodrigues, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios do Estado do Pará (Sincort).

"Hoje somos 1.800 trabalhadores no Estado, em Belém, 700. Com o avanço da vacinação, muitos estão vacinados. E hoje após conseguir que a Prefeitura vacinasse em Belém... Mas precisamos levar aos demais municípios", complementou Israel.

O número de profissionais dos Correios vitimados pela Covid-19 no Estado, também é preocupante. Israel comenta que são quase 30 óbitos no Estado: "quase 30 no Estado, destes 5 foram na região Metropolitana de Belém. Por isso a necessidade de ampliar a vacinação... Em abril mandamos um ofício ao Governo do Estado, Sespa, mas não tivemos nenhuma resposta, não fomos consultados... Precisamos vacinar todos os trabalhadores dos Correios no Pará para ficarmos tranquilo", disse o sindicalista.

Acionada sobre o planejamento de vacinação total dos carteiros, a Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa) destacou "que recebeu o ofício no dia 13 de abril e em resposta ao Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos do Estado do Pará (Sincort-PA), no dia 14 de abril, a Sespa informou que o Plano Paraense de Vacinação seguia as diretrizes do Plano Nacional de Imunização, que não contemplava o grupo dos funcionários dos Correios com prioritário".

O comunicado ressaltou ainda que "com o avanço da vacinação por idade, a Sespa tem avaliado a inclusão de novas categorias a partir de solicitação das entidades representantes e aprovação pelo Comando de Operações de Emergências relacionadas à Covid-19 juntamente com o Ministério Público do Estado do Pará".

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