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'Brasil ficou refém de briga ideológica', afirma deputado André Janones, pré-candidato à Presidência

Em entrevista para o Grupo Liberal, pré-candidato a Presidência da República afirma que eleitores estão ávidos por novas opções

Eduardo Laviano

Eleito deputado federal por Minas Gerais em 2018, André Janones (Avante) agora quer ser presidente do Brasil. Diferente de outros pré-candidatos que buscam fugir da polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele afirma que comanda uma candidatura "irrevogável", por considerar que ela é a única que representa de fato os trabalhadores brasileiros que passam dificuldades todos os dias enquanto se tornam reféns das brigas ideológicas capitaneadas por políticos que vivem longe da realidade nacional. De passagem por Belém enquanto pré-candidato ao cargo máximo do país, Janones esteve na redação de O Liberal na última segunda-feira (11) e falou que espera que o Brasil possa se libertar do atual cenário socioeconômico difícil.

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"Nossa candidatura quer romper o debate ideológico do qual o povo brasileiro está refém e a classe política faz questão de alimentá-lo diariamente. Acho lamentável isso porque temos tantos problemas que são reais no Brasil, comuns a todos, independente se é de esquerda, direita, homossexual, heterossexual, se é católico, espírita, evangélico ou ateu. Problemas relativos ao preço dos alimentos, a qualidade do transporte público, saúde, salário mínimo. Minha pré-candidatura rompe com esse debate que é ultrapassado", afirma.

Apesar dos mais de sete milhões de seguidores nas redes sociais, Janones não gosta de ser taxado como um "fenômeno" do ambiente virtual. Ele não quer ser colocado no mesmo montante de colegas parlamentares que ficaram conhecidos como "deputados youtubers". "Não me coloco e não exerço meu mandato como se fosse um influenciador digital. Costumo dizer que faço política na vida real e me comunico através das redes sociais. Acho importante fazer essa separação porque infelizmente tiveram muitos que foram eleitos pelas redes sociais - e eu fui um desses, em 2018 - mas tiveram muitos que em algum momento se perderam e passaram se portar como youtubers", diz ele, que é natural da cidade de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.

"Terceira via"

André Janones garantiu que jamais irá se apresentar aos eleitores como um candidato da terceira via e estabeleceu alguns comportamentos que o diferenciam dos candidatos deste nicho: a primeira é que ele não está aberto a negociações. Em segundo, Janones afirma que os números das pesquisas não guiam a candidatura dele. Por fim, afirmou que não quer falar somente com um lado ou com o outro.

"A primeira via discursa para e representa um nicho. A segunda fala para outro nicho. Com isso a gente está falando em divisão, colocar o brasileiro um contra o outro. E aí vem a terceira via para fomentar ainda mais essa divisão. Independentemente do resultado eleitoral, a minha candidatura irá se propor a ser a via de consenso, a via do que há de melhor na primeira via, na segunda e em todos os segmentos da sociedade. uma via de união", avaliou o deputado.

O uso do termo "centro democrático" por parte de candidatos como Simone Tebet (MDB), Eduardo Leite e João Dória (ambos do PSDB) também foi criticado pelo parlamentar. Na opinião dele, é incorreto que um grupo de pessoas sequestre para si o conceito de democracia para sobrepor a candidaturas dissonantes ou com menos recursos e visibilidade.

"Condeno veementemente. Eles anunciaram que agora, dia 19 de maio, eles vão definir qual será o nome do campo democrático. Vejam bem a arrogância, a petulância desses candidatos que se dizem terceira via, relembrando a época da política do café com leite onde dois ou três engravatados poderosos da política escolhiam quem ia se candidatar para ser o próximo presidente", avalia ele, ao dizer que após a definição do nome da terceira via estará disponível para representar todos os brasileiros que nunca tiveram lugar na mesa de discussões com uma candidatura popular.

Janones fez questão de ressaltar que não há a mínima possibilidade que a pré-candidatura dele seja retirada e citou o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro pela desistência da corrida eleitoral. "É até bom, pois sabe o que isso revela? Que essas pessoas não tem projeto de país. Elas tem projeto de poder, ficar no poder a qualquer custo. Se não for através do meu projeto, eu desisto e apoio o seu. O importante é eu ascender ao poder. Quando você tem um projeto de país, esse projeto é o mesmo se você tem 0,5%, 10% ou se vence as eleições. Eu não me guio e não me moldo por pesquisas eleitorais", diz.

Lula e Alckmin

Mesmo com o aceno ao centro feito pelo ex-presidente Lula ao anunciar o outrora rival Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa das eleições de outubro, Janones acredita que a candidatura do petista irá derreter até o ponto de ficar de fora do segundo turno. Na opinião dele, o simbolismo da chapa é válido, mas vai de encontro com a história do ex-presidente Lula e atesta incoerência do petista com os próprios princípios. 

"Acredito que o presidente Bolsonaro está mais próximo de consolidar a presença no segundo turno pelo fato de que ele tem um número maior de radicais. O ex-presidente Lula tem menos radicais e mais possibilidades de derreter porque o Lula de hoje não é o mesmo Lula lá de atrás. É um Lula que coloca o Alckmin como vice, absolutamente infiel às suas origens. Transmite que ele não tem princípios, que ele passa por cima de qualquer princípio para chegar à presidência da república. Existe um limite de até onde você vai. A tentativa foi boa, louvável, no sentido de tentar quebrar com esse clima de ódio, passar uma mensagem simbólica de que estamos todos juntos e temos que nos unir em prol do país. O problema é que o ex-presidente Lula veio do povo, mas não é povo há muitos anos. Acho que é o grande diferencial entre eu e ele", diz. 

Mesmo com Lula e Bolsonaro disparados nas pesquisas, Janones afirma que o que há no Brasil é na verdade uma falsa polarização. Segundo ele, a maioria dos eleitores está em busca de uma opção menos pior.

"Não tenho dúvida que uma candidatura fora de Lula e Bolsonaro estará no segundo turno. E se não estiver, não é por mérito deles, e sim por incompetência nossa, porque nós não conseguimos fazer a mensagem chegar. O eleitor brasileiro está ávido, louco esperando logo essa candidatura que liberte ele dessa sinuca de bico", acredita. 

Projetos

O pré-candidato do Avante quer tornar um projeto de renda mínima como principal plataforma da campanha, nos moldes do auxílio emergencial e do atual Auxílio Brasil, mas que englobe capacitações para o mercado de trabalho. 

"Ele é muito semelhante ao programa proposto pelo vereador Eduardo Suplicy (PT). Tem algumas diferenças pontuais e ainda no mês de abril apresentaremos com mais detalhes. Nossa proposta é dar o peixe e ensinar a pescar. Levar esse auxílio às mãos de quem precisa e ao mesmo tempo qualificar e preparar essas pessoas para o mercado de trabalho moderno", destacou ele, ao lembrar que colocar dinheiro na mão dos mais pobres não é gasto, mas um investimento. 

Mineração

Ao comentar as semelhanças entre os estados do Pará e de Minas Gerais, Janones lembrou que a mineração é fundamental para a economia do Brasil, mas que precisa ser exercida com responsabilidade.

"É muito difícil explicar como as regiões mais ricas do país são justamente as mais pobres, isso volta ao problema dos níveis de desigualdade social. É uma atividade econômica de extrema importância, que o nosso país precisa, mas que a gente não tem que escolher entre manter uma atividade ou preservar o meio ambiente ou preservar vidas. A gente precisa cuidar de tudo", afirma.

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