Flavio Dino autoriza buscas em apartamento do deputado Antônio Doido

Medida faz parte da Operação Igapó, da Polícia Federal

O Liberal

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta terça-feira (16) a realização de buscas pela Polícia Federal (PF) na residência do deputado federal Antônio Doido (MDB-PA). A medida integra a Operação Igapó, que apura a atuação de uma organização criminosa suspeita de sacar cerca de R$ 48 milhões em espécie de agências bancárias no Pará.

Durante o cumprimento do mandado, nas primeiras horas da manhã, agentes da PF localizaram um aparelho celular na área externa do prédio onde o parlamentar mora, na região central de Brasília. Segundo testemunhas ouvidas pelos policiais, o telefone teria sido arremessado pela janela.

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Antônio Doido é investigado por suspeita de desvio de recursos públicos por meio de empresas de fachada, principalmente no setor da construção civil, que, de acordo com a PF, seriam controladas por sua esposa, Andrea Costa Dantas.

Relatório parcial da Polícia Federal, cujo sigilo foi levantado por decisão do ministro Flávio Dino, aponta a existência de um “complexo esquema de lavagem de dinheiro”, com origem em contratos públicos. Segundo o documento, parte dos recursos teria sido destinada a fins eleitorais ilícitos e à aquisição de patrimônio.

As investigações tiveram como ponto de partida dados extraídos do celular de Francisco Galhardo, policial militar aposentado que, conforme a PF, atuava a mando do deputado e era responsável pelos saques em dinheiro, prática que ocorreria ao menos desde 2023.

“Os elementos apontam para a conclusão de que Francisco Galhardo se utilizaria ‘do aparato estatal, mais especificamente, de um grupo de policiais militares, para realizar, dentre outras atividades suspeitas, a movimentação de altas quantias em espécie, sob a égide do deputado federal Antônio Leocádio dos Santos’”, afirma o relatório da PF.

Galhardo foi preso em flagrante em outubro de 2024, dentro de uma agência bancária em Castanhal (PA), com R$ 4,6 milhões em espécie. Os investigadores também destacam que Antônio Doido utilizaria a função de mensagens temporárias do WhatsApp, o que teria limitado o acesso a conversas armazenadas no aparelho analisado.

Segundo a PF, parte do dinheiro apreendido seria usada para custear o deslocamento de policiais militares pelo interior do estado, incluindo a aquisição de um roteador via satélite para garantir comunicação fora da área de cobertura.

Em parecer favorável às diligências, a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que, além das movimentações financeiras suspeitas, há indícios de “instrumentalização da estrutura policial em benefício de candidaturas políticas”.

A Polícia Federal também solicitou autorização para realizar buscas no gabinete do deputado na Câmara dos Deputados, mas o pedido foi negado por Flávio Dino. Segundo o ministro, os fatos investigados estão concentrados no estado do Pará, sem demonstração concreta da utilidade da diligência no Legislativo federal.

Além do deputado, o secretário de Obras Públicas do Pará, Ruy Cabral, também foi alvo de buscas nesta terça-feira. Ao todo, Dino determinou a apreensão de aparelhos eletrônicos e a quebra do sigilo telefônico e telemático de 13 pessoas físicas e dez pessoas jurídicas, incluindo dispositivos da Secretaria de Obras Públicas do Estado. O ministro também ordenou o bloqueio de até R$ 17 milhões em contas vinculadas aos investigados.

O Grupo Liberal tentou contato com o gabinete do deputado Antônio Doido, pelos telefones e endereços de e-mail informados no site da Câmara dos Deputados, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto para manifestações.

Também em nota, a Secretaria de Estado de Obras Públicas informou que todas as contratações estaduais seguem rigorosamente o devido processo licitatório, em conformidade com os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e economicidade, além das regras previstas nos editais publicados no Portal Nacional de Contratações Públicas. A pasta afirmou ainda que todos os pagamentos às empresas contratadas são realizados por meio de procedimentos administrativos formais e que a secretaria colabora permanentemente com os órgãos de controle, colocando-se à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.

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