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Fraude no Enem no Pará: 21 estudantes são investigados em inquérito da Polícia Federal

Os investigados poderão responder pelos crimes de falsificação de documentos e estelionato

O Liberal

Vinte e um estudantes estão sendo investigados pela Polícia Federal suspeitos de participação em um esquema de fraudes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nos anos de 2022 e 2023, além de outros vestibulares realizados de forma remota, no Pará. As investigações tiveram início em Marabá, sudeste do estado, ainda em fevereiro deste ano.

Três homens foram presos no mês de março: André Rodrigues Ataíde, Moisés Oliveira Assunção e Eliésio Bastos Ataíde. A partir dos aparelhos celulares apreendidos com o trio, os policiais federais chegaram a outros 18 nomes que também passaram a ser investigados, totalizando, então, 21 pessoas alvo de um inquérito aberto pela PF.

A reportagem do Grupo Liberal teve acesso aos documentos elaborados pela Polícia Federal, no mês de março, os quais ainda não foram divulgados de forma oficial pela instituição. As páginas processuais apontam que os 18 investigados são naturais dos seguintes estados brasileiros: Pará, Maranhão, Goiás, Tocantins e Alagoas. Conforme os documentos, essas pessoas poderão responder pelos crimes de falsificação de documentos e estelionato.

Segundo as investigações da Polícia Federal, conversas de Whatsapp revelaram que André Ataíde agia “de forma organizada, com o envolvimento de dezenas de pessoas, orquestra a fraude de dezenas de provas de vestibular online em troca de pagamento, além da falsificação de documentos”, diz um dos trechos do documento analisado pela reportagem.

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Modus operandi

Para a PF, André se aproveitava das falhas nos sistemas de detecção de fraudes para obter vantagens econômicas. As investigações revelaram que André recrutava diversas pessoas para resolverem questões das provas, burlando os sistemas de monitoramento que exigem webcam e microfone ligados.

Para driblar a segurança, André orientava os candidatos a posicionarem um celular próximo ao notebook, fora do campo de visão da webcam, enquanto uma pessoa sentava-se ao lado do candidato para fornecer as respostas. Em casos específicos, André adulterava a identidade dos candidatos, como ocorreu com uma candidata que teve sua foto substituída pela de uma suspeita, permitindo que a prova fosse feita por outra pessoa.

Os candidatos iam até a casa de André, onde ele fotografava as questões e enviava para terceiros resolverem. Além das fraudes em vestibulares, a Polícia Federal encontrou inúmeros documentos falsificados em posse de André, incluindo carteiras de vacinação, carteiras de identidade e atestados médicos.

Os documentos da Polícia Federal destacam o elevado risco de reiteração criminosa devido ao padrão sistemático das fraudes e ao envolvimento de múltiplos participantes no esquema.

As investigações da PF mencionam ainda que, por meio das fraudes, os alunos conseguiram ingressar em instituições como a Facimpa/Afya, Universidade do Estado do Pará (Uepa) e Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).

Procurada pela reportagem do Grupo Liberal, a Afya Educação Médica informou que "possui duas formas de processos seletivos para seus cursos de graduação".

Veja a nota na íntegra:

Os alunos que ingressam via Enem utilizam suas notas obtidas em prova aplicada pelo governo federal. Para as investigações em curso sobre esse tema, a instituição segue à disposição das autoridades competentes, comprometendo-se a fornecer todas as informações que venham a ser solicitadas e, sempre que necessário, tomará as medidas cabíveis dentro do que prevê a legislação.

Para o caso do vestibular próprio, a instituição aplica uma prova on-line através de um dos mais modernos e reconhecidos sistemas de segurança da atualidade, equivalente ao sistema da prova norte-americana Toefl. O sistema foi desenvolvido para monitorar os candidatos e garantir total integridade do processo. Utilizando inteligência artificial, a plataforma grava o candidato em tempo real e o monitora por áudio e vídeo durante toda a execução da prova, realizando o bloqueio ou a quebra de conexão do concorrente em caso de suspeita de fraude, como tentativa de abertura de outra tela no computador, uso de celular ou ausência do candidato à frente da máquina.

A realização das provas também é acompanhada por monitores e fiscais que, conectados ao sistema, podem solicitar imagens mais detalhadas de eventuais ocorrências suspeitas e desclassificar o concorrente imediatamente.

A instituição reforça que atua com transparência, não tolerando quaisquer comportamentos que estejam em desacordo com os mais altos preceitos legais e éticos que a regem. A Afya afirma seu compromisso com a integridade e a justiça em todas as suas atividades acadêmicas e que, havendo comprovação de não conformidade, aplicará as medidas adequadas.

Uepa

Por meio de nota, a Uepa comunicou que a “Universidade do Estado Pará (Uepa) segue acompanhando o caso e está alinhada no cumprimento da justiça. Após decisões da Comissão de Sindicância Interna, os estudantes acusados de participar da fraude foram impedidos de dar prosseguimento às atividades acadêmicas na universidade. As decisões sobre o cancelamento definitivo das vagas desses alunos dependem da finalização dos processos judiciais movidos pelos envolvidos”.

Inep

Órgão defende a segurança do Exame. "Todos os processos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são planejados e executados com estratégia de segurança. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) conta com o apoio da Polícia Federal nas ações de investigação e combate a tentativa de fraudes. A Autarquia trabalha no aprimoramento dos protocolos de acompanhamento e segurança da prova e apresentará novas informações em momento oportuno, de forma a não comprometer o sigilo de dados que são essenciais à aplicação segura do Enem deste ano", diz em nota.

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