Pará é rota de espécies de aves migratórias monitoradas para prevenção da gripe aviária
Trinta-réis-de-bando e Trinta-réis-real costumam aparecer na costa paraense, como aponta uma pesquisadora da Ufra. O Pará não tem casos registrados da doença e os animais não devem ser atacados.

Duas espécies de aves silvestres que tiveram diagnósticos para H5N1, o vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), costumam passar pelo Pará durante os fluxos migratórios. De acordo com a professora Ana Silvia Ribeiro, coordenadora do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Selvagens (Cetras), da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), as aves são o Trinta-réis-de-bando (Thalasseus acuflavidus) e Trinta-réis-real (Thalasseus maximus). Os pássaros ocasionalmente são avistados na costa paraense. No entanto, isso não quer dizer que há casos de gripe aviária no estado. Também não há qualquer monitoramento ativo de casos suspeitos.
“A gripe aviária é um vírus que afeta as aves silvestres e possui várias cepas, algumas de baixa patogenicidade. As aves de maior importância de monitoramento nesse momento são as aves migratórias, aves que frequentam ambientes aquáticos", explica a pesquisadora Ana Silvia. A professora alerta, ainda, que a população não machuque os animais: “É sempre muito importante que a população não busque o óbito das aves que estão em espaços públicos na natureza", observou.
Na última segunda-feira (22), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) declarou emergência zoosanitária de 180 dias em todo o território nacional, devido a casos de gripe aviária detectada nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. A portaria mantém proibidos eventos com aglomeração de quaisquer espécies de aves. A medida é de segurança e não afeta a condição do Brasil como país livre de IAAP. Até o momento, não foram identificados casos de gripe aviária em humanos.
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A professora explica que a gripe aviária é uma zoonose, ou seja, que pode ser transmitida do animal para o ser humano. Contudo, a propagação não ocorre pelo ar e nem pelo consumo da carne de aves ou ovos. “A transmissão ocorre a partir do contato direto com uma ave doente. Caso encontre uma ave que esteja doente, caída, sem movimentos, não entrar em contato com ela e sim informar a agência responsável pelo reconhecimento e monitoramento, que no estado é a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará)", orienta a professora.
Cuidados tomados na avicultura
Na indústria de criação de aves para produção de alimentos, a preocupação é que não ocorra o contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção ou aves silvestres locais, como explica o professor Fernando Tavares, que atua na área de produção e nutrição de aves. De acordo com o docente, a avicultura já possui um plano de bioseguridade consolidado, que inclui evitar o fluxo de pessoas e de veículos, e até desinfecção na entrada e na saída dos viveiros, para evitar a circulação de vírus.
As recomendações e cuidados incluem as determinações do Mapa, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e da Adepará. "Uma das recomendações é impedir que pessoas não essenciais ao trabalho entrem nos plantéis. Também estão sendo realizados programas de monitoramento sanitário, para garantir que qualquer problema de aparecimento da doença seja detectado, possibilitando sua contenção", explica.
Ainda segundo o professor, as medidas de segurança visam evitar restrições ao comércio de aves. O alerta do MAPA indica que os países membros da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) não devem impor proibições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros. "São medidas essenciais não apenas para a saúde pública e meio ambiente, mas para a economia, já que a partir do momento em que temos uma restrição sanitária no país, podemos ter restrição de comercialização e transporte de aves, o que é um problema grave para o Brasil, um dos maiores exportadores de carne de frango do mundo", finaliza.
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