Músico de São Geraldo do Araguaia diz que seu saxofone o apresentou a Marabá

A paixão pela música moveu – e continua movendo – o multi-instrumentista, professor de música, produtor cultural e regente Walkimar Guedes. Natural de São Geraldo do Araguaia, região sudeste do Pará, bem na divisa com o estado do Tocantins, ele fixou raízes em Marabá e leva uma vida de um intenso envolvimento com vários aspectos que envolvem a sua forma de arte.

“Eu vim em nome da música. Cheguei em Marabá em 2006, em uma aventura que encarei com mais quatro amigos. A proposta era para tocar na Banda da Maré Cheia, mas daí a gente começou a fazer trabalhos, conhecer outras pessoas e tocar em Marabá inteira”, lembra Guedes. “O meu instrumento é o saxofone. Foi com ele que eu comecei a conhecer Marabá. Eu toquei em vários barzinhos da cidade, acompanhando voz e violão”.

O talento com o sax foi sendo reconhecido a não demorou para que o músico profissional desse lugar também ao professor. Ao longo dos anos, oportunidades foram aparecendo e mostrando outros caminhos possíveis para um músico trilhar. “Muita gente me perguntava se eu não dava aulas de saxofone e isso já me abriu os olhos para a necessidade de me especializar para poder ensinar, então comecei a estudar. Na época, não tinha o curso de Licenciatura em Música e eu optei por Pedagogia”, explica o saxofonista, classificando esta como a melhor escolha da vida. “Muitos músicos dominam o instrumento, mas não conseguem ensinar. Entender a parte pedagógica foi muito importante nesse período”, conta.

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Dando aulas para crianças e jovens na Fundação Casa da Cultura de Marabá, Walkimar chegou a ter quatro turmas de cerca de 20 alunos e, logo, passou também a trabalhar com o coral da instituição. “Paralelo a isso, surgiu uma oportunidade de trabalhar como ministro de música da primeira Igreja Batista do bairro Novo Horizonte. Lá, eu fiquei responsável por toda a parte musical da igreja, que já tem uma certa tradição na música. Foi quando senti necessidade de fazer uma Licenciatura em Música”, revela.

Nem enquanto aprendia os primeiros acordes, ainda na infância, na banda da igreja, o multi-instrumentista podia imaginar que algumas notas seriam o início de uma trajetória capaz de levá-lo a explorar as diversas possibilidades que a música pode oferecer a alguém. “Acredito que tudo veio acontecendo por consequências do trabalho. Sempre que eu me envolvo em alguma atividade, sinto necessidade de conhecer, me especializar naquilo, para não continuar fazendo às cegas. Hoje, eu sou regente e desenvolvo projetos sociais, projetos culturais, e acho que tudo isso foi consequência da minha atividade no meio musical”, analisa Walkimar.  

Leis de incentivo como força motriz

Atualmente, além de ensinar música, Walkimar se considera um fomentador de projetos da área. No auge da pandemia, com o setor cultural sendo um dos mais prejudicados pelas medidas restritivas, ele usou todo o conhecimento e experiência adquiridos para ajudar outros produtores a sobreviver. “Com a Lei Aldir Blanc, muita gente me procurou porque tinha projeto, mas não sabiam como inscrever. Pessoas que tinham dificuldades com a documentação, com a redação do projeto, que eu também auxiliei, e eu fico muito feliz em poder ajudar tanta gente do meio a conseguir esse incentivo”, afirma o produtor cultural. “Eu vi que seria esse o momento da gente dar um boom nas propostas de projetos culturais. Então eu saía batendo na porta das pessoas... ‘Ei, vamos lá, inscreve o teu projeto. Ainda dá tempo. O que é que está faltando?’ E, assim, diversas propostas de muita gente talentosa foram aprovadas”, conta orgulhoso.

Carajazz Marabá Orquestra é uma das paixões do músico (Divulgação)

As trajetórias diferentes, mas permeadas pela paixão pela música, reuniu os cerca de 20 músicos que integram atualmente a Carajazz Marabá Orquestra, da qual Walkimar é regente. A big band foi fundada em 2014 pelo músico e compositor Ney Conceição, natural de Belém (PA), e logo se transformou em uma deliciosa missão transferida para as mãos dos músicos. “Hoje, o Ney mora no Rio de Janeiro, mas procura sempre estar acompanhando, sempre querendo saber, mandando partituras”, comenta Walkimar. Embora a Carajazz leve a beleza e a sensibilidade da música instrumental a cada apresentação, mesmo em uma orquestra, há dificuldades a serem superadas. “As nossas atividades dependem, praticamente, da boa vontade dos músicos para continuar. A Carajazz ainda precisa ser abraçada. Então a Lei Aldir Blanc também veio para reavivar essa nossa big band, porque nós fizemos projetos que já foram contemplados”, revela.