Cortejo fúnebre com cachaça e fogos de artifício chama a atenção no Pará
A tradição da vila de São João do Abade, em Curuçá, ocorre há mais de 200 anos e é chamada de “frete”

Um cortejo fúnebre em Curuçá, no Pará, chamou a atenção ao acontecer regado à música, cachaça e fogos de artifício. A tradição da Vila de São João do Abade ocorre há mais de 200 anos e objetiva celebrar a vida da pessoa que morreu, segundo o participante Alexandre Nascimento. Há cerca de 25 anos, o momento é chamado de “frete”. Confira abaixo.
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O trecho percorrido é de 4,5 km, da vila até o centro do município, no Cemitério São Bonifácio. Alexandre, que é criador de conteúdo e empreendedor, explica que a família entrega o caixão às pessoas que fazem o “frete”. “São muitos populares e vamos revezando o peso até o cemitério. Lá dentro já não tem fogos nem bebida. Quem quiser beber ou soltar fogos, fica do lado de fora”, diz.
A tradição começou quando os moradores de São João do Abade não tinham acesso facilitado a Curuçá e a serviços funerários, fazendo com que o caixão fosse improvisado com tábuas de Marupá — madeira leve e fácil de encontrar na Amazônia. Ainda conforme Alexandre, “os amigos e vizinhos se reuniam para ajudar nos preparativos, bebendo cachaça e fazendo o cortejo a pé até o cemitério.”
O cortejo, entretanto, é reservado para algumas pessoas e alguns acontecem sem festa. De acordo com a professora Valéria Sales, o funeral possui regras, participação da comunidade e divisão de tarefas. Enquanto os homens jogam baralho ou dominó na frente da casa do falecido, para fazer companhia aos familiares, as mulheres assumem a cozinha e garantem alimento a todos. Durante o trajeto até o cemitério, os homens carregam o caixão até determinada parte e, dali em diante, o trecho é assumido pelas mulheres.
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