Castanhal tem apenas 3 ônibus circulando e vive crise no transporte público
Câmara solicitou ao prefeito a abertura de um processo licitatório para que empresas de fora possam investir no transporte coletivo no município

Com quase 200 mil habitantes, Castanhal vive uma crise sem precedentes no transporte público urbano. Atualmente, apenas 3 ônibus circulam pelas ruas da cidade, cada um pertencente a uma empresa diferente. A cena é bem diferente de anos anteriores, quando as paradas de ônibus viviam cheias de estudantes e trabalhadores aguardando o coletivo. Hoje, a maioria dos pontos de ônibus permanece vazia, reflexo da queda drástica da frota e da confiança do usuário.
A diarista Maria de Assis é um exemplo dessa mudança. Moradora do bairro do Fonte Boa, ela conta que não utiliza ônibus há mais de quatro anos, optando pela bicicleta como principal meio de locomoção. "Cansei de esperar por ônibus velhos, de péssima qualidade, que demoravam muito para passar. Era um sofrimento diário", relata. Situação semelhante levou milhares de castanhalenses a migrarem para transportes alternativos, como mototáxis e aplicativos de transporte.
Segundo o presidente da Câmara Municipal, vereador Nivan Noronha, a frota foi encolhendo gradualmente, até chegar ao cenário atual. "No início deste ano, o prefeito Hélio Leite se reuniu três vezes com empresários do setor, trazendo inclusive representantes do Banpará com propostas de linhas de crédito para renovação da frota. Mas nenhum demonstrou interesse. Alguns afirmaram ter veículos parados na garagem, mas preferem não colocá-los em circulação, alegando que a maioria dos usuários tem gratuidade ou paga meia passagem", explicou.
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Câmara busca licitação e incentivos para reverter crise
Diante da falta de avanço nas negociações, a Câmara solicitou ao prefeito a abertura de um processo licitatório para que empresas de fora possam investir no transporte coletivo de Castanhal. A medida, segundo Noronha, já está em andamento. Além disso, em agosto os vereadores aprovaram a indicação de um projeto que prevê isenção de ISS por até 10 anos para atrair novas empresas.
"É um incentivo para que empresários vejam viabilidade em operar aqui. Também discutimos a possibilidade de igualar o valor da passagem ao de Belém, para compensar as gratuidades e tornar o serviço mais competitivo", destacou Noronha.
O vereador reconhece que a concorrência de aplicativos e mototáxis contribuiu para a queda da demanda, mas atribui grande parte da responsabilidade aos próprios empresários do transporte. "Eles perderam a confiança do usuário. Faltava qualidade, havia finais de semana em que os ônibus eram retirados de circulação para serem alugados para fretes, deixando linhas descobertas. Sem investimento, os veículos foram se deteriorando", afirmou.
Para recuperar a credibilidade e atrair passageiros, o vereador defende que os futuros operadores invistam em inovações tecnológicas, como aplicativos que permitam ao usuário acompanhar em tempo real a localização dos veículos, a exemplo do que já ocorre com os serviços de transporte por aplicativo. "O passageiro precisa saber a hora em que o ônibus vai passar. Também é essencial aceitar pagamentos via PIX e modernizar a frota", disse.
Enquanto o processo de licitação não é concluído, a população segue com poucas opções de deslocamento coletivo, enfrentando dificuldades diárias para chegar ao trabalho, à escola ou a compromissos básicos. A expectativa da Câmara é que a nova licitação e os incentivos fiscais consigam reverter o quadro de abandono e devolvam aos moradores um transporte público eficiente, regular e digno.
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