Igreja de São Sebastião, em Santarém, nasce de promessas contra pandemias
Diante dos medos que rodeavam as famílias, uma promessa foi feita: se a doença não chegasse na cidade, seria construída uma igreja

Você sabia que no século XIX Santarém foi atingida por diversas epidemias? Nessa época, uma doença passou a assustar mais a população local com as notícias vindas da capital do estado - a febre amarela. Essa epidemia atingiu Belém no ano de 1850 e o povo santareno se apegou à imagem do santo São Sebastião, que é um santo católico considerado protetor contra as pestes.Diante dos medos que rodeavam as famílias, uma promessa foi feita: se a doença não chegasse na cidade, seria construída uma igreja para o Santo, conforme relatou o padre e historiador Sidney Canto.
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Segundo o historiador, a comunidade católica da época era a grande maioria em Santarém e as preces foram consideradas por eles como atendidas, pois o município foi preservado naquele ano, a doença não chegou, no entanto, a promessa da construção da igreja não foi cumprida nesse período.
Cinco anos mais tarde, uma nova epidemia surgiu: a cólera morbus, como tentativa de não serem atingidos pela doença, os santarenos se apegaram a São Sebastião outra vez. A promessa de fazer uma igreja para o Santo foi renovada, mas a doença atingiu em cheio o município.
“A doença matou várias pessoas, os registros oficiais indicam mais de 300 mortos em Santarém. Os registros extraoficiais falam em quase mil mortes. O padre João Fernandes saía com uma carroça pela cidade juntando os mortos e levando para sepultar nos cemitérios”, relatou o historiador.
Devido ao aumento da mortalidade no município, o cemitério ficou lotado e foi necessário fazer um cemitério provisório. Sem saber o que fazer diante de tantas mortes, o povo se apegou com o Santo novamente. “Aos poucos a epidemia foi sendo controlada e extinguida, mas a promessa da igreja novamente não foi cumprida”, disse.
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O historiador conta que somente anos mais tarde, em 1872, alguns devotos do Santo fizeram quermesse e arrecadaram verbas para a construção da igreja. “Nesse ano foi lançada a pedra fundamental da construção da igreja. A obra foi concluída por volta do ano de 1880. Apesar de ter tido o incentivo dos padres, a capela foi construída sem ajuda do estado, que ajuda na construção de igrejas, mas como era uma devoção popular, foi o próprio povo que construiu, inclusive, com a ajuda de mão de obra escrava”, relatou.
O historiador revela que a capela era pequena, com capacidade para acomodar aproximadamente 150 pessoas. Com o crescimento populacional da cidade, em 1960, ela foi demolida e aumentada. “Já no século XXI ela foi ampliada com duas laterais, dando-se mais espaço e ganhando o formato de cruz”, destacou.
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