Estudo aponta soluções para reduzir impactos da invasão do peixe-leão na costa do Pará
Pesquisa foi entregue pela Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) ao Ministério da Pesca e Aquicultura, nesta terça-feira (7)

Foi entregue pela Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) ao Ministério da Pesca e Aquicultura, nesta terça-feira (7), possíveis soluções para os impactos causados pela invasão na costa do Pará e mais sete estados brasileiros pelo peixe-leão - Pterois volitans/miles.
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Segundo o especialista ambiental Geovane Oliveira, que pilotou a pesquisa, o peixe-leão é uma espécie que não tem predador nas águas do litoral brasileiro, é muito adaptável, carnívoro voraz, com alta capacidade reprodutiva e venenoso.
Possíveis Soluções
No documento, entregue ao ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula traz como solução a adoção de uma política pública com atuação em quatro frentes: captura e extração do peixe-leão, pesquisa e monitoramento, plano de comunicação e educação ambiental.
As ações, com foco na região litorânea, têm como objetivo principal engajar pescadores artesanais e populações locais na captura da espécie e futura inserção do peixe-leão em uma cadeia produtiva, além de prevenir acidentes com os espinhos do peixe, que liberam toxinas venenosas causadoras de lesões dolorosas.
Modelo de atuação
Segundo o presidente da CBPA, Abraão Lincoln, esse é um modelo de atuação que foi adotado em outras situações de invasores pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “A ideia é unirmos esforços para que entidades não-governamentais e governo atuem em todo o Brasil para tentar coibir a ação predatória desse peixe”, opinou.
O ministro André de Paula destacou a importância da pesquisa que servirá de subsídio para a elaboração de políticas públicas e que também viabilizará uma ampla campanha de divulgação e conscientização dos pescadores e banhistas.
“A CBPA nos oferece um estudo muito consistente, inclusive com um diagnóstico da situação e sugestões de ações que podemos desenvolver conjuntamente. Essa parceria é muito importante e é desejada”, finalizou.
Especialista alerta sobre o risco da espécie
Por se tratar de um animal que possui veneno e não é comum na região paraense, a espécie possui estruturas pontiagudas (espinhos), e o contato direto com o animal pode provocar quadros de convulsões, lesões graves, febre e infecções perigosas, que podem ser porta de entrada para agentes infecciosos. De acordo com o biólogo Basílio Guerreiro, especialista em Gestão Ambiental e responsável técnico do Mangal das Garças, há diversas possibilidades para este peixe ter chegado no Pará. "A liberação desse animal que era criado em cativeiro por aquaristas pode ter causado a multiplicação da espécie para áreas mais distantes do local de sua origem, assim como, o lastro em águas internacionais por meio de navios, podendo ser as possibilidades a respeito da migração do animal", explicou.
O animal tem características muito resistentes e também é considerado agressivo e, apesar de ter sido criado em águas de temperaturas diferentes das águas do nosso estado, que tem uma temperatura bem mais elevada, isso não impediu sua adaptação. O especialista explicou também que muitos fatores podem contribuir para sua multiplicação em território paraense.
"O grande problema é que por ser uma espécie agressiva, ele pode impedir que outros peixes consumam a mesma categoria alimentar, resultando na perda de espécies. Além disso, não há predadores naturais para se fazer o controle populacional", disse.
Outras espécies também migraram para o Estado do Pará, como as tilápias que vieram da África para o Brasil na década de 60 para a produção de alimentos em fazendas na região do salgado e o camarão gigante da Malásia, que veio da Ásia com o mesmo objetivo, mas ambos fugiram e se adaptaram no meio ambiente.
Ibama
Em nota, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informa que criou grupo de trabalho por meio do qual será elaborado um plano de ação nacional. Atualmente, o Instituto atua no esclarecimento à sociedade sobre a espécie, que é feito por meio das superintendências estaduais, atuando em conjunto com os órgãos locais.
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