Lula na ONU: leia o discurso completo do presidente, na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas

O líder do executivo brasileiro falou sobre justiça climática, combate à fome e sanções dos EUA contra o país

Gabi Gutierrez
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na manhã desta terça-feira (23), na 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. Na fala do líder máximo do executivo brasileiro foram abordados temas como democracia, soberania, justiça social, conflitos internacionais e mudanças climáticas.

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A seguir, leia o texto do discurso na íntegra:

“Senhora Presidenta da Assembleia Geral, Annalena Baerbock,
Senhor Secretário-Geral, António Guterres,
Caros chefes de Estado e de Governo e representantes dos Estados-Membros aqui reunidos.

Este deveria ser um momento de celebração das Nações Unidas. Criada no fim da Guerra, a ONU simboliza a expressão mais elevada da aspiração pela paz e pela prosperidade. Hoje, contudo, os ideais que inspiraram seus fundadores em São Francisco estão ameaçados, como nunca estiveram em toda a sua história.

O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta Organização está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder. Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando a regra. Existe um evidente paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia.

O autoritarismo se fortalece quando nos omitimos frente a arbitrariedades. Quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz, da soberania e do direito, as consequências são trágicas. Em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades. Cultuam a violência, exaltam a ignorância, atuam como milícias físicas e digitais, e cerceiam a imprensa.

Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há quarenta anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais. Não há justificativa para medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia. A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável.

Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela.

Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral. Seu vigor pressupõe a redução das desigualdades e a garantia dos direitos mais elementares: alimentação, segurança, trabalho, moradia, educação e saúde. A pobreza é tão inimiga da democracia quanto o extremismo.

Por isso, foi com orgulho que recebemos da FAO a confirmação de que o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome em 2025, embora ainda existam 670 milhões de pessoas famintas no mundo. A única guerra de que todos podem sair vencedores é a que travamos contra a fome e a pobreza.

Lula defendeu também medidas globais: reduzir gastos com guerras, aumentar ajuda ao desenvolvimento, aliviar dívida externa de países pobres e definir padrões mínimos de tributação global para que os super-ricos paguem mais impostos que os trabalhadores.

O presidente ressaltou ainda a necessidade de regulamentação digital e proteção de crianças e adolescentes: “A internet não pode ser uma ‘terra sem lei’. Regular não é restringir a liberdade de expressão. É garantir que o que já é ilegal no mundo real seja tratado assim no ambiente virtual”.

No cenário internacional, Lula falou sobre conflitos na América Latina, Ucrânia, Oriente Médio e África, condenando o genocídio em Gaza e defendendo uma solução para a Palestina baseada em um Estado independente e integrado à comunidade internacional.

Sobre clima e meio ambiente, destacou: “A COP30, em Belém, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta. Sem ter o quadro completo das NDCs, caminharemos de olhos vendados para o abismo. O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% suas emissões de gases de efeito estufa”.

Lula concluiu destacando a importância de um mundo multipolar e multilateral e reforçando a missão histórica da ONU: promover igualdade, paz, desenvolvimento sustentável, diversidade e tolerância. “Que Deus nos abençoe a todos. Muito obrigado”, finalizou.

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