Milagre em Azul-Marinho: zagueiro do Remo, Rafael Castro fala de promessa para Nossa Senhora
Relação do jogador com a Padroeira dos Paraenses começou há quatro anos. Desde então, Rafael superou problemas de saúde para alcançar maior sonho: escrever o nome na história do Leão.
As pernas, ferramentas de trabalho dos jogadores de futebol, tornaram-se instrumentos de fé para o zagueiro Rafael Castro, do Remo, nas últimas semanas. Após o acesso do Leão à Série B do Brasileirão, conquistado no final de setembro, o jogador subiu, de joelhos, as escadarias da Basílica de Nazaré para agradecer uma graça alcançada por meio de Nossa Senhora. No entanto, a história do defensor de 28 anos, nascido em São Paulo, com o Círio é antiga. A relação de Rafael com o Time de Periçá já havia sido escrita há anos pela intercessão de Maria.
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A devoção de Rafael à Padroeira dos Paraenses começou em 2020, ano em que o Remo também conquistou o acesso à Série B. Em uma visita a Belém, o então zagueiro do Taubaté-SP foi conquistado pela torcida azulina e fez uma promessa à Nossa Senhora na Basílica de Nazaré.
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"Não conhecia a Basílica, e minha esposa sempre me diz que, quando eu entrar em uma igreja, devo fazer um pedido, pois ele se realizará. Ela sabia que eu tinha passado pela base do Corinthians, um lugar onde a torcida é muito valorizada. Eu sempre acompanhei o Re-Pa, uma rivalidade apaixonante do futebol brasileiro. O Remo, especialmente após 2020, mexeu comigo, porque acompanhei o acesso do clube. Isso me comoveu demais, porque, mesmo em meio à pandemia, a torcida fez uma festa incrível", explicou o zagueiro em entrevista ao Núcleo de Esportes de O Liberal.
Rafael, então, cumpriu a tradição dos promesseiros. Pegou uma fitinha do Círio, amarrou nas grades da Basílica e suplicou: "Nazinha, eu quero jogar no Remo, mas quando eu vier, quero que seja de uma forma especial, não quero ser apenas mais um, quero deixar meu nome na história do clube." A partir de então, a vida do jogador mudou para melhor.
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Jogar no Remo passou a ser um objetivo de vida. Rafael queria honrar o pedido feito à Nossa Senhora, e as oportunidades não faltaram. O zagueiro esteve perto de defender o Leão em várias ocasiões, mas sempre havia algo que travava as negociações no momento de fechamento do contrato. Era o destino.
"Desde aquela vinda, sempre estivemos em contato para uma possível negociação, mas nunca chegou uma proposta concreta. Tive passagens pelo Santa Cruz, pelo Brasil de Pelotas, e sempre conversava com o Remo, mas sem avançar. No ano passado, fui para o Audax Rio, jogar o Carioca, e em conversas com o Remo, eles me disseram que, se eu fizesse um bom campeonato, viria para o clube. Só dependia de mim", contou.
Caminho tortuoso
No entanto, um obstáculo inesperado surgiu. No quarto jogo de Rafael pelo Audax, uma grave infecção no pé, de causas desconhecidas, afastou o jogador dos gramados. O problema de saúde, inclusive, colocou sua carreira em risco, com a possibilidade real de o atleta precisar amputar o pé, ainda aos 26 anos.
"Fui a médicos, hospitais, mas os exames não mostravam alterações. Meu pé começou a necrosar, formando um buraco, e os médicos ficaram desesperados. Um deles me disse: 'Rafa, temos que ter cuidado, porque, se isso não melhorar, pode ser necessário amputar seu pé.' Para um atleta, ouvir isso, sabendo que o pé é nossa ferramenta de trabalho, é desesperador. Isso testou muito minha fé. Passava um filme na minha cabeça, e eu não acreditava que minha história iria terminar assim, logo no ano em que havia a possibilidade de ir para o Remo", relembra.
Mas lembra do destino? Ele não deixaria Rafael Castro na mão, justo tão próximo de defender o Remo. Por obra da fé, ou da intercessão de Maria, o zagueiro se curou da infecção no pé e voltou a jogar em alto rendimento. Foi nesse momento que o Leão reapareceu na vida do atleta, agora com uma proposta concreta. Era a chance de Rafael fazer valer o que estava escrito nas linhas do Universo.
"Fui para o Treze-PB no início de 2024. Joguei o estadual, a Copa do Nordeste, a Copa do Brasil e a Série D. No início da Série D, tivemos uma campanha avassaladora. Isso chamou a atenção de clubes da Série C, inclusive alguns à frente do Remo na tabela. Eu sempre dizia que, se fosse para sair para um time da Série C, seria para o Remo, por causa do pedido que havia feito lá atrás. E foi o que aconteceu. Quando o Remo me procurou, eu nem olhei a tabela ou classificação, só sabia que era o sinal da Nazinha. Tinha certeza de que algo especial aconteceria na minha vida", conta.
Graça alcançada
Com a oportunidade em mãos, Rafael fez valer o pedido feito aos pés da Basílica: escreveu seu nome na centenária história do Remo. Desde que chegou a Belém, o zagueiro foi titular em todos os jogos e peça fundamental na campanha que culminou no acesso à Série B. Na partida que garantiu o retorno à Segundona, o choro, de joelhos, no gramado do Mangueirão, ilustrou o sentimento do zagueiro: o objetivo foi alcançado, graças à fé e à Nossa Senhora.
"Quando o acesso se concretizou, vim à Basílica para agradecer. Vi que minha vinda a Belém tinha dado certo. Quando cheguei aqui, agradeci pela graça alcançada, por vestir a camisa do Remo e viver um momento especial. Sabia que a decisão seria em Belém, onde fiz o pedido e onde minha história com Nossa Senhora começou. Agradeci muito por ter escrito meu nome na história do Remo. Passou um filme na minha cabeça: o pedido, quase ter perdido o pé, e depois a volta por cima", comemora.
Coração azulino
De férias do futebol, pelo menos até o final da temporada, Rafael cumpre agora a segunda parte da promessa: acompanhar o Círio de Nazaré, em Belém. Quanto à permanência no Remo para a próxima temporada, o jogador não crava o futuro, mas deixa claro uma coisa: o coração do zagueiro pertence ao Leão Azul.
"Se depender de mim, quero ficar. Me identifiquei com a cidade e com o clube. Essa vinda para cá não foi algo simples, há um contexto por trás. Estamos em conversas, e agora meus agentes estão analisando tudo, para que seja bom para o Remo e para mim. O que eu espero é continuar aqui e seguir escrevendo mais capítulos", finaliza.
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