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Campeão da Copa Verde 2024, Paysandu vai receber cinco vezes menos que vencedor da Copa do Nordeste

Fred Cabral, vice-presidente do Papão, comentou o abismo financeiro. Ele atribui o menor investimento à falta de valorização da CBF e à baixa "audiência" da competição.

Caio Maia
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A Copa Verde e a Copa do Nordeste são os únicos torneios regionais do Brasil na atualidade. Apesar de oferecerem aos campeões recompensas esportivas similares - uma vaga na terceira fase da Copa do Brasil do ano seguinte - as duas competições são separadas por um abismo financeiro. Um exemplo disso é o valor de premiação dado aos vencedores. Neste ano, o Paysandu conquistou R$ 440 mil pelo título obtido em cima do Vila Nova-GO, enquanto o torneio nordestino deve dar ao primeiro colocado mais de R$ 2 milhões.

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O valor milionário é relativo somente à conquista do título. O montante pode ser ainda maior, dependendo da equipe campeã, porque o torneio distribui cotas de premiação por fase avançada. Ao todo, R$ 48 milhões foram distribuídos entre os times participantes e o vencedor da competição pode faturar até R$ 6 milhões.

Enquanto isso, a Copa Verde segue em um limbo financeiro e publicitário. Não são distribuídas cotas às equipes participantes do torneio, somente aos finalistas. Além disso, a ausência de transmissão (streaming, TV aberta e TV fechada) e placas de publicidade nas partidas evidenciam o pouco interesse do mercado no produto.

A disparidade entre as premiações da Copa Verde e Copa do Nordeste foi comentada pelo vice-presidente de gestão do Paysandu, Fred Cabral. Em entrevista ao Núcleo de Esportes de O Liberal ele disse que há dois motivos que explicam a ausência de investimento no principal torneio do Norte/Centro-Oeste: a falta de valorização da CBF e a baixa "audiência" da competição.

image Fred Cabral, vice-presidente de gestão do Paysandu (Jorge Luís Totti/Paysandu)

"Existe o trabalho institucional, que cabe à CBF fazer, sobre a valorização do torneio. A informação que temos é que isso é uma pauta dentro da confederação. O porte dos times que participaram da edição desse ano fez a CBF ver o torneio de outra forma. Outra questão é relativa às audiências. Pelo grande número de rivalidades na região, a Copa do Nordeste atraí mais bilheteria e patrocínio. Tudo isso somado gera uma maior cota de premiação aos participantes", explica Fred.

A ausência de grandes rivalidades na Copa Verde é um fator que, possivelmente, pode explicar a falta de apelo do campeonato. No torneio Norte/Centro-Oeste, não há clássicos interestaduais com muita rivalidade, enquanto os estaduais se resumem ao Re-Pa e aos confrontos entre os times de Goiás. Por outro lado, na Copa do Nordeste, duelos interestaduais como Sport-PE e Bahia-BA atraem multidões aos estádios, assim como as rivalidades locais como o Ba-Vi, Ceará e Fortaleza, e Sport-PE e Santa Cruz.

Buscam-se rivais na região

image Goleada do Paysandu sobre o Vila Nova-GO, neste ano, acirrou a rivalidade entre as equipes (Wagner Santana/ O Liberal)

Segundo Fred, apesar de ocorrer ainda de forma incipiente, há um aumento das rivalidades interestaduais na Copa Verde. Ele afirma que cabe aos clubes abraçarem esses duelos e gerarem engajamento, sobretudo usando as mídias institucionais.

"Paysandu e Vila já tem certa rivalidade também, muito pelo o que vem acontecendo nos últimos anos. Imagina como vão ser os jogos pela Série B? Eles vêm com sangue nos olhos, furiosos. Pensando friamente, existe esse papel da CBF, mas tem ingredientes que impulsionam as rivalidades. O que cabe a gente fazer? Jogar e dá a importância devida. Colocar nossas mídias para alavancar o campeonato pro mercado", disse.

A procura por rivais interestaduais, segundo Fred, demonstra um crescimento dos clubes da região. Segundo ele, a Copa Verde é uma oportunidade para que gigantes estaduais "desabrochem" em cenário regional/nacional. Ele, inclusive, cita a importância que o Paysandu dá ao torneio.

"Claro que a gente vive de rivalidade, sobretudo no Parazão, mas precisamos sair dessa bolha. É óbvio que eu entendo o lado passional da torcida, o valor de ganhar um Re-Pa, mas o valor futebolístico de um torneio regional é muito maior, sobretudo pela projeção que a gente ganha. O Parazão é bem avaliado nacionalmente, mas quem acompanha todo o torneio fora do estado? Quando a gente embarca numa Copa Verde, essa projeção é maior. Não foram só as goleadas que projetaram o nosso título, mas o tamanho da competição", contou.

Planos

image Saída para a Copa Verde pode ser o abraço à sustentabilidade, afirma Fred Cabral (Lucas Figueiredo/CBF)

O mercado parece já ter sinalizado que espera uma Copa Verde mais atrativa, sobretudo no ponto de vista esportivo, para investir dinheiro e fazer a roda das premiações girar mais alto. No entanto, o que fazer para melhorar isso? Várias alternativas, ano a ano, são levantadas por torcedores nas redes sociais, como mudanças no regulamento e a criação de um "torneio dos campeões" entre vencedores dos dois campeonatos regionais do Brasil, mas nenhuma dessas ideias parecem estar próximas de sair do papel.

Segundo Fred, o "norte" da discussão deve ser o objetivo da Copa Verde: o fomento do futebol na região. Ele sugere que a saída para o torneio seja o abraço a questões voltadas à Amazônia e sustentabilidade.

"As copas regionais, antes de tudo, são copas de fomento. Existem situações que poderiam ser mais justas, como uma mudança de regulamento, mais calendário aos times... Mas ter que enfrentar equipes menos estruturadas faz parte do fomento. A Copa Verde pode se diferenciar pelo fomento do futebol na região mais pobre do país. Além disso, ela ainda traz essa bandeira da Amazônia e sustentabilidade. A Copa do Nordeste é maior ao nível de premiação, mas a gente tem outros diferenciais. Sempre há espaço para melhorias, mas não podemos perder o lado do fomento", finalizou.

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