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Clube do Remo nasceu às margens da Baía do Guajará, em Belém; relembre a história neste Dia da Água

Clube azulino nasceu nas águas, sendo um dos pioneiros do remo na capital paraense

Aila Beatriz Inete
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Belém é banhada por igarapés e rios, sendo uma característica marcante da cultura paraense e caminho de muitas pessoas que atravessam e vivem em comunidades ribeirinhas. Foram essas águas que inspiraram a criação dos maiores clubes do Estado: Clube do Remo e Tuna Luso, além do Paysandu, que surgiu mais tarde.

No início do século XX, Belém ainda vivia a "Era da Borracha" e o esporte começou a ser desenvolvido, especialmente modalidades na água. Assim, o remo atraía muitos adeptos para a Baía do Guajará. E foi nesse cenário que o Clube do Remo surgiu para se tornar uma das maiores agremiações do estado, com diversas outras modalidades, incluindo natação e futebol, que começou a fazer parte do grupo em 1913. Às vésperas do Dia Mundial da Água, resgatamos a história do Leão Azul que iniciou em na imensidão da baía paraense.

"O esporte de remo é um dos mais antigos nessa 'exploração' da água. É muito bom remar devido o contato com a natureza, principalmente no horário que nós fazemos Remo, que é no amanhecer. Hoje nos vemos [esportes] como a canoagem sendo praticada também. No passado teve a natação [maratona], com a travessia da Baia do Guajará, entre as décadas de 80 a 90, que o Clube do Remo sempre foi vencedor nessa modalidade", relembrou o diretor de náutica do Remo, Cláudio Gonçalves.

Hoje, o futebol é a principal modalidade do clube azulino. Desde 2018, o clube não vence um Campeonato Paraense de Remo. Segundo Cláudio, desenvolver o remo é uma tarefa difícil, pois exige muito financiamento, materiais de qualidades e estrutura. Ainda de acordo com o diretor, a equipe náutica está em processo de renovação, com a nova diretoria, há expectativa de mais parcerias e crescimento da modalidade.

"As dificuldades são muito grandes, é um esporte muito caro, praticado por pessoas mais humildes. Nós temos atletas que são da periferia, que temos recrutado nas escolas. Há dificuldade em chegar ao clube, porque é preciso acordar muito cedo. E também temos dificuldades com o material. O Clube do Remo vem de cerca de cinco anos sem vencer títulos, mas estamos tentando fazer com que o clube volte a conquistar títulos, que sejam feitos investimentos, com compras de equipamentos e materiais para proporcionar um bom desempenho aos atletas", declarou o diretor.

Patrícia Corrêa dos Santos tem 44 anos, é farmacêutica e atleta de remo desde 2009. Apaixonada pelo esporte aquático, a esportista reconhece que a modalidade precisa de mais investimento dos clubes, estados e de apoio do público.

"Caso isso não ocorra, em alguns anos, é possível que a modalidade acabe e as crianças e jovens só tomem conhecimento do esporte de remo pelas reportagens e vídeos na internet. Os clubes precisam melhorar sua frota. Devido ao alto custo de equipamentos e materiais, precisam de incentivos. Mas enquanto esse incentivo para a aquisição de novos barcos não ocorre, vamos cuidando dos que temos nas garagens", ressaltou Patrícia.

image Patrícia é atleta de remo desde 2009 (Arquivo Pessoal)

Conquistas

Pelo pioneirismo no estado e força, o time azulino possui inúmeras conquistas na modalidade. São 40 campeonatos paraenses, Copa Norte-Nordeste e um troféu Lauro Sodré, que é considerado um dos mais importantes do clube.

"O Clube do Remo tem 42 títulos. Um dos mais importantes é o Lauro Sodré, que foi disputado por 17 anos entre Recreativa Bancrevea, Tuna Luso, Remo e Paysandu e o Remo. O Remo ganhou porque levava o troféu quem tivesse três títulos consecutivos e nós ganhamos em 1931, 1933 e 1934. Em 1932 não houve regatas", detalhou Cláudio.

Atualmente, segundo o diretor, 200 atletas são federados no clube. Mas apenas 60 adeptos de todas as categorias são atuantes. Na garagem náutica, o clube conta com o treinador Djalmi Silva, um preparador físico, profissional de apoio e o carpinteiro dos barcos.

Além do Clube do Remo, Tuna Luso e Paysandu têm suas histórias atreladas aos esportes aquáticos. Até hoje, os clubes investem no remo, natação e outras modalidades. O time bicolor, inclusive, conquistou as últimas edições do Campeonato Paraense.

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Formação de atletas e futuro

O Remo possui um projeto de formação desde a base no esporte. Esse processo pode ser longo, variando entre 2 a 3 anos, e exige muita disciplina e investimento.

"A gente está nesse processo de recrutar garotos, porque eles vão mudando de categorias e nós vamos perdendo aquela base que é Junior B e A; eles já se transformam em sub-23, depois em sênior, até chegar ao master. Então, é sempre um processo de renovação. Nós temos de 10 a 15 garotos, entre 15 e 25 anos, que vão dar bons resultados para nós, mas nós precisamos sempre buscar mais, tanto em qualidade de recursos humanos [atletas] quanto em materiais", afirmou Cláudio Gonçalves.

Remo e esportes aquáticos

O treinador Djalmi Silva destacou que há muita expectativa para a estrutura da sede náutica e desenvolvimento do esporte. Segundo ele, há um projeto de renovação e modernização da frotilha de barcos, remos de carbono, máquinas de remergômetro, além do incentivo e apoio de outros setores.

"Estamos semeando no sol e na chuva para colhermos em um futuro próximo os bons frutos para a nossa grandiosa torcida do Clube do Remo voltar a lotar as competições de remo e ver o nosso clube no lugar mais alto", destacou o treinador, que afirmou que o objetivo é fazer com que a equipe volte a se destacar em no máximo 2 anos, já almejando outras competições fora do estado, como campeonatos norte e nordeste e o brasileiro.

Mesmo com os desafios, acordar cedo, acompanhar o nascer do sol e entrar em contato com a natureza são muito revigorantes e prazerosos. Em um esporte que marca a característica das águas no estado, o desejo é que o esporte se reinvente e volte a ser uma potência.

"Espero que o esporte de remo olímpico consiga se reerguer em nosso estado. Que os jovens possam se interessar em conhecer o esporte e seguir na modalidade. Que o público possa voltar a ser mais numeroso nos dias de regata. E que os governantes, empresas e presidentes dos clubes possam olhar com mais carinho para nosso esporte olímpico. Remar é vida", concluiu Patrícia Corrêa.

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