Comerciantes de Belém esperam aquecimento nas vendas de artigos juninos
Ano atípico com férias escolares antecipadas, ano da COP 30 e da alta de preços enfraquecido movimento, segundo vendedores

As vendas de artigos juninos em Belém apresentaram desempenho inferior ao do ano anterior, conforme relatam comerciantes locais. A vendedora Leidiane Moreira, no ramo há mais de vinte anos, está acostumada a aproveitar a procura intensa do mês de junho, mas foi surpreendida por uma demanda reduzida. Mesmo com a expectativa de seguir vendendo até o fim das festividades, ela estima que devem sobrar produtos temáticos, que serão reaproveitados no próximo ano.
Os itens mais procurados pelos clientes são os laços personalizados, as cestas e os broches. Esses e outros produtos disponíveis variam de R$ 10 a R$ 40, com possibilidade de chegar a até R$ 270, mas apenas no caso das roupas juninas. A vendedora, acostumada a se organizar para atender à demanda deste período, explica que o material será guardado até o próximo ano.
“No ano passado eu estava com pouca mercadoria já, mas esse ano ainda tem bastante coisa, então caiu muito a venda. A minha expectativa era vender muito esse ano, mas não foi o esperado. Todo ano eu trabalho muito com esses laços que saem bastante e todo ano eu tenho que estar renovando eles”, explica.
Moreira acredita que a demanda reduzida é reflexo da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorre entre 10 e 21 de novembro, na capital paraense. Segundo ela, a mudança no calendário de férias, que foi dividido em dois períodos, e a preparação dos espaços pode estar alterando a dinâmica das quadrilhas, em especial nas escolas. Com isso, a principal fonte de interesse dos consumidores também fica afetada, já que o público de mães e jovens que participam desses eventos é um dos destaques das vendas.
“Devido a COP 30, as vendas não foram como esperado, eu esperava bem mais, mas deu para ganhar um pouquinho. A minha expectativa vai até sábado em relação às vendas”, afirma.
O comerciante Anderson Costa, também acostumado com as oportunidades que surgem no período junino, sentiu a mesma redução nas vendas, mas associa o efeito a outro fator. Segundo ele, os consumidores estão com um poder de compra cada vez menor, enquanto os produtos seguem aumentando de preço. Em comparação com os valores praticados no ano passado, ele descreve um aumento médio de 25% nos artigos juninos.
Ele explica que os clientes chegam ao seu quiosque esperando preços mais parecidos com os do ano anterior, mas acabam se decepcionando e desistem das compras. Apesar de, na prática, o aumento representar cerca de R$ 3 a R$ 5, é uma diferença que já pesa no bolso, principalmente porque os consumidores costumam buscar vários artigos.
Outro cenário atípico, que, segundo os comerciantes, também pode estar sendo influenciado pelos mesmos fatores, é o baixo número de clientes no centro comercial de Belém nesta quinta-feira (19), feriado de Corpus Christi. Em outros anos, eles lembram que o fluxo de pessoas em um dia de feriado no mês de junho seria muito maior. Em vez disso, as ruas do comércio, nesta manhã de feriado, estavam quase vazias, com boa parte das lojas e quiosques de portas fechadas.
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Mesmo com a movimentação baixa, a fonoaudióloga Maria Isabel, natural de Natal (RN), veio passear em Belém com o marido e decidiu garantir itens da cultura local. A visitante andou pelo comércio em busca de roupas de carimbó e outros artigos, mas destaca que o passeio ainda estava sendo elaborado, sem muitos roteiros predefinidos. “Viemos conhecer mais, dançar o carimbó, ver o tão famoso mercado do Ver-o-Peso. E, até ir na ilha do Combu”, explica.
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