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Aumento da taxa Selic pretende controlar a inflação, mas eleva custo do crédito

De acordo com economista, a elevação da taxa para 15% ao ano deve afetar financiamentos, crédito pessoal, setor imobiliário e de varejo

Esther Pinheiro | Especial para O Liberal
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A taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), que é a taxa básica de juros da economia, teve elevação para 15% ao ano nesta quarta-feira (18). A decisão foi tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em uma tentativa de controlar a persistência da inflação. A taxa tem influência em outras taxas de juros no país, incluindo as de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Nélio Bordalo Filho, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia dos Estados do Pará e Amapá (Corecon), explica que a decisão é uma forma de “reancorar” as previsões de inflação no Brasil, que estão desalinhadas com a meta estabelecida pelo Banco Central. 

O economista explicou que, ao aumentar a taxa Selic, o Copom destacou que as expectativas de inflação feitas por agentes econômicos estão  mais altas que o desejado, o que, por sua vez, aumenta a incerteza sobre o futuro da inflação e da economia. “Para tentar ‘reancorar’ essas expectativas e trazer a inflação de volta à meta, o Banco Central tomou a decisão de aumentar a taxa de juros, mesmo sabendo que isso pode desacelerar a economia”, disse Bordalo. 

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Atualmente, a taxa de inflação está acima da meta do governo, que é de 3%, e possui margem de variação de aproximadamente 1,5%. A inflação, especialmente em itens básicos do cotidiano como alimentos e energia, continua pressionando os preços. O núcleo da inflação, que permite fornecer informações precisas sobre a tendência dos preços, excluindo os preços mais voláteis, também está em níveis elevados. Outro fator que também influenciou a decisão do Banco Central foi a demanda elevada, em função da facilidade de crédito ao consumidor, que mantém a pressão sobre os preços dos produtos.

O cenário internacional também teve impacto no aumento, que foi de 0,25 ponto percentual em relação ao mês de maio deste ano. Além da política monetária dos Estados Unidos, o Copom também avaliou o impacto de tensões comerciais globais, especialmente o conflito entre Irã e Israel, que podem afetar a economia brasileira. 

Aumento do custo do crédito 

Nélio Bordalo explica que, com o aumento da taxa, o impacto imediato que o cidadão sentirá é o aumento do custo do crédito, que implica nos juros elevados em empréstimos, financiamentos e cartões de crédito. O cenário reduz o poder de consumo das famílias. 

O aumento das taxas de juros também reflete no encarecimento de empréstimos e financiamento, como o de veículos e imóveis, e crédito pessoal. O cenário eleva as parcelas que têm que ser pagas, além de poder resultar no adiamento de compras ou diminuição de consumo de serviços não essenciais. “Isso afeta principalmente o varejo e o consumo de bens duráveis. Para os negócios, a alta da Selic dificulta o acesso ao crédito, especialmente para pequenas e médias empresas, o que pode levar à desaceleração de investimentos e expansão de operações”, explicou. 

No mercado de investimentos, por outro lado, a alta dos juros torna a renda fixa mais atrativa.  Além de atrair investidores, pessoas que já têm investimentos em produtos financeiros como Tesouro Selic, Tesouro Direto e Certificado de Depósito Bancário (CDB) podem ter retornos maiores . 

Mercado e economia

O aumento dos juros do crédito possui impacto direto nos setores de varejo e consumo cíclico, como moda e eletrodomésticos, segundo Bordalo, por dependerem de crédito para movimentar as vendas. 

O setor imobiliário é outro que é fortemente afetado com o aumento da taxa Selic, já que os financiamentos imobiliários se tornam mais caros e menos acessíveis. Pequenas e médias empresas são prejudicadas pela dificuldade em acessar crédito, o que pode impactar o capital de giro e desenvolvimento de novos projetos. Setores que demandam investimentos em grande escala financiados por crédito, como construção e energia solar, também podem sentir os efeitos da alta dos juros.

O aumento da taxa de desemprego também é uma possibilidade, segundo o economista. “O desemprego pode aumentar, já que empresas tendem a desacelerar ou adiar contratações devido ao maior custo do crédito e redução na venda de seus produtos”, pontuou Nélio.

 

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Economia
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