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Estudo mostra expansão sustentável do cacau na Amazônia

Pesquisa da Embrapa aponta que o crescimento das lavouras contribui para a recuperação de áreas degradadas, redução do fogo e do desmatamento

O Liberal
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Um amplo mapeamento feito pela Embrapa e instituições parcerias aponta que a expansão do cacau tem sido benéfica para a Amazônia. O estudo, publicado internacionalmente, mostra que 70% do cultivo se expandiu em áreas degradadas e de pastagens. Além disso, o cacau é cultivado majoritariamente por agricultores familiares e em sistemas agroflorestais. O resultado é a recuperação de áreas, a redução do fogo e do desmatamento.  

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O trabalho, intitulado “A expansão sustentável do cacau (Theobroma cacao) no estado do Pará e sua contribuição para a recuperação de áreas degradadas e redução do fogo”, apresenta a descrição detalhada da evolução das plantações de cacau em termos de sua expansão histórica, práticas de propriedades agrícolas, transições de uso da terra e regimes de fogo.

Segundo o principal autor, o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental Adriano Venturieri, a área cultivada com o cacau no estado do Pará vem crescendo nos últimos anos, especialmente na região da Transamazônica. Existe, porém, uma dificuldade em mapear essa expansão em virtude da diversidade dos sistemas de produção que envolvem a cultura do cacau na região.

image (Foto: divulgação / Adriano Venturieri / Embrapa)

“Para isso, foi preciso cruzar imagens de satélite obtidas pelo monitoramento regular do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), do projeto de Mapeamanto do Uso da Terra na Amazônia (TerraClass) e os dados do Cadastro Ambiental Rural para ir a campo e checar, junto aos produtores e técnicos locais, a localização exata do cacau entre as áreas de floresta”, acrescenta Venturieri.

A área monitorada e mapeada pela pesquisa no Pará está localizada nos dez municípios de maior produção cacaueira no estado e corresponde às regiões da Transamazônica, Sudeste do Pará, Nordeste do Pará e Baixo Tocantins, utilizando metodologias participativas junto às comunidades locais.

Por meio da modelagem e dos padrões de imagem estabelecidos na análise, o trabalho aponta a existência de 90 mil hectares de cacau (até 2022) em 26 municípios paraenses. A meta, segundo o especialista, é se aproximar cada vez mais, dos números oficiais. O trabalho conta com o apoio financeiro do Governo do Estado do Pará por meio do Funcacau para identificação das lavouras cacaueiras no estado.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produziu 270 mil toneladas de amêndoas de cacau (Theobroma cacao) em 2020/2021. Na Região Norte essa produção ficou em 150 mil, sendo o Pará responsável por 96% do total regional. O estado nortista é maior produtor nacional desse fruto, com previsão de safra para 2022 de 143 mil toneladas, segundo o IBGE. O cacau movimentou no estado 1,8 bilhão de reais em 2020 em valor de produção.

Expansão em áreas já abertas

“Cerca de 80% da produção de cacau do estado está na região da Transamazônica, do município de Novo Repartimento até Uruará, sendo Medicilândia o epicentro do polo cacaueiro do Pará, conta José Raul Guimarães, superintendente regional no Pará e Amazonas da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).

A Ceplac atua na região amazônica desde a década de 60 e acompanha a expansão das lavouras cacaueiras há décadas. O crescimento da cadeia produtiva, como aponta José Raul, é surpreendente. “Em 1970 o Pará tinha 570 produtores de cacau, hoje são quase 30 mil. A área plantada também surpreende, como conta o superintendente. “Plantamos anualmente de 8 a 10 mil hectares. É uma das regiões que mais planta cacau no mundo”, ressalta.

O pesquisador Adriano Venturieri, da Embrapa, ressalta que 88,7% da área cacaueira plantada no Pará já havia sido desmatada até o ano de 2008, que é o marco legal do Código Florestal Brasileiro. “Isso nos mostra que o cacau, majoritariamente, não está avançando sobre novas áreas de floresta”, acrescenta.

Agricultura perene

A tendência de conversão de áreas de pastagens em plantios de cacau também foi constatada no mapeamento. O produtor paraense Ribamar Nóbrega, do município de São Francisco do Pará, na região Nordeste do estado, é um exemplo dessa mudança. Ele e a esposa Márcia Nóbrega trocaram o pasto de 35 anos da Fazenda Iracema pelo Sistema Agroflorestal (SAF). Nóbrega tem atualmente 25 hectares em fase de produção com as três culturas e está em fase de implantação de mais 20 hectares. “Optamos pelo cacau por ser uma atividade perene e também por ser uma fruta que tem um desenvolvimento adequado à nossa região. Além disso, o cacau com o açaí e a banana são atividades que se complementam e têm boa rentabilidade”, conta.

Mais produtividade

Para o engenheiro agrônomo e gerente da CocoaAction Brasil, iniciativa vinculada à World Cocoa Foundation (Fundação Mundial do Cacau), o passo fundamental é ampliar a produtividade média do país, que atualmente é de 300 kg/hectares. Um estudo de viabilidade econômica de sistemas produtivos com o cacau, realizado pela Cocoa Action, Instituto Arapyaú e WRI Brasil em parceria com outras instituições, mostra que com uma produtividade acima de mil quilos por hectare, o cacau gera uma renda de até cinco mil reais por hectare. “A forma mais rápida de aumentar a renda do produtor é aumentar a produtividade da lavoura”, ressalta.

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Apesar da produtividade paraense ser bem acima da média nacional (970 a 1.000kg/hectare), existe material genético, tecnologia e áreas na região disponíveis para ampliar essa produção com sustentabilidade. “Tem muito espaço para aumentar a produção no Pará e tem mercado para comprar essa produção”, acredita.

Os resultados apontados pelo estudo “A expansão sustentável do cacau (Theobroma cacao) no estado do Pará e sua contribuição para a recuperação de áreas degradadas e redução do fogo” serão apresentados durante a programação do Chocolat Xingu 2022 – Festival Internacional do Cacau e Chocolate, que acontece de 30 de junho e 03 de julho, em Altamira. O painel “O cacau sustentável do Pará” acontece dia 01/07 e reúne o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental Adriano Venturieri, o gerente da Cocoa Action Brasil Pedro Ronca e o agroambientalista Marcello Brito, CEO da CBKK (Investimentos de Impacto ESG).

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