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Produção de açaí branco, no Pará, registra crescimento de 6% e é alvo de pesquisas

Os estudos fazem parte do Banco Genético da Embrapa

Abílio Dantas
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O açaí branco, também conhecido como açaí tinga, registrou alta de produção de 6%, no Pará, de acordo com os dados mais atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2020, foram produzidas 140 mil toneladas do fruto, enquanto em 2019 o patamar alcançado foi de 132 mil toneladas.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do volume total de açaí no Pará, o açaí branco é responsável por 10% apenas, o que explica a baixa presença do produto nos pontos de venda da Região Metropolitana de Belém (RMB). O crescimento da produção de açaí branco, portanto, é calculado a partir do aumento total da produção de açaí no Estado. Em 2020, também segundo o IBGE, foram produzidas 1,4 milhão de toneladas de açaí, contra 1,3 milhão contabilizadas em 2019.

A pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Socorro Padilha, doutora em Genética e Melhoramento de Plantas, explica que o açaí branco é um ecotipo, variação genética da espécie do açaí, que ocorre naturalmente nas populações das espécies de açaizeiro ao longo do estuário amazônico. “Embora seja chamado de ‘branco’ ou ‘tinga’, a coloração do fruto quando maduro na verdade é verde-claro ou amarelado opaco, em vista de uma camada esbranquiçada. Então, a principal diferença morfológica é a cor da casca. Por conseguinte, o tipo branco produz bebida creme-esverdeada, parecida com a cor da do abacate, enquanto a do açaí roxo é de cor escura violácea”, diferencia a cientista.

Assim como o roxo, o açaí branco pode apresentar variações no tamanho, formato e peso. De acordo com a pesquisadora, a composição físico-química também é variável. “Há informações que seja rico em vitamina A, tem mais lipídeos (gordura), além de possuir polifenóis e antocianinas, mas em menor porcentagem que o roxo. Apesar das diferenças, pode ter os mesmos usos como alimento”, detalha Socorro Padilha.

Polifenóis são mininutrientes que possuem efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios. Ao reduzir os radicais livres e o estresse oxidativo no organismo, estes compostos orgânicos diminuem os danos celulares que podem levar a doenças crônicas. Um dos polifenóis é o resveratrol, que é encontrado em grande quantidade nas uvas pretas, que compõem o vinho tinto, e no açaí roxo. No entanto, ainda que em menor quantidade, os polifenóis também estão presentes no açaí branco, segundo a pesquisadora.

A safra e a entressafra dos açaís roxo e branco, também de acordo com Socorro Padilha, são semelhantes. O açaí branco pode ser encontrado em todos os meses do ano, sempre em menor quantidade que o roxo. Mas, estamos realizando um acompanhamento fenológico desse tipo de açaí no Banco genético da Embrapa para termos a certeza disso”, anuncia.

Pontos de venda

Na Grande Belém, os batedores e vendedores de açaí afirmam que o açaí branco começa a ser comercializado apenas a partir de agosto. Até julho, é muito difícil encontrar o produto nos pontos de venda da Região Metropolitana. “Agora, em fevereiro, a gente não encontra açaí branco nem para fazer remédio. A safra é em agosto, setembro e outubro. Antes disso, se for precisar encontrar, não consegue, não tem como”, relata Carlos Noronha, presidente da Associação dos Vendedores Artesanais de Açaí de Belém (Avabel).

Para o comerciante e dirigente da Associação, o fruto ainda é desconhecido de 80% da população da Região Metropolitana. “Acredito que o açaí branco é pouco conhecido por ter a safra muito curta e não ficar bom depois de congelado, perde o gosto. E também pelo fato de a produção ser muito pequena em comparação com o açaí roxo. Se chegar a 15% da produção do agricultor de açaí, é muito, o resto é toda de açaí roxo”, estipula Noronha.

O engenheiro mecânico Edward Leão faz parte do público que aprecia ter o açaí branco na mesa de refeições, principalmente após os pratos principais. Natural de Itanduba, comunidade do município de Cametá, ele conta que consome o fruto do mesmo modo que faz com açaí roxo: com farinha d’água e sem açúcar. “Eu, particularmente, prefiro o preto, se tiver que escolher, mas também gosto de levar um pouco do branco quando tem. Mas a oferta é pequena”, observa.

Pesquisa

A Embrapa é detentora, atualmente, do maior banco genético de açaí e nele estão presentes amostras de açaí branco para subsidiar pesquisas. As pesquisas em curso, especificamente com o açaí branco, envolvem as atividades de recursos genéticos realizadas no Banco genético (Enriquecimento, manutenção, caracterização morfológica, avaliação agronômica e documentação dos acessos conservados).

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