Tomografia de Kim Kardashian mostra buracos no cérebro e áreas com 'baixa atividade'; entenda
Exame exibido em reality show gerou preocupação entre fãs, mas especialistas alertam para limites científicos da tecnologia
Um episódio recente do reality show “The Kardashians” chamou atenção ao revelar um exame cerebral de Kim Kardashian que apontaria “baixa atividade” em algumas áreas do cérebro e a presença de “buracos” na imagem. A explicação apresentada pelo médico da empresária levantou preocupação entre fãs, mas também acendeu um alerta na comunidade científica.
Segundo análise publicada pelo site The Conversation, especialistas em saúde cerebral questionam tanto a interpretação quanto o uso comercial da tecnologia apresentada no programa.
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Que exame Kim Kardashian realizou?
O exame mostrado no reality é conhecido como tomografia por emissão de fóton único (SPECT). O procedimento envolve a injeção de uma substância radioativa na corrente sanguínea e o uso de uma câmera especial para criar imagens tridimensionais do cérebro, mapeando o fluxo sanguíneo em diferentes regiões.
A técnica existe desde a década de 1970 e começou a ser aplicada em estudos cerebrais nos anos 1990. Em contextos específicos, a SPECT pode auxiliar médicos no acompanhamento de algumas condições neurológicas, cardíacas e ósseas.
O que significam os “buracos” apontados no exame?
Segundo especialistas, áreas que aparecem mais escuras nas imagens de SPECT indicam redução temporária do fluxo sanguíneo, algo que pode variar conforme diversos fatores, como horário do exame, nível de estresse, qualidade do sono e até alimentação.
Essas regiões costumam ser descritas informalmente como “buracos” ou “amassados”, mas isso não significa, necessariamente, dano cerebral ou doença. No caso de Kim Kardashian, a redução foi atribuída pelo médico à chamada “baixa atividade cerebral”, associada ao estresse crônico — relação que não possui comprovação científica sólida, segundo pesquisadores.
Especialistas questionam uso do exame fora do ambiente clínico
De acordo com médicos e cientistas citados pelo The Conversation, não há evidências suficientes que sustentem o uso do exame SPECT para diagnosticar condições como estresse, TDAH, Alzheimer, distúrbios emocionais ou problemas comportamentais em pessoas saudáveis.
Além disso, não existe hoje uma técnica de imagem capaz de relacionar, com precisão científica, alterações isoladas no cérebro a sintomas ou comportamentos individuais.
Exame é caro e não indicado para pessoas saudáveis
Outro ponto levantado pelos especialistas é o custo. Como o exame SPECT não é considerado essencial para pessoas sem sintomas neurológicos, ele não costuma ter cobertura de planos de saúde e pode ultrapassar US$ 3 mil por procedimento.
Há também preocupação com a exposição desnecessária a material radioativo, especialmente quando não há indicação clínica clara.
Segundo os especialistas, pessoas saudáveis não precisam realizar exames cerebrais de forma preventiva. Ferramentas como ressonância magnética e tomografia são fundamentais na medicina, mas devem ser solicitadas com base em avaliação clínica e evidências científicas.
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