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Oscar 2023: representatividade asiática e as criticas da falta de diversidade na cerimônia

Apesar de a primeira atriz asiática ser celebrada, a cerimônia do Oscar voltou a ser alvo de críticas, em decorrência do histórico de pouca diversidade nas categorias

Emanuele Corrêa

A maior premiação do cinema chega na 95ª edição em 2023 e, pela primeira vez na história, o Oscar tem uma mulher asiática, Michelle Yeoh, concorrendo na principal categoria: melhor atriz. Apesar de o fato histórico ser celebrado, a cerimônia voltou a ser alvo de críticas, em decorrência do histórico de pouca diversidade nas categorias.

Este ano, nenhuma mulher foi indicada na categoria de melhor direção e não há representatividade negra nas categorias centrais, à exemplo de melhor diretor, melhor ator e melhor atriz. No entanto, o filme “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”, concorre com cinco indicações: melhor canção original, melhor atriz coadjuvante, melhores efeitos especiais, melhor cabelo e maquiagem e melhor figurino.

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Influencer de conteúdo asiático comenta indicação

Atriz, empresária e influencer de conteúdo asiático, a paraense Fabíola Martins acredita que a indicação de  Michelle Yeoh indica uma mudança no consumo de conteúdos. "Expandir os horizontes além dos clássicos americanos é essencial, em especial quando uma mulher não americana chega no espaço mais alto que uma atriz de cinema poderia chegar. É de uma representatividade elevada, e uma inspiração e esperança para artistas mulheres de outras nações, podemos dizer que é uma abertura de portas graças a Michelle", declarou.

"É notável que as produções asiáticas ganharam muito espaço dos últimos anos pra cá, em especial com a vitória de 'Parasita' como Melhor Filme no Oscar 2020. Retornamos esse ano com o excelente filme 'tudo em todo lugar ao mesmo tempo', que fala sobre o multiverso", declarou.

Fabíola destaca a importância das manifestações artísticas por visibilidade e elogia a atuação de Michelle no filme. "Como atriz, afirmo que ela é uma inspiração para mim. A técnica no olhar e transição de emoções destacam um amadurecimento cênico espetacular. O ator quando entende que o olhar pode falar mais que palavras e consegue demonstrar isso para o público, com certeza entendeu a atuação para o audiovisual do momento. Todos os dias estudamos cada vez mais para nos adaptar à mudança do cenário de atuação mundial, e a Michelle comprovou com essa indicação, que ela conseguiu realizar tal feito de maneira genuína", finalizou.

Apesar de indicação, falta de representatividade ainda gera críticas

Enquanto a representatividade asiática é celebrada, com o “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, a falta de indicações de mulheres ou de pessoas de etnias diversas na cerimônia é ressaltada. A jornalista, atriz e educadora social Wellingta Macêdo acompanhou as indicações ao Oscar 2023, no entanto, se disse desmotivada com a premiação. "Ao longo dos anos o Oscar vem perdendo importância para mim, particularmente falando, pelos inúmeros problemas relacionados aos critérios de escolha de uma Academia que, apesar de falar tanto em diversidade, na prática, continua machista e pouco diversa. A cerimônia ano passado foi deprimente", começou.

Sua torcida, este ano, está em Michelle Yeoh e Ke Huy Quan, ambos de ascendência asiática. O filme, em sua visão, é uma sátira ao Multiverso dos Super Heróis da Marvel. "Há questões importantes recortadas dentro da história. Gosto do roteiro, gosto de terem colocado como protagonista uma atriz de origem asiática para tocar nesse tema sobre como são retratados determinados grupos étnicos no cinema de Hollywood. É um filme que gera reflexões sobre isso de estar presente e ausente ao mesmo tempo", disse.

A jornalista acredita que apesar de muitas cobranças, a diversidade ainda não é uma realidade na premiação. "Há uma cobrança enorme em cima da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para que torne o Oscar uma premiação mais diversa e representativa. Isso, na prática, ainda não se concretizou, ainda que tenha aumentado o número de negros como jurados. A verdade é que o Oscar continua sendo um prêmio pra fazer o homem branco cis estadunidense levar o troféu", criticou.

Vale lembrar que, ao longo de 95 edições e 3.100 estatuetas entregues, apenas 18 foram para mulheres negras em categorias diversas, entre elas estão somente uma recebeu na categoria principal, de melhor atriz, e foi Halle Berry, em 2002.

"É por isso que não há uma continuidade nas políticas de inclusão, para mulheres ou etnias. Ano passado, uma mulher venceu o Oscar de direção, Jane Campion. Em toda a história do Oscar, apenas sete mulheres foram indicadas na categoria de Melhor Direção. Esse ano, não ter nenhuma diretora indicada nas principais categorias é um retrocesso e revela que o Machismo continua firme e forte na Academia", continuou.

Quem é a atriz Michelle Yeoh?

A atriz e produtora Michelle Yeoh, de 60 anos, nasceu em 6 de agosto de 1962 em Ipoh, Perak, Malásia. No entanto, cresceu na China, estabelecendo-se em Hong Kong.
Neste ano, a atriz foi premiada com o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Comédia ou Musical.

A artista ficou conhecida internacionalmente por atuações nos filmes "O Tigre e o Dragão (2000)". Mais recentemente, destacou-se em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022), pelo qual ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Comédia ou Musical e foi indicada ao Oscar 2023 na categoria de Melhor Atriz.

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