Biratan Porto deixa legado para a cultura paraense
Artista foi um precursor do cartunismo ambiental no mundo
É difícil determinar qual é o legado que o jornalista Biratan Porto, de 71 anos, deixou para o mundo de tantas influências na arte, na música, no jornalismo e no ambientalismo. Biratan faleceu ontem (10) após uma luta por dois anos contra um câncer. Os efeitos da pandemia do novo coronavírus com o isolamento social também atingiram o chargista de riso fácil, que sempre tinha muitas histórias na ponta da língua nas rodas de cerveja. Mesmo assim, Nazareno Borges Porto, mais conhecido pelos amigos como Bira, lutou até os últimos momentos para manter o humor paraense e fazer a Amazônia ser vista pelo mundo pelos olhos de quem nela mora.
Conhecido internacionalmente com mais de 30 prêmios nacionais e internacionais em salões de humor por charges, cartuns, desenhos e máscaras, Bira levava a Amazônia para todos os países, principalmente por um dos temas que mais gostava de trabalhar – o meio ambiente. Em entrevista para o jornal O LIBERAL, no ano passado, durante o lançamento de uma de suas grandes obras, o livro antológico “Biratan, Um Traço no Tempo. 40 anos de humor & artes visuais”, Bira mostrava como aliava os seus traços a um mundo melhor. “Eu acho que se não houvesse os movimentos ambientais e os cartunistas com o seu trabalho, a coisa estava muito pior no planeta”, avaliou Bira. “Os problemas não são só nossos, são do mundo inteiro”, conclamava.
Foi por esses ideais que Bira se transformou em um dos precursores mundiais do “cartunismo ambiental”. Um dos primeiros a mostrar pela arte diária nos jornais a importância de preservar o meio ambiente, os riscos da destruição da natureza, o embate entre interesses distintos pela floresta, e o quanto o Brasil deveria valorizar figuras históricas que se dispunham a enfrentar a realidade. Os trabalhos de Bira chegaram a vários países como França, Itália, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e México.
Nas páginas dos jornais “A Província do Pará” e “O LIBERAL” Bira produziu um extenso material. Parte deste acervo está reunido nos nove livros que publicou. O último feito em 2020, uma brochura de alta qualidade com 400 páginas foi custeado pelo próprio bolso como uma forma dele reunir uma pequena parte da produção artística para a posterioridade.
Para o amigo e artista J. Bosco, chargista de O Liberal, Biratan era por si só uma escola da arte paraense que todos os cartunistas se inspiraram e tinham como referência durante sua vida. “Eu fui timidamente na Província do Pará mostrar meu trabalho para ele. O Bira me recebeu de uma maneira muito humilde, mostrei meus trabalhos e ele foi me ensinando muitas coisas. Eu fui me aprimorando, comecei copiando o que o Biratan fazia. A gente começa copiando quem a gente admira. A única escola que a gente tinha na época era ele, vários cartunistas copiavam o Biratan Porto da Província do Pará”, relembra.
Por meio de nota, a Prefeitura Municipal de Belém (PMB) e o Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (SINJOR-PA) manifestaram condolências à família e aos amigos de Biratan Porto. “Recebo com tristeza a notícia da partida do amigo Biratan Porto, renomado chargista e jornalista do Pará. Um artista genial, cuja obra era reconhecida em todo o país. Uma perda inestimável. Aos seus familiares e amigos, o meu profundo pesar e minha solidariedade", declarou o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, pelas redes sociais. O SINJOR-PA prestou se solidarizou com a família e amigos e compartilhou as homenagens do cartunista Paulo Emmanuel Silva e do caricaturista Camilo Riani.
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