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Bel Coelho lança livro e documentário sobre alimentação amazônica na COP 30

Obras do projeto “Floresta na Boca” serão apresentadas em Belém e aprofundam a relação entre alimentos, territórios e comunidades da Amazônia.

Gustavo Vilhena*
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A chef Bel Coelho lança, neste fim de semana, um livro (sábado, 15) e um documentário (domingo, 16) que integram o projeto Floresta na Boca, iniciativa dedicada a ampliar o entendimento sobre os sistemas alimentares da Amazônia. As obras serão apresentadas durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém.

O projeto surgiu do interesse da chef em compreender não apenas os ingredientes brasileiros presentes em seus menus, mas também a origem, a geografia e as relações que estruturam as cadeias produtivas. Segundo ela, cada fruto, castanha, peixe ou farinha carrega o trabalho de agricultores familiares, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas que mantêm a floresta em pé e preservam a cultura alimentar brasileira.

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A iniciativa resulta de uma expedição realizada no Pará por Bel Coelho, que comanda os restaurantes Clandestina e Cuia. A jornada contou com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar formada pela diretora executiva Marina Aranha e pelo ecólogo Jerônimo Villas-Bôas. O percurso marca o início da proposta de documentar outros biomas brasileiros, como Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.

Expedição pelo Pará e encontros com comunidades

A viagem percorreu territórios que expressam a diversidade ecológica e sociocultural da Amazônia. O Pará foi escolhido como ponto de partida por concentrar diferentes realidades ambientais. O trajeto incluiu Altamira, Belém e Santarém, com visitas a comunidades que trabalham com quatro ingredientes emblemáticos da região: açaí, cacau, castanha-do-brasil e mandioca.

Os principais rios visitados — Baixo Tocantins, Xingu e Tapajós — dão nome aos capítulos do livro. A obra reúne ainda um glossário com 62 ingredientes do bioma, fotografias de Carol Quintanilha e Lari Lopez, texto da jornalista Janaina Fidalgo, ilustrações de Marina Aranha e projeto gráfico da Claraboia. O prefácio é assinado pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

Práticas sustentáveis e desafios enfrentados por comunidades

Durante a expedição, a chef conheceu iniciativas consideradas referências de sustentabilidade, como a casa de farinha da família Damasceno, no Quilombo Espírito Santo do Itá, em Santa Izabel do Pará, onde o cultivo de mandioca sustenta cerca de 50 famílias. Ela também visitou o Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) da Gleba Lago Grande, entre os rios Amazonas e Arapiuns, que reúne mais de 6.600 famílias distribuídas em 153 comunidades.

Outro destaque foi a região da Transamazônica, especialmente Medicilândia, onde a produção de cacau se consolidou e deu origem ao cacau fino, fermentado e de qualidade reconhecida nacional e internacionalmente. A área abriga a fábrica Cacauway, da Coopatrans, responsável por amêndoas premiadas.

Reflexões sobre monoculturas e soberania alimentar

A viagem também trouxe debates sobre os impactos da intensificação do cultivo de açaí na região, processo conhecido como “açaização” da Amazônia. A expansão de monoculturas vem alterando ecossistemas e afetando a soberania alimentar de comunidades ribeirinhas, que passaram a pagar caro por um alimento antes produzido localmente.

Entre os relatos reunidos está o de Vanildo Ferreira Quaresma, extrativista e presidente da Cofruta (Cooperativa de Fruticultores de Abaetetuba), que destaca a importância do açaí para sua subsistência desde a infância. O livro reúne ainda depoimentos de outros seis agricultores, extrativistas e ribeirinhos, como Raimunda Rodrigues, da Resex Rio Novo, que relatou a ausência da castanha neste ano — fato inédito em sua trajetória no território.

(*Gustavo Vilhena, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Abílio Dantas, coordenador do núcleo de Cultura)

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