Lula no Pará: inaugurações, principais falas e polêmicas; saiba tudo sobre a visita do presidente
Presidente esteve em Breves e Belém, lançou obras, criticou preconceito contra a COP, afirmou torcer para o Paysandu e anunciou linha de crédito habitacional

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Pará, nos dias 2 e 3 de outubro, teve como foco central o fortalecimento de políticas públicas no Arquipélago do Marajó e a vistoria de obras estratégicas em Belém para a 30ª Conferência das Partes (COP 30), da Organização das Nações Unidas (ONU), que será realizada em novembro de 2025. Acompanhado por ministros e pelo governador Helder Barbalho, Lula destacou investimentos sociais e reafirmou o compromisso com o legado da COP para a capital paraense.
No primeiro dia da viagem, o presidente esteve em Breves, na Ilha do Marajó, onde inaugurou a creche Professor Afonso Brito da Cruz, obra paralisada desde 2011 e concluída na atual gestão. Ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana, Lula também autorizou a retomada de sete obras educacionais, reforçando o compromisso com a educação infantil, o transporte escolar e a escola em tempo integral.
Lula critica paralisação de obras e defende universidade no Marajó
Durante discurso em Breves, Lula condenou a interrupção de obras públicas por motivações políticas, afirmando que "muitos gestores deveriam ser presos por irresponsabilidade" ao deixarem projetos inacabados. O presidente também defendeu a criação da Universidade Federal do Marajó, desde que haja viabilidade técnica, e prometeu levar energia elétrica a todas as casas da região.
De volta a Belém, a agenda da tarde de quinta-feira (2) foi marcada por entregas de infraestrutura. Lula participou da inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Una, a maior do tipo no estado e uma das mais modernas da Amazônia. Com R$ 134 milhões em investimentos, a unidade atenderá mais de 300 mil pessoas e contribuirá para a despoluição da bacia do Una.
Entregas em Belém incluem Parque da Nova Doca e críticas ao preconceito
O presidente também inaugurou o Parque Linear da Nova Doca, na avenida Visconde de Souza Franco. Durante a cerimônia, elogiou a obra e a comparou a estruturas de países desenvolvidos. Na ocasião, Lula e Helder Barbalho criticaram o "preconceito histórico" contra Belém sediar a COP 30. O presidente afirmou que a escolha é soberana e não deve satisfações a outras nações.
Helder Barbalho agradeceu à primeira-dama Janja Lula da Silva por sua atuação na candidatura de Belém na COP 27, no Egito, e destacou que o foco das obras não é apenas o evento, mas o legado duradouro para a cidade.
Vistorias e cultura amazônica marcaram a sexta-feira (3)
A sexta-feira (3) começou com a vistoria às obras de macrodrenagem e urbanização do Canal da União, que integra a Bacia do Tucunduba. A intervenção busca reduzir os alagamentos em bairros como Marco, Guamá, Terra Firme e Canudos. O governador Helder Barbalho ressaltou que o projeto vai além da intervenção no canal, incluindo pavimentação de ruas, drenagem de água e tratamento de esgoto, com o objetivo de transformar a infraestrutura urbana e melhorar as condições de vida dessas comunidades. Em seguida, Lula conferiu o Porto Futuro II, um complexo cultural e de lazer de 50 mil m² que está em fase de conclusão. O espaço reúne cinco armazéns históricos restaurados e abriga o Museu das Amazônias, que terá a exposição "Amazônia", de Sebastião Salgado, além de áreas dedicadas à gastronomia e à bioeconomia.
O ponto alto da tarde foi a vistoria ao Parque da Cidade, considerado o principal palco da COP 30 e a maior intervenção urbana em Belém no último século. O espaço de 500 mil m² foi planejado para abrigar a Zona Azul, destinada às negociações oficiais, e a Zona Verde, aberta ao público. O projeto inclui cinema, teatro, biblioteca e tecnologias sustentáveis, como energia solar fotovoltaica e captação de água da chuva. O secretário-geral da COP 30, André Corrêa do Lago, elogiou a estrutura, classificando-a como a melhor já elaborada para uma Conferência do Clima. A visita ao Parque encerrou a agenda de Lula em Belém na sexta-feira.
Nova linha de crédito habitacional e entrevista ao Grupo Liberal
O presidente anunciou o lançamento de uma nova linha de crédito para reformas em residências de famílias que já possuem casa própria. A Caixa Econômica Federal deverá liberar os recursos em até 30 dias para obras como construção de banheiros e quartos.
Durante entrevista ao vivo ao Grupo Liberal, Lula reafirmou a meta de desmatamento zero até 2030, cobrou o cumprimento de compromissos financeiros de países desenvolvidos e classificou a COP 30 como "a COP da verdade". Ele reforçou que "o mundo rico tem que pagar" pela dívida ambiental.
Episódio tenso, expectativa com a hospitalidade paraense e torcida pelo Paysandu
O presidente também revelou um episódio pessoal: um problema no motor de uma aeronave da FAB, ainda em solo paraense, que poderia ter provocado um incêndio. Em agradecimento, visitou a Basílica Santuário de Nazaré. Lula encerrou a visita garantindo que Belém fará "a melhor COP da história", exaltando a cultura e a hospitalidade local. Ele confirmou o envio de convites a líderes como o Papa Francisco, Donald Trump e Xi Jinping.
Na manhã desta sexta-feira (3), em um momento de descontração com a imprensa, a repórter de O Liberal.com, Gabi Gutierrez, abordou o Chefe do Executivo, perguntando para qual time torcia. Em resposta, o presidente afirmou "ser Paysandu".
"Para qual time o senhor torce, presidente?", perguntou a repórter. Ele responde: "Sou corintiano", mas indaga: "Para quem você quer que eu torça?". A jornalista responde: "Paysandu, claro". O político finaliza: "Então eu sou Paysandu".
Principais falas de Lula em Belém durante a agenda da COP 30
- Sobre a COP 30 e a ambição global
- “Eu participo de COP desde 2009 e nós vamos fazer a melhor COP da história das COP”.
- “Eu quero que os chefes de Estado venham aqui. Eu mandei carta para todos os presidentes do mundo, até para o Papa”.
- “Eu quero que essa COP fale com o mundo”.
- A COP 30 será “a COP da verdade”.
- “Essa COP vai definir o comportamento dos líderes mundiais”.
- “Se a gente não fizer as coisas adequadas, a sociedade começa a perder a confiança”.
- “A COP já está garantida”.
- Sobre o clima e a responsabilidade dos países ricos
- “O mundo rico tem que pagar, porque é o responsável maior pelo lançamento de gases poluentes na atmosfera”.
- “O Brasil não deve nada a nenhum país e é soberano na tomada das suas decisões”.
- “Até hoje [o dinheiro de US$ 100 bilhões prometido em 2009] não saiu. Quem não cumprir tem que ser punido”.
- “A meta é clara: até 2030 teremos desmatamento zero na Amazônia”.
- “Ninguém vai conseguir bater o Brasil se tratando de transição energética no mundo”.
- “Nós somos o país que vai ter energia mais limpa no planeta”.
- “Está nas nossas mãos a responsabilidade de cuidar da nossa casa”.
- Sobre cultura, hospitalidade e preconceito
- "Sou Paysandu"
- “Quero que estrangeiros aprendam a dançar carimbó”.
- “Além de comer bem, de ser picado por carapanã, quero que aprendam a comer filhote”.
- O diferencial de Belém será o “acolhimento de seu povo”.
- “Tenho certeza que o mundo vai ficar de boca aberta com a qualidade dos homens e mulheres de Belém”.
- Em relação aos altos preços de hospedagem: “o luxo será compensado pelo amor do povo do Pará pelas ruas”.
- O presidente criticou o “preconceito” contra Belém ser sede da COP 30, mas disse que isso está “vencido”.
- Sobre a Nova Doca: “na França, nos Estados Unidos, não tem um canal desse”.
- Sobre investimentos, saneamento e legado
- “É o maior investimento da história do estado. Não por causa da COP, mas por causa do PAC. São R$ 45 bilhões, sendo R$ 6 bilhões apenas do governo federal”.
- Sobre a ETE Una: “eu vejo isso como uma revolução”.
- “O saneamento é política pública de saúde e dignidade”.
- “Quando a COP 30 terminar, os estrangeiros vão embora, mas a cidade vai ficar. E as obras que estão sendo feitas agora vão permanecer para melhorar a qualidade de vida do povo de Belém”.
- Sobre crédito habitacional: “mesmo o cara não quer comprar uma casa, mas ele quer fazer um banheiro novo, ele quer fazer um quarto pra sua filha que vai nascer. O programa é para isso”.
- No Marajó: “Eu quero colocar luz em todas as casas”.
- Críticas a obras paralisadas
- “Eu acho que muitos administradores públicos deveriam ser presos por irresponsabilidade. Porque quando você deixa uma obra paralisada porque foi um adversário que começou a fazer a obra, você não está tendo nenhum respeito pelo povo da sua cidade”.
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