Epstein-Barr: entenda o que é o vírus que Anitta pegou
O assunto ganhou visibilidade após a cantora afirmar que foi diagnosticada com o vírus há dois meses
A mononucleose infecciosa, também chamada popularmente de “doença do beijo”, é uma infecção causada pelo vírus Epstein-Barr, que pode contribuir para o surgimento de outros quadros, conforme alertam especialistas. O assunto ganhou visibilidade após a cantora Anitta afirmar que foi diagnosticada com o vírus há dois meses. A artista abriu o jogo sobre o caso no último sábado (3), em meio ao lançamento do documentário "Eu", produzido pela atriz Ludmila Dayer para falar da própria luta contra a esclerose múltipla, após contrair o vírus.
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Como é a transmissão do vírus Epstein-Barr
A infectologista Helena Brígido, de Belém, explica que, apesar da infecção ser chamada de “doença do beijo", o nome é difundido de forma errônea, já que o vírus transmitido por meio do contato com a saliva. Ela explica que a transmissão geralmente ocorre em pessoas adolescentes e adultos jovens que ainda não tiveram contato com o microorganismo.
“O período de transmissão ocorre desde o período de incubação (tempo entre adquirir o vírus e apresentar os primeiros sinais e sintomas) e pode ser mantido até 45 dias. A transmissão ocorre por contato direto com saliva, transfusão de sangue. Mesmo sem sintomas, a pessoa infectada transmite o vírus”, detalhou Helena com relação à transmissão.
Sintomas da infecção pelo vírus Epstein-Barr
- Febre,
- tosse,
- dor de cabeça,
- dor na garganta,
- gânglios (ínguas) palpáveis disseminadas,
- dor muscular,
- náuseas,
- aumento do volume abdominal por aumento do fígado e baços.
Tratamento contra o Epstein-Barr
De acordo com a especialista, em grande parte dos casos, a mononucleose apresenta sintomas e a evolução geralmente é para a cura. A doença produz imunidade total, ou seja, quem adquiriu fica imune por toda a vida.
“A evolução é de regressão dos sintomas ao longo das semanas. O tratamento é de medicamentos para os sintomas e repouso, boa alimentação, hidratação”, frisou a infectologista Helena Brígido.
Mononucleose evolui para outros quadros
A doença requer atenção, já que, até o momento, não existe vacina para que proteja contra a mononucleose. E, ainda, não há medicação específica para o vírus. Segundo o infectologista Alessandre Guimarães, de Belém, a doença é uma das viroses mais difundidas no mundo. Ele aponta que cerca de 95% das pessoas contraem até a idade adulta.
“Casos mais graves podem ocorrer e levar o indivíduo a desenvolver pneumonites virais, podendo agravar, inclusive ocasionando Síndrome Respiratória Aguda Grave, advindo necessidade de cuidados críticos, mas é algo muito, muito raro, assim como a correlação com outras doenças onco-hematológicas, como alguns tipos de linfomas (linfoma de Hodgkin)”, afirmou Alessandre Guimarães.
Mononucleose infecciosa e esclerose múltipla
O caso da cantora Anitta ganhou repercussão após ser difundido que a mononucleose infecciosa pode causar esclerose múltipla, uma doença neural em que o sistema imunológico agride a bainha de mielina que recobre os neurônios. No entanto, o especialista alerta que nenhum estudo comprova essa afirmação.
“Não existe nenhum estudo que comprove que a mononucleose cause esclerose múltipla. Essa suspeita veio de um único estudo feito nos Estados Unidos com um “n” número de pacientes. Muito grande: dez milhões. Em um período bem dilatado: 20 anos. Destes, 955 foram diagnosticados com esclerose múltipla. Porém, o estudo foi feito apenas em militares americanos e para uma doença que se sabe que acomete acima de 95% dos indivíduos, a mononucleose, então não haveria uma correlação e sim uma casualidade”, disse o médico.
Como se prevenir do vírus Epstein-Barr
O Epstein-Barr é considerado um vírus de fácil propagação, como admite Alessandre. E, por isso, o médico avalia que há certa dificuldade em aplicar medidas eficazes de prevenção. Por outro lado, algumas atitudes básicas no dia a dia são essenciais e recomendadas.
“Mesmo que o indivíduo use máscara a vida inteira, vai haver um momento ou casualidade que esta pessoa irá se expor, e, então, se tornar suscetível ao vírus e contrair a doença. Não havendo um mecanismo de 'bloqueio'. Em geral, em tese, seria usar máscaras, evitar aglomerações, higienizar as mãos e não compartilhar objetos como talheres e copos de alguém sabidamente infectado”, alertou.
“O ideal é o diagnóstico precoce e o isolamento do indivíduo doente durante a fase de transmissibilidade que pode durar quatro semanas ou um pouco mais, em alguns casos menos responsivos”, complementou Alessandre Guimarães.
(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão do coordenador do Núcleo de Atualidades, João Thiago Dias)
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