Lixão do Aurá ainda registra focos de fumaça e de incêndio
Moradores reclamam que a fumaceira continua causando problemas respiratórios nas crianças e adultos
A Redação Integrada de O Liberal constatou, na manhã desta sexta-feira (30), que ainda há focos de fumaça e de incêndio no lixão do Aurá, nos limites entre os municípios de Belém e Ananindeua. A área visitada pela reportagem fica na comunidade Santana do Aurá, bem em frente ao prédio da escola municipal Santana do Aurá, da Prefeitura de Belém. Os moradores dessa comunidade continuam reclamando da fumaça, que, segundo eles, começou há mais de duas semanas. Eles relatam problemas respiratórios e afirmam que a situação piora a partir das 18 horas.
A reportagem também verificou que, apesar da fumaça, os catadores continuam trabalhando normalmente no local, retirando materiais que garantem o sustento deles. Na área visitada pela reportagem, por volta das 11 horas, não havia militares do Corpo de Bombeiros. Mas havia um caminhão-pipa da prefeitura na área.
Maria Gorett Maia Silva, 42 anos, mora próximo ao lixão. Ela disse que o filho dela, de três anos, tem tossido muito por causa da fumaceira. “Esse menino aqui não consegue dormir de noite. Olha como ele está cansado. É por causa da fumaça. De noite pega fogo. Muito fogo”, disse.
VEJA MAIS
Para melhorar o ambiente, moradora abre a janela e liga o ventilador
Na hora da entrevista, a criança tossiu. "Só mora nós dois em casa. Se um ficar gripado, o outro fica também. Eu também estou com tosse”, afirmou ela, que reside na rua São Cristóvão, na comunidade Santana do Aurá. “Eu trabalhei em cima desse lixo aí seis anos, mas, hoje em dia, eu bato açaí. Moro aqui desde os meus 16 anos”, contou Maria Gorett.
A catadora Vera Lúcia Gomes da Rocha, 53 anos, também se queixou da fumaça, que começa a incomodar os moradores a partir das 18 horas. “Nos meus dois netos deu tosse, gripe, falta de ar”, contou.
Um deles tem sete anos e a outra, apenas um ano de idade. Também afetou a filha dela, que tem 30 anos e problemas respiratórios. Vera Lúcia disse que, para melhorar o ambiente, abre a janela ou, então, liga o ventilador.
Catadores dizem que tiram o sustento do lixão
A reportagem conversou com os catadores. Um deles, que trabalha no local há cinco anos e preferiu não ser identificado, disse que eles retiram da área cobre, ferro e alumínio. Esse material é vendido nas sucatarias, cujos responsáveis pagam, aos trabalhadores, 70 centavos por quilo. Eles dizem que já estão habituados à fumaça. E que, quando a fumaceira estava mais intensa, usavam máscaras.
Para realizar esse trabalho, eles precisam escalar uma espécie de paredão. É preciso saber onde pisar para não cair. Ao ser perguntado sobre a técnica que usam, um deles, brincando, disse: “Tem que ser artista”.
Os trabalhadores também deixaram claro que não são eles que causam esse incêndio no lixão. “É o sol muito forte que pega nesse material, no plástico, e pega fogo”, afirmou outro catador. “A gente precisa daqui”, afirmou.
Aproximadamente 200 pessoas ainda trabalham no lixão do Aurá e a fumaça atinge diretamente em torno de 500 famílias, totalizando duas mil pessoas. É o que informou, no dia 19 deste mês, Sofia Paz. É o que informou, nesta segunda-feira (19), Sofia Paz. Ela integra o “Pará Solidário”, um grupo organizado da sociedade civil que ajuda a comunidade de catadores do lixão do Aurá e existe desde junho de 2019.
Sesan informa que segue combatendo os focos de incêndio
A Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) informou que segue combatendo os poucos focos de incêndio ainda existentes no aterro sanitário do Aurá. Estão em uso no local dois veículos de hidrojatos, dois carros-pipa e uma escavadeira. A Secretaria informou ainda que o Corpo de Bombeiros Militar do Pará e órgãos de vigilância e controle continuam fazendo o acompanhamento da situação.
O Corpo de Bombeiros Militar do Pará e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil informaram que não há nenhum registro de incêndio na área do Aurá. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) afirmou que está monitorando o caso em parceria com o Corpo de Bombeiros.
Em nota atualizada, a Sesan informou que os pontos de calor ainda existentes, acima da temperatura habitual, estão sob os resíduos. Por esse motivo tem uma escavadeira no local, para revirar a camada de materiais e os hidrojatos e carros pipas resfriarem. Por tanto, não há divergência entre a nota do corpo de Bombeiros e da Sesan.
Além da Sesan, os órgãos envolvidos no monitoramento da situação são: O próprio Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA), Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmas) e Divisão Especializada em Meio Ambiente e Proteção Animal (Demapa).
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA