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Havan faz nova inauguração em Ananindeua, após loja fechada no Círio por crime contra saúde pública

Novo estabelecimento da rede será a 2° maior loja do País, gaba-se Luciano Hang. Na véspera do Círio, inauguração na Augusto Montenegro registrou tumultos e loja chegou a ter portas cerradas pela polícia

Lázaro Magalhães e Pablo Costa

Foi aberta na manhã desta quinta (10), em Ananindeua, a mais nova unidade da rede de megalojas que chegou a ter um de seus estabelecimentos fechados por crime contra a saúde pública - após tumultos e aglomerações registrados em programação de inauguração realizada em outubro passado, na avenida Augusto Montenegro, em Belém. Na época, o ocorrido teve repercussão nacional negativa, levantou polêmicas e chamou a atenção pela falta de fiscalização de órgãos públicos frente a quebras de protocolos de proteção contra a covid-19 e pelo franco desrespeito a decretos estaduais publicados contra a proliferação do coronavírus no Pará. As imagens das aglomerações ganharam as redes sociais. Reveja:


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Ao lado de Hang, poder municipal comemorou inauguração


A abertura da nova unidade da rede de megalojas - o quarto estabelecimento da Havan no Pará - foi anunciada em tom de comemoração, nesta quarta-feira (9), por postagens simultâneas feitas nas redes sociais do empresário Luciano Hang, dono da rede, e também do atual prefeito de Ananindeua, Manoel Pioneiro, e do novo prefeito eleito do município, Doutor Daniel.

A megaloja fica no quilômetro 8 da BR-316. A reportagem de O Liberal acompanhou a abertura da loja, por volta das 9h, e constatou que nenhum registro de aglomeração ou tumulto foi notado dessa vez. A manhã foi tranquila e o movimento modesto. 

"Já estamos na contagem regressiva para a Havan de número 153, em Ananindeua, no Pará. Estou extremamente feliz em inaugurar mais uma megaloja neste estado tão especial. Agora temos quatro filiais para receber o povo paraense. Me sinto privilegiado por poder abrir lojas, oferecer emprego e renda no Pará, que sempre nos acolhe de maneira tão alegre e gentil", disse em postagem em suas redes sociais o empresário Luciano Hang.

 

Na época, o governo do Estado do Pará chegou a confirmar que a Polícia Militar do Pará acompanhou uma operação realizada no local, após denúncias, que tiveram grande repercussão negativa nas redes sociais.

Por sua vez, a Polícia Civil do Pará chegou a intimar o representante do estabelecimento para prestar esclarecimentos. Por causa do tumulto causado pela abertura dessa primeira unidade da Havan em Belém, a loja foi autuada por crime contra a saúde pública, de acordo com o artigo 268 do Código Penal Brasileiro - cuja pena varia entre um mês e um ano de detenção, além de multa.

"O gerente foi conduzido à Seccional da Marambaia, pelo não cumprimento das regras previstas pela OMS", disse o governo do Estado na época. Segundo informou ainda a secretaria de saúde do Pará, a responsabilidade pela fiscalização no local era da Prefeitura de Belém. "Mas como o poder Público municipal não se manifestou, a Sespa enviou ao local uma equipe da Vigilância Sanitária", disse a Secretaria Estadual de Saúde do Pará (Sespa) durante o episódio de outubro.

A Sespa confirmou ainda, após a ocorrência, que uma equipe da Vigilância Sanitária Estadual que estava em campo, para fiscalizar as atividades do Círio de Nazaré, chegou a precisar ser deslocada para a avenida Augusto Montenegro, para agir contra a emergência motivada pelo tumulto da inauguração.

Fiscalização frágil facilitou tumulto de outubro


Procurada também na época pela redação integrada de O Liberal, justamente para comentar o episódio, onde foram flagradas várias violações dos protocolos contra a covid-19, a Prefeitura Municipal de Belém chegou a declarar que a ocorrência de grande aglomeração e tumulto no estabelecimento inaugurado na Augusto Montenegro, foi "um evento privado", e que a responsabilidade de "contenção e distanciamento das pessoas" era dos administradores da empresa. 

 

 

A Prefeitura Municipal de Belém também ressaltou, à época, que "todos devem cumprir o Decreto n° 95.955/2020, que autoriza a aplicação de multas e advertências no caso de descumprimento". Porém, o poder público municipal não citou se tomaria providências, e limitou-se a comentar que "todas as autoridades públicas municipais que tiverem ciência do descumprimento das normas deste Decreto deverão comunicar os órgãos de segurança, que adotarão as medidas de investigação criminal cabíveis".

Em outubro, ao comentar o episódio, e em respostas a críticas feitas também pelo governo do Estado do Pará contra o tumulto da inauguração na Augusto Montenegro, o empresário Luciano Hang chegou a declarar, em suas redes sociais, que o ocorrido no Pará foi motivado "pelo amor" dos paraenses à rede de megalojas.

Sespa diz que monitora abertura


A redação integrada de O Liberal procurou a Prefeitura Municipal de Ananindeua e a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) para saber que providências foram tomadas pelos órgãos de fiscalização e de gestão para evitar que as cenas de desrespeito à saúde pública registradas em outubro deste ano se repitam.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou, por sua vez, que a responsabilidade da fiscalização da abertura da loja e do respeito às normas sanitárias na pandemia "cabe ao município de Ananindeua", mas adiantou que "a secretaria, por meio da Vigilância Sanitária, monitora o caso".

Por sua vez, a Prefeitura Municipal de Ananindeua (PMA) disse que "se reuniu com a equipe da Havan para apresentar a planilha de ações, para não haver aglomerações", e que "apresentou o decreto que trata das normas de proteção".

A Prefeitura de Ananindeua também afirmou que a equipe da prefeitura esteve pela manhã acompanhando a  inauguração, e disse que "nenhum tumulto ou fila foram encontrados".

A rede de megalojas Havan também foi acionada para comentar, mais uma vez, que providências foram tomadas para que a nova inauguração não desrespeitasse protocolos contra a covid-19, os decretos estaduais e as normas sanitárias vigentes.

Em resposta dada à reportagem logo no início desta manhã, a rede de megalojas disse que não iria se manifestar sobre a abertura do novo estabelecimento em Ananindeua. Também não comentou inicialmente o pedido da reportagem de detalhamento das medidas tomadas contra a covid-19. "Não haverá abertura para o público com cerimônia, nada. Somente vai abrir as portas", limitou-se a informar, a princípio, a assessoria da Havan.

Havan diz que segue mesmos protocolos em todo País


Em uma segunda nota, encaminhada  à redação integrada de O Liberal já ao final da manhã, e ainda tratando sobre a inauguração ocorrida nesta quinta-feira (10), em Ananindeua, a rede varejista afirmou que "todos protocolos e normas sanitárias vigentes estão sendo respeitados, assim como tem sido feito em todas as demais megalojas do país".

Segundo afirmou a Havan, as medidas são as mesmas que foram tomadas na inauguração da megaloja de Belém, no mês de outubro. Sobre esse episódio, a Havan disse que a rede não teria como prever "a presença tão expressiva da população". A rede disse ainda que "é importante ressaltar que não existe nenhum decreto ou legislação vigente impedindo que empresas cresçam e gerem desenvolvimento para o país". 

Segundo afirmou a Havan sobre a abertura da loja em Ananindeua, "justamente para não gerar aglomerações, não houve a tradicional abertura das portas pelo dono do Havan, Luciano Hang e o funcionamento da megaloja iniciou mais cedo que o anunciado". A rede de megalojas disse que a "ação de motivação com a equipe com o Hang foi realizada um dia antes, com as portas do estabelecimento fechado e com todos colaboradores fazendo uso de máscaras e cumprindo os demais protocolos de segurança".

Ainda em seu comunicado, a Havan reiterou que "se sente muito feliz em poder inaugurar a sua 4ª megaloja no Estado do Pará", e que a Havan de Ananindeua "foi tão bem recebida pela população paraense, que recebemos mais de 34 mil currículos de interessados para atuarem em nossa loja, a qual gerou 150 empregos diretos e pelo menos, outros 750 indiretos". 

A nota também fez críticas à cobertura do jornal O Liberal para o episódio ocorrido em outubro: "Como afirma o dono da Havan, Luciano Hang, 'é preciso cuidar da saúde, se descuidar da economia'. O Brasil já sofre com muitos problemas e é lamentável que veículos de imprensa, como este referido jornal, não vejam com bons olhos iniciativas como a Havan de garantir a dignidade para as pessoas por meio do trabalho".

Belém