Funcionários e usuários denunciam falta de insumos no Hospital Veterinário de Belém

Segundo relatos, os funcionários têm feito coleta de dinheiro para fazer a manutenção do local

Laís Santana

Desde a última terça-feira (22), o Hospital Veterinário Dr. Vahia passou a atender apenas casos de emergência, que envolvam risco de morte do animal, de acordo com a classificação mundial de risco. Além das mudanças no formato de atendimento, o procedimento de triagem dos animais passou a ser realizado no horário de 7h30 às 12h, já consultas e exames seguem sendo realizados mediante agendamento prévio por telefone. De acordo com a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), as alterações são temporárias e foram estabelecidas para reorganizar fluxos internos nos procedimentos de assistência aos animais. Contudo, funcionários e usuários denunciam a superlotação do local, falta de insumos para curativos e cirurgias, e falta de repasses para empresa terceirizada de limpeza.

Em frente ao hospital foi instalada uma tenda onde os usuários aguardam a primeira triagem, onde são apresentados os documentos de identificação e comprovante de residência, e distribuídas senhas. Após a primeira etapa, os tutores são chamados por ordem para preencher uma ficha de atendimento e em seguida aguardam, junto ao animal de estimação, pela consulta médica.

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Tutora do Galvão, um felino de 1 ano, Josiete Furtado, moradora do bairro do Una, se deslocou até o Tapanã para que o gato seja consultado. No sábado (26), a dona de casa também buscou atendimento para o animal de estimação no hospital após o bichano apresentar obstrução urinária e conta que chegou ao centro de saúde animal às 9h e saiu às 17h “porque tinham poucos funcionários”, relata. 

"O atendimento aqui logo no começo era bom e era rápido, mas agora quando a gente chega eles demoram porque eles estão sobrecarregados lá dentro, tem muita gente. Aqui fora tem muita gente, lá dentro tem muita gente, pra consulta tem muita gente. Na hora da triagem eu falei o estado do meu gato e o veterinário disse que era caso de emergência, agora eu tô aguardando pelo atendimento, mas já sei que hoje não tenho previsão pra sair daqui”, afirma Josiete.  

A vendedora Ane Cristina Ribeiro trabalha todos os dias com a venda de água, refrigerantes e comida em frente ao hospital veterinário, e acompanha de perto a rotina dos usuários e funcionários. Ela afirma que a equipe faz o que pode pelo atendimento aos animais, mas não tem as condições adequadas de trabalho. 

“O problema não é de funcionários, até porque eles fazem o que pode, o problema é a dificuldade com relação a material. Faz um bom tempo que a Prefeitura não está mandando material, por exemplo, pra fazer o trabalho de ortopedia, aí o animal acaba sendo transferido porque não tem como. É triste a pessoa chegar com o animal com a pata quebrada, sem condições financeiras, aí mandam pra Ufra e chegando lá tem que pagar uma parte do procedimento no dinheiro. Aqui não, as pessoas vêm porque é de graça e porque precisam, mas não tem material”, destaca. 

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Nas redes sociais, internautas também comentam sobre o atendimento no hospital veterinário. “Prefeitura de Belém, acabei de presenciar aqui no H.V.M. Dr. Vahia uma tutora indo embora chorando porque não tinha material para o procedimento que animalzinho dela precisava para continuar vivo. Parabéns!”, escreveu uma usuária.

image O procedimento de triagem dos animais está ocorrendo no horário das 7h30 às 12h e só estão sendo permitidos entrar na unidade casos emergência, que envolvam risco de morte, de acordo com a classificação mundial de riscos (Ivan Duarte / O Liberal)

“Estão vindo alguns porque a gente faz coleta pra pagar as diárias deles e comprar material”

Outro problema denunciado pelos usuários e funcionários é a falta de pagamento da empresa responsável pela manutenção do prédio, o que já ocasionou a demissão de funcionários terceirizados. “A Prefeitura não está repassando o dinheiro para Sesma pagar os funcionários que são da empresa terceirizada. O que acontece, ela (diretora) está tirando do bolso dela para pagar a diária de alguns funcionários da limpeza pra vir fazer a manutenção do hospital”, declara Ane. 

Uma funcionária do hospital veterinário, que não será identificada para evitar represarias, conversou com a equipe de reportagem de O Liberal e informou que todos os funcionários terceirizados foram cortados. “Estão vindo alguns porque a gente faz coleta pra pagar as diárias deles e comprar material. Nem o material pra fazer limpeza está vindo”, afirma. 

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Com relação aos insumos para atendimento dos animais, a funcionária pontua que toda a equipe trabalha com dificuldades. "Tem bem pouco material, mas no possível que dá vamos atendendo. A gente pede na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), às vezes eles mandam pra ajudar, mas estão saindo as cirurgias e atendimentos, tem vezes deixamos pra atender aquele mais grave. Até agora não recebemos nenhum tipo de repasse de material da prefeitura, a situação está cada vez mais difícil, enquanto o volume de atendimento só aumenta.”

O que diz a Prefeitura de Belém

Em nota, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), informou que os atendimentos no Hospital Veterinário Dr. Vahia, no Tapanã, em Icoaraci, seguem normalmente.

"O que houve foi uma alteração temporária no horário de atendimento. O procedimento de triagem dos animais está ocorrendo no horário das 7h30 às 12h e só estão sendo permitidos entrar na unidade casos emergência, que envolvam risco de morte, de acordo com a classificação mundial de riscos. Consultas e exames seguem sendo realizados na unidade, mas mediante agendamento prévio pelo número: (91) 98568-2822. A medida também é uma forma de preservar a saúde de animais que não estão agravados", pontuou a nota. 

A Sesma reforçou, ainda, que as demais denúncias envolvendo, por exemplo, desabastecimento de medicamentos e insumos não procedem.

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